Capítulo 7

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O que ele me disse não me sai da cabeça durante toda a manhã.

— Conta lá aquilo que se passou de manhã. Foste ter com algum rapaz? — pergunta-me a Mila, já na fila para o almoço.

— Sim... mais ou menos. — Tento não lhe contar tudo. Sei que posso confiar nela, mas preciso de tempo para pensar nisto.

— A sério? Alguém da tua turma?

— Não, não é da minha turma.

— Mais velho? Mais novo? Não vais dizer que é o meu irmão, pois não?

— Nada disso, não foi pelos motivos que estás a pensar. Só precisávamos de falar.

— Falar? — pergunta ela, confusa.

— Sim, falar.

— Falar do quê?

— Falar sobre... o teatro.

— O teatro?

— Sim, o teatro. Tínhamos que combinar alguns horários, para podermos treinar.

— Quem era?

Decido dizer-lhe a verdade. Pelo menos isto ela merece saber e não tem mal nenhum.

— O Sheldon.

— E que horas combinaram?

Paro um pouco para pensar, pois, se lhe disse aquilo antes, agora tenho que continuar.

— Depois do clube de teatro.

— Parece-me bem, ainda bem que falaste já com ele. Tínhamos mesmo que combinar isto.

— Sim, concordo.

Odeio ter que lhe mentir, mas de qualquer maneira ela tem razão, porque precisam mesmo de um horário para poderem treinar para além do clube de teatro. Agora só falta avisá-lo.

Depois de almoçarmos, vamos até à biblioteca para os computadores, e aviso a Mila que vou à casa de banho para ir  procurar o Sheldon.

Depois de dar a volta ao andar todo, acabo por não o encontrar. O mais provável é que esteja no quarto ou tenha saído da escola durante a hora de almoço.

Entretanto volto à biblioteca e encontro o irmão da Mila a ver um filme com o Danny.

— Rúben, podes ajudar-me aqui numa coisa?

— Sim, posso ajudar em tudo o que precisares. — Põe pausa no filme e vira-se para mim.

— Estás a ver o rapaz que vai fazer de Monstro na peça de teatro?

— Sim, mais ou menos. — Para um pouco para pensar. — Mas por quê?

— Preciso mesmo de falar com ele. Sabes em que quarto ele está?

— Não tenho a certeza, mas se lá fores e o quiseres encontrar vai até ao fundo do corredor, que é onde estão os últimos anos, e grita o nome dele.

— É assim que todos os rapazes fazem — acrescenta o Danny.

— E se a empregada me ouvir?

— Se ela aparecer foges ou escondes-te. Duvido que vá fazer queixa só por chamares alguém.

— Ok, obrigada, rapazes.

— Sempre às ordens — responde o Rúben e vira-se de novo para o filme.

Vou até ao corredor dos rapazes com o maior cuidado possível para ninguém me encontrar e, quando chego ao fundo do corredor, grito o nome dele. Passado uns segundos, ele abre a porta.

O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora