Capítulo 10

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Vamos até ao muro, e ele indica-me o caminho para a entrada.

Depois de subir as grandes e me atirar para o lado de fora, percebo que o chão está menos molhado que no outro dia, o que me faz aterrar com mais facilidade.

Começo a andar em direção ao sítio que ele me disse.

— Daniela — grita, e viro-me para ele. — Boa sorte.

— Obrigada. — Começo a ficar com as mãos suadas de estar tão nervosa.

— Vou ficar aqui à tua espera — diz ainda encostado ao muro.

— Ok. — Engulo em seco.

Isto pode ser a última coisa que lhe digo.

A sério Daniela? A ser dramática agora?

Preciso de pensar em alguma coisa mais aceitável.

— Prometes que vais estar aqui? — pergunto em voz baixa.

— Sim, prometo.

Desisto. Não consigo pensar em nada memorável para últimas palavras.

Caminho até à casa.

Está um silêncio perturbador.

Assim que chego, enfio a chave na fechadura com alguma dificuldade e abro-a.

Tal como ele me disse, a única coisa que a divisão tem são as escadas lá para baixo. As paredes são de tijolo pintadas de branco, e tem algumas cabos eléctricos que vão dar aos postes de eletricidade. Não admira que eles pensassem que isto fosse um daqueles postos de energia.

Olho lá para baixo.

As escadas são de madeira e vão dar a um corredor que tem as luzes acesas.

Com o maior cuidado possível, desço-as.

Sinto um cheiro forte a mofo.

Vou dar ao corredor que ele me falou. As paredes têm alguma humidade que faz com que pingue do teto e escorra até ao chão, que é de pedra. Não tem nenhumas portas, com exceção da última ao fundo do corredor e que está fechada.

Ando um pouco e aproximo-me dela.

As minhas mãos começam a suar e limpo-as nos calções, à medida que me tento controlar para não entrar em pânico.

Sinto a adrenalina a correr por todo o meu corpo.

Quando chego a meio do corredor, um rato sai da porta e vem a correr na minha direção. Desvio-me, e ele continua a correr até chegar às escadas e sobe-as. Percebo que a porta está aberta mas encostada.

Tento saber se lá está alguém pelo som, mas a verdade é que a única coisa que oiço é a minha respiração.

Vou até à porta e encosto o ouvido.

Nada. Continuo sem ouvir nada.

Só vou saber o que lá está se a abrir.

*

Acordo com uma dor de cabeça horrível. É impossível dormir assim.

Abro os olhos com dificuldade e vejo um teto branco.

Que sítio é este?

Viro-me para a janela e percebo que estou na escola, num quarto parecido com o meu, embora tenha a certeza que não é o meu. Levo a mão à cabeça por causa desta dor que não está a ajudar nada.

— Ei? Está alguém aí? — digo tão baixo que quase sussurro. Quanto mais alto falo, mais me dói.

Oiço um som do que me parece vir da casa de banho. Viro-me para lá e fico encadeada com a luz do sol que me está a bater na cara, por isso volto a fechar os olhos e a deitar-me.

O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora