Era Natal e a casa da família McAdams estava cheia.
Não era costumeiro receber tantas pessoas, mas quando Sra. Katherine descobriu que Megan estava namorando o filho dos Faulkner, fez um grande jantar para festejar. Claro, que como todos os anos, a família de Beatrice também estaria presente, o que reunia todos os casais em um só lugar. James passaria as festividades junto da namorada e os três saíram no meio da tarde para a casa de suas família.
- Ai meu Deus, que bom rever vocês! - exclamava Sra. Katherine, abraçando as duas meninas e James, mesmo sem conhecê-lo. Costumava ser amável e alegre todo o tempo, exagerando em algumas ocasiões. Megan acreditava que isso era devido a idade. Sra. Katherine depois dos cinquenta, passou a falar tudo o que vinha na cabeça, o que rendia boas risadas dela e de seu pai.
O Sr. Mark, pai de Megan, esperava a filha na porta de casa, com um sorriso leve nos lábios. O que a mãe tinha de animada o pai tinha de reservado e gostava de ter esse contrapeso em casa. Enquanto a mãe era doce e preferia se defender com palavras, o pai lhe ensinava o jab de esquerda. A primeira vez que acertou um menino foi aos quatro anos e desde então, nunca mais parou. Ganhou a fama de geniosa cedo, o que pode ter dificultado o seu entrosamento. Não que Megan ligue.
- Oi, pai! - disse a menina, abraçando o pai com carinho. O homem a cumprimentou, se oferecendo para carregar a pequena bolsa que a filha havia trazido.
- Não precisa, está leve. - disse, tendo a bagagem tomada das mãos e caminhando atrás do pai, com um sorriso nos lábios. - O que o senhor tem feito? - perguntou, enquanto subiam as escadas.
- Abri uma loja virtual. - contou, fazendo Megan erguer as sobrancelhas em surpresa. - Uau! E o que está vendendo? - perguntou, curiosa. O pai abriu a porta do antigo quarto da garota, colocando a bolsa em cima do pufe.
- De tudo. Principalmente artigos estrangeiros. Tenho um estoque na garagem, se quiser, te mostro depois. - disse o pai, com um sorriso no rosto. Sr. Mark fez um sinal de joia para a filha, antes de deixá-la sozinha. Megan retribuiu e fechou a porta, largando-se na cama antiga. Sentia saudades de permanecer horas naquele quarto, com Dixie ao seu lado. Observando a vista da janela, lembrou-se de quando era criança, correndo atrás da cadela que sempre achava uma forma de escapulir. Riu consigo mesma, começando a abrir sua bolsa.
Beatrice e James naquele momento chegavam a casa da família Evans. A mãe da menina também os aguardava na entrada, praticamente pronta para sair. - Achei que não fossem chegar! - exclamou, correndo na direção do veículo com uma travessa larga em mãos.
- Essa ideia de ceia foi excelente! Espero que Katherine goste do meu pudding. Ela disse que eu era responsável pelas sobremesas esse ano e eu não tive muito tempo para preparar. Coloquei uma moeda dentro, espero que vocês achem! - tagarelava a Sra. Evans no banco de trás, enquanto se dirigiam para a casa de Megan.
- Que maravilha tê-los aqui! - exclamava Sra. Katherine, recebendo os vizinhos. A família Faulkner vinha acompanhada de William, que olhava ao redor em busca de Megan. O cheiro de peru começava a invadir as narinas dos convidados, abrindo apetites. Enquanto a anfitriã levava a família para perto da mesa de quitutes, Megan e Beatrice se escondiam no andar superior, dentro do quarto da mais velha, dividindo uma garrafa de champagne.
- Você sabe que sua mãe deve estar te procurando, né? - perguntou Bea, fazendo Megan assentir com a cabeça e tomar um gole da taça de cristal.
