Capítulo 6

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Bato à porta com força, até ela a abrir.

— Então, já voltaram? — pergunta-me a Mila, que fica surpreendida assim que nos vê.

— Nem vais acreditar no que aconteceu — respondo com a respiração pesada por termos vindo até aqui a correr, e vou até ao lavatório para lavar as mãos.

O Rúben senta-se na cama, e a Mila ao lado dele.

— Contem lá o que aconteceu.

O Rúben começa:

— Depois de nos termos separado, eu e a Daniela procurámos como se ia para a cave. — Leva a mão ao cabelo e puxa-o para o lado. Entretanto volto ao quarto, e ele olha para mim.

— E encontraram?

— Procurámos as escadas, — continua — e até entrámos no corredor da sala da diretora para ver se era lá que estavam, mas uma empregada mandou-nos embora.

— Entraram no gabinete dela? — pergunta a Mila com uma expressão de espanto, surpreendida pela nossa audácia.

— Não, não entrámos; só estivemos no corredor do gabinete — respondo. — Entrar lá já seria demais.

— Depois fomos dar a uma porta que não tinha placa a dizer o que era. Abrimo-la, e era a arrecadação. Nesse momento estava a passar um segurança, e entrámos os dois imediatamente lá para dentro.

A Mila olha para mim com um sorriso maldoso.

— Usei a luz do telemóvel para tentar ver alguma coisa, até a que a Daniela encontrou o interruptor.

— Assim que liguei a luz, percebemos que aquilo não era só a arrecadação mas também a sala das chaves — explico-lhe.

— Como já era quase dez da noite, a maioria dos empregados estava a ir embora e tivemos que esperar para termos o caminho livre. — O Rúben hesita, e só depois continua: — E enquanto esperávamos íamos vendo quais as chaves que ali estavam para encontrar a da cave.

— O problema é que não havia chave da cave, — intervenho — mas sim a chave do piso -1.

— Piso -1? — pergunta a Mila, confusa com o que acabámos de lhe dizer. — Não fazia ideia que isso existia.

— Nem nós, — continuo — mas quando saímos de lá e voltámos a procurar a porta a que pertencia, passou o subdiretor da escola e tivemos que nos esconder atrás de uma estante de livros.

— Como a iluminação não era grande coisa, ele passou e nem nos viu — acrescenta o Rúben.

— E depois? Encontraram a porta?

— A chave era velha e ferrugenta, por isso supusemos que pertencia a uma porta antiga também, — respondo — mas o que aqui não falta são portas velhas. Por isso tentámos ir o mais para o fundo que conseguíssemos do corredor e tentámos abrir a última que apareceu, que também não tinha identificação. Era uma porta de madeira antiga, larga e alta. Para nossa surpresa, a chave entrou. O único problema é que nesse momento veio um segurança e tivemos que fugir quando ele entrou numa sala qualquer lá perto e voltámos até aqui.

— Que cena... — A Mila faz uma pausa para pensar. — Para que servirá esse piso?

— Não fazemos ideia — responde o Rúben e encolhe os ombros.

— Que é estranho; isso é — completo.

Olho para o relógio e já é quase onze da noite.

— Bem, é melhor ir andando; se não for agora, amanhã não acordo. — Despede-se de nós. — Fiquem bem.

— Adeus, e vê lá se não te assustas com a trovoada. — Aviso-o, e ele responde com um sorriso.

O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora