Epílogo

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Ali, no meio de nós, três polícias tentam reanimar o Rúben, e aquele homem está agora deitado no chão, morto com dois tiros no peito.

— Daniela, estás bem? — pergunta-me a Cecilia, preocupada, enquanto desaperta os cintos que me estão a prender.

Não respondo, e tudo o que acabou de acontecer repete-se na minha mente.

— Ce-cilia? — quase gaguejo, de tão sem palavras que estou.

— Daniela, estou aqui. Podes vir connosco. Agora estão a salvo.

— Eu-eu... Espera — insisto, levantando-me rapidamente. — O Rúben está bem?

— Sim, acho que só precisa de descansar.

— Ok-ok — respondo enquanto recupero de tudo o que passou pela minha cabeça. — Mas o que é que fizeste?

— Chamei a polícia. Era o melhor a fazer e, pelos vistos, resultou.

— E o teatro? Já começou?

— Não sei, mas sim, talvez.

— Tenho que ir — digo rapidamente e deixo a Cecilia na sala, juntamente com os polícias que, provavelmente, neste momento aguardam pela equipa forense e por mais reforços, para além do Rúben que continua a recuperar da injeção.

É isto. Sobrevivemos.

— Onde vais? — pergunta-me ainda a Cecilia, porém desato a correr dali para fora tão rápido que acabo por nem lhe responder.

Subo as escadas que vão dar ao escritório da diretora. E, assim que lá chego, despacho-me a abrir a porta. Está tudo tão calmo e silencioso. Neste momento todos os alunos estão no teatro.

Começo a correr pelos corredores que vão dar ao auditório. Não vejo sinal de nenhum empregado, e a única pessoa que vejo é um segurança do lado oposto ao que estou a ir.

Assim que chego à porta que vai dar ao teatro, respiro fundo, aperto as mãos e empurro a porta para trás, abrindo-a.

Ali, todos os alunos sentados nas bancadas, com um corredor na minha frente que vai dar ao palco. Alguns alunos que estão cá mais atrás e perto da porta olham para mim, provavelmente a perguntar-se se cheguei atrasada, ou então se isto faz parte da peça.

Uma série de palmas prendem-lhes de novo a atenção no palco, assim que uma das primeiras cenas termina e as cortinas se voltam a fechar.

Dou por mim a correr outra vez, aproveitando o facto de estar mais escuro neste momento e ser mais difícil me verem. Assim que lá chego à frente, apresso-me a saltar para cima do palco e a ir para trás das cortinas.

Por trás delas está uma confusão de pessoas e alunos a arrumar os adereços do cenário, o que faz com que não notem a minha presença.

Não encontro o Sheldon nem a Mila. Provavelmente estão lá dentro a preparar-se. Procuro o microfone para poder cumprir o que aqui vim fazer.

— Daniela, és tu? Que fazes aqui?— pergunta-me o Danny assim que me vê. — Já devias estar vestida. E onde anda o Rúben?

— Ah, Danny, agora não te consigo explicar, mas podes ajudar-me? Sabes como ligar isto?

— Acho que está ligado. Pelo menos acabaram de o usar.

— Ok. Obrigada — respondo, aguardando que as cortinas se voltem a abrir.

— Daniela, está tudo bem? — pergunta-me enquanto arrumo o meu penteado e tento dar um jeito no uniforme.

— Sim, está tudo normal. — Forço um sorriso.

O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora