Capítulo 11

658 52 0
                                    

— Então mãe, sentiste saudades minhas? — pergunto enquanto entro no carro para os bancos de trás, e ela continua a conduzir.

— Claro, achavas que não? — Olha para mim pelo espelho do retrovisor e faz um pequeno sorriso. — Como tem corrido a escola?

— Está mais fácil do que estava à espera, mas talvez tenha a ver com os alunos que, ao contrário de antes, não estão ali por obrigação. A maioria quer mesmo aprender e tirar um bom curso.

— Ainda bem, mas que roupa é essa, Daniela?

A sério que até a minha mãe está a comentar a minha roupa?

— Que tem? — Olho para o que tenho vestido mais uma vez e confirmo que não está assim tão mal.

— Nada, nada. Só acho que mais valia levares alguma roupa menos relaxada para o almoço.

— O que é que tem o almoço? — Pensava que fossemos almoçar a casa.

— A Mila não te contou?

— Mãe... — pronuncio lentamente — do que é que estás a falar?

Desta vez tenho a certeza que não me esqueci de nada que ela me tenha dito sobre hoje.

— Vamos almoçar com eles. Pensava que já soubesses.

— Com os pais dela?

— Sim, por isso é que estou a falar que podias levar outra coisa vestida.

— Quem é que vai connosco?

— Eu, tu e o teu pai. Foram eles que nos convidaram.

Não estava à espera disto.

E agora?

— Vamos direto para lá? — Vejo que o carro deles está à nossa frente.

— Não, ainda temos que passar pelo apartamento para ir buscar o teu pai.

— Ah, está bem. — Faço um suspiro de alívio.

O carro deles vira, e nós continuamos em frente até chegarmos a casa. Entretanto começa a chover, e temos que correr até à porta.

— Então, minorca — diz-me o meu pai enquanto nos abre a porta. — Como tens andado?

— Tenho andado a pé. — Faço um risinho de piada, e ele ri-se.

Visto umas calças pretas, um top branco e um casaco de ganga.

Ainda ninguém notou no corte que levei no cabelo porque fiz uma trança nessa madeixa e com um gancho prendi-a mais atrás. Não faço ideia como explicar isto à minha mãe, se ela notar.

Depois de andarmos de carro por uns minutos, paramos à frente de uma casa. É uma zona de vivendas enormes com largos terrenos à volta.

— Meu Deus. — É a primeira coisa que consigo pronunciar.

A casa dela é uma vivenda com uns dois andares e um muro alto à volta. Tem uma garagem que dá para mais que um carro, por isso o meu pai liga para o pai dela a avisar que chegámos.

Tem um aspeto novo e moderno, e lembra-me as casas dos famosos, porque está repleta de janelas e vidros altos.

Eu e a minha mãe saímos do carro e vamos até à porta de entrada, enquanto o meu pai põe o carro lá dentro.

Corremos até lá, mas fico inevitavelmente molhada.

Uma senhora alta, da idade da minha mãe, com o cabelo castanho escuro e os olhos verdes maquilhados cuidadosamente com um delineador preto, recebe-nos.

O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora