Capítulo 19

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— Tem o mesmo sobrenome da aluna que encontrámos na cave.

— Exato — respondo com um ar pensativo. — Será que ela ainda lá está?

— Se tivesse saído, já teríamos tido alguma notícia.

— E sairia nos jornais?

— Duvido muito, porque, por algum motivo, a comunicação social também está a esconder alguma coisa.

— Pelos vistos toda a gente nesta cidade esconde algo.

Ele olha para mim apreensivo e concorda.

— E o que vais fazer com esse papel?

— Não sei — digo ao olhar para o Sheldon. — Achas que me deva preocupar?

— Tecnicamente, isso é uma ameaça.

— Mas não há nada que possa fazer. Se for fazer queixa à direção, vão achar que isto é uma brincadeira entre alunos de mau gosto. Não sei como devo agir. Honestamente, não faço a mínima ideia.

— A Mila já sabe?

— Não, nem estou a pensar dizer-lhe nada para não a preocupar demais. Ele está a fazer isto contra nós e não contra ela.

Ele apoia-se na mesa com o braço e vira-se para a biblioteca.

— Seria tudo tão mais fácil, se pudéssemos sair de lá e estes problemas acabassem — comenta.

— E não podemos?

— Se sairmos, nada vai mudar.

— Achas que a diretora tem alguma coisa a ver com isto?

— Tem que ter.

— Isto parece-me um labirinto sem saída.

— Todos os labirintos têm uma saída — responde-me, ao reler mais uma vez aquele papel na esperança de conseguir descodificá-lo. — E ele conseguiu deixar isto no vosso quarto mesmo estando a porta trancada?

— Sim — respondo preocupada.

— Vocês não estão seguras.

— E agora? Não há nenhuma câmara que o tenha apanhado a sair lá de baixo?

— Não, as câmaras estão apenas nos corredores inferiores e não na entrada. Nem os corredores dos alunos as têm. Ele pode ter feito qualquer percurso, ou até ter pedido a alguém para o pôr no teu quarto.

— Nem no quarto estamos seguras. A qualquer hora ele pode lá entrar e fazer sabe-se lá o quê.

— Ninguém vos vai fazer nada.

— Porque dizes isso?

— Porque não vou deixar ninguém vos tocar — diz de uma forma extremamente séria.

— É óbvio que, se ele fizer alguma coisa, vai ser quando estivermos sozinhas e aí jamais nos dará tempo de chamarmos alguém.

— Isso não é um problema. — Olho para ele à espera que continue. — A partir de hoje dormes comigo sempre que for segunda-feira, porque parece que é o único dia da semana que ele decide existir.

O quê? Ele acabou mesmo de me dizer isto?

— Durmo contigo? — pergunto para confirmar o que acabei de ouvir.

— Sim, e a Mila pode dormir no mesmo quarto que um dos rapazes. Assim ficamos com a certeza que ninguém vos faz nada sem passar por nós primeiro.

— Ah... Ok... Acho que vou ter que falar com a Mila primeiro, mas ela vai fazer um monte de perguntas e vou ter que lhe explicar tudo o que aconteceu.

O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora