— Daniela — murmura ainda tão perto que consigo sentir a sua respiração.
— Era melhor não termos feito isto.
— Como assim? — pergunta-me, ao afastar-se, e fixa o olhar de novo em mim.
— Não sei, Rúben. Não me parece o mais correto.
A expressão dele ganha contornos de arrependimento.
— Achas que é cedo demais?
A minha resposta limita-se a abanar a cabeça em sinal de afirmação, e voltamos a concentrar-nos no que estávamos a fazer. Passado quase uma hora, começamos a ficar preocupados.
— E agora? — pergunto, sem saber o que fazer.
— Achas que ela se perdeu?
— Não sei, mas tenho um terrível pressentimento acerca disto.
— Queres chamar a polícia?
— Não! — respondo. — Isso seria a última das opções.
— Então o que fazemos? — pergunta-me novamente. — Só lá vou a baixo se vieres comigo.
— Vamos.
— A-a sério? — pergunta, surpreendido com a minha reação imediata. — Agora?
— Sim — respondo já rodando a maçaneta da porta.
As escadas estão tal e qual como me lembrava. As paredes continuam com a mesma textura e húmidas, assim como o cheiro a bolor e a mofo.
— Que sítio é este? — pergunta-me o Rúben.
— É a parte da escola que mais ninguém conhece.
Aproximamo-nos da porta ao fundo do corredor, e assim que a minha mão toca na maçaneta um arrepio percorre-me o corpo.
— Então? — comenta o Rúben ao notar a minha súbita reação àquele momento.
— Não é nada.
Abro a porta, e rapidamente sentimos a corrente de ar a passar por nós por termos deixado a porta lá de cima, que usámos para entrar, aberta. Peço ao Rúben para a ir fechar, e quando ele volta entramos naquele corredor.
É tão comprido que dificilmente conseguimos ver o que está lá no fundo. Há um número imenso de portas, mas todas estão fechadas e é impossível vermos o que está por trás delas.
— E agora? Procuramos-a? — pergunta-me o Rúben em frente a uma das portas fechadas.
Peço-lhe que fique nessa mesma porta enquanto procuro onde está a Cecilia, de forma a que, caso alguém apareça para além de nós, o Rúben me consiga avisar a tempo de fugirmos.
Ele diz-me que isso pode não ser boa ideia, porém, tendo em conta a situação, é incapaz de me propor algo melhor.
Começo por abrir a primeira porta, que está à nossa frente. Cada uma tem um número por cima, que começa no um e vai até lá ao fundo. Como seria de esperar, a primeira porta abre-se facilmente, porque é bem provável que estejam todas destrancadas.
Afinal, para que serviria trancar portas num sítio onde ninguém passa?
Abro-a e verifico que é uma sala que mais me lembra uma sala de espera, com uma mesa no meio e várias cadeiras azuis de plástico gasto à volta.
Enquanto olho para todos os detalhes com extrema atenção, o Rúben entra também comigo.
— Uma já está — comento ao passar para a próxima sala.
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O Mistério do Internato
Mystery / ThrillerDaniela vê-se aos 16 anos obrigada a emigrar para Inglaterra e a estudar num internato. Porém, no meio de novas amizades, novas paixões e revelações, percebe que há algo de diferente naquele lugar. E tudo passará a ser posto em causa a partir do mom...