CHLOË
Eu mal acreditava no que havia acontecido.
Na noite anterior, eu havia ido dormir como uma morta-viva. E agora... agora...
Encarei minhas mãos coradas, sentindo vontade de chorar, quando me levantei com Ryan de nosso ninho improvisado.
A minha volta à humanidade já fora aterradora por si só. Mas tudo tomou um caminho inesperado... deliciosamente inesperado.
Não havia nenhuma justificativa para o que aconteceu entre nós dois. Eu simplesmente estava tão feliz por me ver humana outra vez que aquilo causara a necessidade irracional de que tudo acontecesse.
Eu não tinha mais dúvida alguma. Ryan era o garoto da minha vida...
Precisei daquilo como, agora, novamente, precisava do ar para respirar. Precisei de seu corpo, de seus lábios em mim... de tudo aquilo, para expurgar o resto de angústia e de memórias sombrias que ainda restavam em mim.
E Ryan havia sido dão maravilhoso, tão carinhoso, que minha vontade de chorar ao lembrar só aumentava a cada minuto.
Meu coração recém-curado nunca batera tão vigorosamente, antes ou depois da minha morte.
Mas, depois de tudo, eu realmente não esperei receber, após uma manhã já fantástica, um pedido de casamento.
Minha vontade era de gritar, chorar e cantar de alegria.
Não foi fácil contar nenhuma das três - duas, no caso dos meus pais, lógico - novidades que haviam ocorrido comigo naquela manhãzinha.
Minha família, obviamente, pirou quando me viu completamente humana outra vez.
Para minha surpresa, naquela mesma manhã, descobri que papai melhorara inesperadamente. Ainda estava um bocado pálido, e comeu uns dois ou três baços durante o dia, mas estava quase tão bem quanto eu.
Explicarmos para os Baxter e para meus pais que Ryan e eu estávamos noivos é que foi o cão.
– O quê? - arfou papai.
– Alô? Fim do mundo.... eu amo esse garoto... por que esperar? - bufei, revirando os olhos.
– Ah, querida... estamos tão felizes - mamãe sorriu, acotovelando papai. Parecia contente da vida com a novidade.
O que definitivamente me impediu de comentar que já havíamos tido uma nefasta, maluca e inesperada lua-de-mel ali mesmo.
Gail bateu palmas.
– Ah, não creio! Vou ter uma cunhada! - brincou ela.
Pim apareceu, sabe-se lá de onde, no meio das pernas de mamãe, olhando pasmada para mim.
– Cê tá gente di novu? - murmurou, parecendo um bocado na defensiva.
– Sim - ri, me adiantando e afagando os cabelos rebeldes de Pim - e logo, logo, você também vai ser outra vez.
– Com certeza - Ryan surgiu atrás de mim, enlaçando minha cintura e plantando um beijo em meu ombro. Papai olhou feito, mas não comentou nada.
Meu estômago recém-curado ainda não voltara a se acostumar com comida humana, mas eu engoli o almoço da tarde com uma voracidade que assustou Ryan o suficiente para provavelmente lembra-lo de minha fome zumbi. Ele ria e sorria o tempo todo, me fazendo sentir contrações de carinho em minha barriga.
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Voltando à Viver
Aktuelle LiteraturSinopse: Qual é o limite entre a bestialidade e a humanidade? "Eu podia ter me livrado dela. Podia ter dado um tiro na testa dela e meus problemas nem teriam começado. Se eu não fosse tão burro...(...) Se eu não tivesse me apaixonado... (...)" Num m...