Vou abrir a porta, e surpreendo-me ao ver à minha frente o Rúben.
— Vim buscar-vos para irem dar uma volta — diz como se não fosse nada.
— A Mila não está aqui — respondo.
Ele fica atrapalhado e volta a passar a mão no cabelo.
— Se quiseres, podes vir só tu. — Encolhe os ombros e vira-se para mim à espera de resposta.
— Que tipo de proposta é essa? — Faço uma expressão desconfiada e vou acabar de dobrar o uniforme para o guardar no armário. — Nem sei como é que consegues vir ao corredor das alunas sem seres apanhado.
Essa regra foi uma das que a diretora da escola nos disse na apresentação aos alunos. Os rapazes não podem vir ao nosso corredor, e nós não podemos ir ao deles. Se os empregados ou os seguranças apanharem alguém, ligam para os pais e põem-lhe um processo disciplinar em cima.
Apesar de não nos terem dito o porquê, é fácil perceber o motivo dessa regra existir.
— É simples. — Ele olha para os lados, provavelmente a ver se não aparece ninguém, e depois vira-se de novo para mim. — Fiquei à espera que a empregada viesse bater à tua porta e entrasse num dos quartos a seguir ao teu. Não achaste estranho ela obrigar-te a abrir a porta? Só fez isso porque percebeu que estavas no quarto e queria confirmar que não estava mais ninguém contigo.
— Vejo que alguém já anda informado.
— É só para evitar possíveis acidentes, mas se não vieres agora comigo, ou se não me deixares entrar, ela vai acabar por sair do quarto em que está agora e ver-me aqui.
Viro-me para ele. Já não tem o uniforme vestido mas sim umas calças justas brancas, uma t-shirt preta e um casaco de desporto.
— Então, vens ou não?
E, sem saber muito bem porquê, aceito ir com ele.
Saio e tranco a porta, já que a Mila também tem a chave. Depois, corremos juntos para fora do corredor e vamos ter à entrada do edifício. A esta hora são menos as pessoas que estão no pátio, pois a maioria está no refeitório, ou na biblioteca e nas salas de convívio, o que nos ajuda.
Entretanto ficou de noite e só se consegue ver alguns vultos por causa dos candeeiros, e a chuva também parou.
Sinto uma leve brisa a bater-me no rosto e arrependo-me mais uma vez de não ter trazido casaco. Para além disso, a minha camisa branca não está a ajudar com este tempo.
Porquê que tenho casacos, se nunca os levo quando preciso?
— Estamos a ir ter com alguém? — pergunto, enquanto dou um jeito ao meu cabelo que por culpa do vento e da humidade não está grande coisa.
— Quero te mostrar um sítio — diz em voz baixa, à medida que o sigo para trás da escola.
— Espero bem que esse sítio não fique nas tuas calças, ou assim! — digo rapidamente.
Ele ri-se. — Não, não fica. Podes ficar descansada.
Assim que chegamos ao muro, que fica por trás do edifício, ele salta para cima dele e começa a subir a rede.
— O que é que estás a fazer? — Este rapaz só pode ser doido.
— Consegues subir sozinha, ou precisas de ajuda? — pergunta-me já lá em cima.
— Isto não me parece boa ideia. — Será tarde demais para voltar para o quarto?
— Podes vir — diz ele depois de saltar para o outro lado.
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O Mistério do Internato
Mystery / ThrillerDaniela vê-se aos 16 anos obrigada a emigrar para Inglaterra e a estudar num internato. Porém, no meio de novas amizades, novas paixões e revelações, percebe que há algo de diferente naquele lugar. E tudo passará a ser posto em causa a partir do mom...