Capítulo 12

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Acordo no meio de uma floresta, coberta pelo denso nevoeiro da manhã e deitada sobre um fino manto de plantas e folhas, e levanto-me com dificuldade, apoiando-me de seguida num tronco de árvore ao meu lado.

Onde estou?

Um número interminável de questões surgem na minha cabeça.

Semicerro os olhos, numa tentativa falhada de conseguir ver alguma coisa para além deste nevoeiro. Avanço em direção ao nada, e um grupo de pássaros passa-me de rasante. Ao olhar com mais atenção, percebo que são corvos.

Começo a tossir descontroladamente e não sou capaz de parar.

— Socorro — murmuro com muita dificuldade.

Viro-me para todas as direções à procura de alguém que me possa ajudar, e um animal prende-me atenção por uns instantes.

Com o seu comprido focinho e uns grandes olhos cor de avelã, uma raposa observa-me, atentamente, à distância.

Fujo, ou fico imóvel?

Num ato de instinto, corro o mais rápido que consigo para longe daqui.

Ao virar-me para trás, percebo que isto talvez tenha sido uma péssima decisão. Ela está agora muito mais próxima de mim e começou a vir na minha direção.

Corre, Daniela, e usa essas aulas de Educação Física para alguma coisa!

Começo a sentir o meu coração a bater a cem à hora e perco a noção do tempo. Além do mais, não consigo acompanhar a minha respiração, por isso começo a sentir-me fraca.

Salto por cima de uma rocha num esforço desesperado de conseguir atrapalhá-la. Assim que toco com o pé no chão, sinto uma dor horrível no tornozelo.

Levanto-me para continuar a correr, mas a dor torna-se insuportável.

O animal aproxima-se e olha para mim fixamente, e tento fazer-me de morta à medida que avança.

É isto, é o fim.

Atiro-me para o chão e deito-me por entre as folhas. Com os olhos ainda fechados, sinto os bigodes dela a roçarem-me na cara.

Abro um olho lentamente e observo-a. Por que não me está a atacar? Será que a minha ideia resultou?

Oiço outro animal a uivar por trás e noto que a atenção da raposa já não está em mim, mas sim nesse animal.

Viro-me devagar e congelo ao perceber o que é.

Um pouco mais acima de nós, por cima da rocha por onde saltei, está agora um lobo. Com o seu pelo cinzento, marcado por um monte de cicatrizes, e uma orelha cortada, a sua figura é imponente.

É como se numa única dentada conseguisse rasgar a raposa inteira.

O que estará a pensar fazer?

O lobo salta para o pé de nós e aproxima-se, fazendo frente à raposa, que não recua.

Por que não foges?

O lobo mostra os dentes à raposa num ato de ameaça, mas ela mantém-se fixa, sem se mexer sequer.

Ela está a... proteger-me?

Antes de perceber bem o que se está a passar, o lobo atira-se contra a raposa e espeta-lhe os dentes no pescoço, e o chão fica rapidamente coberto de sangue.

A raposa está a olhar para mim em sofrimento, e eu sou incapaz de a ajudar.

— Foge — diz, antes de o lobo lhe tirar a vida definitivamente.

Numa reação de choque, fico imóvel.

E agora?


O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora