Conclusões

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CHLOË


Vi mamãe recuar vários passos para trás, e, misturada à alegria, a mágoa me invadiu.

– Mamãe... - arfei, piscando - sou eu...

Mamãe olhava para todos ao redor, aterrorizada, como se esperasse que alguém pudesse lhe explicar o que uma zumbi fazia dentro da comunidade de sobreviventes.

Quando ela olhou para papai, porém, levou as mãos à boca; vi lágrimas embaçarem seus olhos.

– Carl? - a voz de minha mãe não passava de um gemido.

Papai se adiantou, indo em direção à mamãe. Ela recuou mais um pouco.

– Makennah... - papai disse com a voz triste - somos nós.... querida...

Tio Fred olhava chocado para mim.

– Chloë?

Ouvi alguém engatilhar a arma atrás de mim. Balancei a cabeça, amedrontada, para Ryan.

– É a minha família - sussurrei para ele.

Mamãe finalmente deu alguns passos hesitantes na direção de papai.

– Como..? - ela arfou, olhando para Garret que estava ao seu lado - como é possível?

– Nem nós sabíamos que era - Garret deu de ombros - descobrimos não faz nem um dia.

Mamãe voltou o olhar para mim.

– Filha...?

Meus olhos se encheram de lágrimas, o que só assustou mamãe ainda mais.

– Sim, mamãe... sou eu...

Ela fez menção de vir em minha direção, mas tio Fred segurou seu ombro. Mamãe se desvencilhou dele, franzindo o cenho.

– É a minha filha, Freddie. Me solte.

Não aguentei mais. A saudade repentina que invadiu meu coração desgastado me impeliu para frente, jogando-me na direção de mamãe.

Tio Fred engatilhou a arma e a apontou-a para mim, mas mamãe segurou o cano, sem tirar os olhos da filha que vinha correndo até ela.

O abraço foi dolorido, maravilhoso e inevitável.

– Chloë... - ouvi mamãe soluçar em meio aos meus cabelos - está... meu Deus... não parece uma zumbi... eu... achei que...

– Tô bem , mamãe - murmurei - tô bem....

Senti mais alguém nos abraçando. Papai viera se juntar ao nosso pequeno reencontro.

– Carl... - mamãe me soltou para abraçar papai. Papai soluçava feito uma criança, o que me fez sentir uma tristeza enorme no peito. Pobre papai...

Tio Fred havia abaixado a arma, mas ainda observava, embasbacado, seu irmão e sua sobrinha zumbis interagindo com ele e mamãe.

Ryan se adiantou e veio até nós, abraçando minha cintura.

– Senhora Temple... é um prazer - Ryan sorriu, estendendo a mão para minha mãe, que, surpresa, a segurou.

– Foi o jovem Ryan aqui que andou tratando esses zumbis para que recuperassem a humanidade - Garret sorriu - foi ele que encontrou sua filha e seu marido.

Mamãe balançava a cabeça, parecendo incrédula.

– Ryan... - ela franziu a testa - como posso lhe agradecer por fazer esse milagre?

Voltando à ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora