Bato à porta com força, até ela a abrir.
— Então, já voltaram? — pergunta-me a Mila, que fica surpreendida assim que nos vê.
— Nem vais acreditar no que aconteceu — respondo com a respiração pesada por termos vindo até aqui a correr, e vou até ao lavatório para lavar as mãos.
O Rúben senta-se na cama, e a Mila ao lado dele.
— Contem lá o que aconteceu.
O Rúben começa:
— Depois de nos termos separado, eu e a Daniela procurámos como se ia para a cave. — Leva a mão ao cabelo e puxa-o para o lado. Entretanto volto ao quarto, e ele olha para mim.
— E encontraram?
— Procurámos as escadas, — continua — e até entrámos no corredor da sala da diretora para ver se era lá que estavam, mas uma empregada mandou-nos embora.
— Entraram no gabinete dela? — pergunta a Mila com uma expressão de espanto, surpreendida pela nossa audácia.
— Não, não entrámos; só estivemos no corredor do gabinete — respondo. — Entrar lá já seria demais.
— Depois fomos dar a uma porta que não tinha placa a dizer o que era. Abrimo-la, e era a arrecadação. Nesse momento estava a passar um segurança, e entrámos os dois imediatamente lá para dentro.
A Mila olha para mim com um sorriso maldoso.
— Usei a luz do telemóvel para tentar ver alguma coisa, até a que a Daniela encontrou o interruptor.
— Assim que liguei a luz, percebemos que aquilo não era só a arrecadação mas também a sala das chaves — explico-lhe.
— Como já era quase dez da noite, a maioria dos empregados estava a ir embora e tivemos que esperar para termos o caminho livre. — O Rúben hesita, e só depois continua: — E enquanto esperávamos íamos vendo quais as chaves que ali estavam para encontrar a da cave.
— O problema é que não havia chave da cave, — intervenho — mas sim a chave do piso -1.
— Piso -1? — pergunta a Mila, confusa com o que acabámos de lhe dizer. — Não fazia ideia que isso existia.
— Nem nós, — continuo — mas quando saímos de lá e voltámos a procurar a porta a que pertencia, passou o subdiretor da escola e tivemos que nos esconder atrás de uma estante de livros.
— Como a iluminação não era grande coisa, ele passou e nem nos viu — acrescenta o Rúben.
— E depois? Encontraram a porta?
— A chave era velha e ferrugenta, por isso supusemos que pertencia a uma porta antiga também, — respondo — mas o que aqui não falta são portas velhas. Por isso tentámos ir o mais para o fundo que conseguíssemos do corredor e tentámos abrir a última que apareceu, que também não tinha identificação. Era uma porta de madeira antiga, larga e alta. Para nossa surpresa, a chave entrou. O único problema é que nesse momento veio um segurança e tivemos que fugir quando ele entrou numa sala qualquer lá perto e voltámos até aqui.
— Que cena... — A Mila faz uma pausa para pensar. — Para que servirá esse piso?
— Não fazemos ideia — responde o Rúben e encolhe os ombros.
— Que é estranho; isso é — completo.
Olho para o relógio e já é quase onze da noite.
— Bem, é melhor ir andando; se não for agora, amanhã não acordo. — Despede-se de nós. — Fiquem bem.
— Adeus, e vê lá se não te assustas com a trovoada. — Aviso-o, e ele responde com um sorriso.
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O Mistério do Internato
Mystery / ThrillerDaniela vê-se aos 16 anos obrigada a emigrar para Inglaterra e a estudar num internato. Porém, no meio de novas amizades, novas paixões e revelações, percebe que há algo de diferente naquele lugar. E tudo passará a ser posto em causa a partir do mom...