- Sim, mas vou enrolar um pouco mais. Quando o cheiro do peru chegar aqui em cima, eu desço. - respondeu, finalizando a bebida. Colocou mais um pouco de champagne dentro do copo e encarou Beatrice, que estava extremamente bonita.
- Como o James ainda não te pediu em casamento? - perguntou a mais velha, rindo. Beatrice bebericou champagne, balançando a cabeça negativamente. - Não estou com pressa. Enquanto não achar uma nova igreja para casar, não quero nem pensar nisso. - comentou, fazendo Megan rir.
- Porque vocês não casam na Itália? - perguntou, encolhendo os ombros.
- Porque isso é um sonho seu. - retrucou Beatrice, vendo Megan mostrar a língua. A mais nova suspirou, com um sorriso bobo nos lábios. - Quero que seja realmente especial. Claro que antes com o John eu queria o mesmo, mas agora... agora vai! - disse, recebendo uma almofadada.
- Como você é menininha. - brincou Megan, bebendo mais. Beatrice franziu o cenho, pegando a garrafa e a colocando na mesinha do antigo computador. - Porque você me trouxe aqui pra cima com uma garrafa de champagne, Megan? - perguntou, recebendo um olhar significativo.
- Ok, ok... venceu. - respondeu a mais velha, pousando o copo no criado mudo, cruzando os braços. - Você tem razão. Cheguei a conclusão que tenho medo de amar. - reconheceu Megan, desviando o olhar para a janela, incomodada. - Estou aqui pensando que existe uma ótima pessoa lá embaixo e eu não consigo nem mesmo sentir saudade dela. Claro que quero vê-lo, gosto de Bill, mas... não é da forma que eu gostaria de gostar. Eu queria me sentir acelerada, tensa, ansiosa... mas estou aqui, bebendo e fazendo hora. - confessou, suspirando. - Acho que no final, eu mereço é ficar sozinha. - finalizou, se dando por vencida. Beatrice apertou seu braço, lhe passando confiança.
- Você sabe muito bem que não é essa a solução para o seu problema. Para de se enganar e arrumar outros motivos. Enfrenta esse medo, Megan! Vai ficar a vida toda mudando de rota? Você continua com o melhor soco canhoto do secundário! Não é seu feitio fugir! - respondeu a amiga, esperando que a mais velha lhe escutasse. Ficaram em silêncio por alguns instantes, até Megan se levantar e arrumar a saia do vestido. - Vamos, temos uma ceia para destruir. É nessas horas que tenho saudade da Dixie subindo em cima da mesa. - lembrou-se, suspirando e pegando a taça de champagne, com Beatrice ao seu encalço. A mais nova fitava Megan com um semblante preocupado. Ela não daria o braço a torcer.
A ceia foi grande. Com as três famílias reunidas, puderam conversar, comer e confraternizar com todos os parentes, trocando conhecimentos e histórias. Megan pode contar todas as peripécias de Dixie até o final da vida, o que estranhamente não lhe trouxe tristeza. Disse até mesmo sobre a vez que Edwin teve que buscá-la no meio da rua e seu pai sorriu, pois não sabia. Depois, Beatrice e James contaram, em meio a provocações dos parentes, como se conheceram no bar de karaokê e o americano confirmou ter feito tudo de propósito para ser notado. William e Megan também contaram a coincidência de estarem no mesmo local ao mesmo tempo e riram ao lembrar da primeira vez que se falaram, com a narração do fato feita pelas mães dos dois, que agora se divertiam com a história. Trocaram presentes, tiraram fotos e ouviram músicas temáticas até o final da noite, quando voltaram para casa.
Dentro do carro, Megan pensava apenas em uma coisa:
Dixie estaria satisfeita com suas escolhas?
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Megan&Beatrice
ChickLitAmigas. Até hoje não sabem desde quando. Talvez tivessem conversado pela primeira vez na fila do sorvete. Ou enquanto saíam da escola. Nenhuma delas lembrava com exatidão. Tanto Megan quanto Beatrice tinham um momento gravado na memória. Enquanto a...