Capítulo 8

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— Tu? Aqui? — pergunto-lhe assim que abro a porta.

— Vim só ver como estavas. Chegaste a dar uma vista de olhos pelo quarto? — pergunta-me o Sheldon, enquanto observa o nosso quarto com atenção.

— Sim, mas não encontrei nada.

Não sei como, porém ele consegue ser muito mais alto que eu, de tal forma que enquanto falamos tenho que olhar para cima.

— Posso dar uma vista de olhos?

— Sim, entra.

Fecho a porta, e ele põe-se a procurar por todos os sítios possíveis. No fim, não encontra nada.

Fico a achar que deve ver bem mais séries do que eu, para poder acreditar de tal forma em tudo isto, mas isso não invalida o facto de que ele, realmente, tinha alguma coisa no quarto.

— Bem, acho que tens razão — diz-me, assim que se levanta, depois de analisar a parte de baixo da cama.

— Tenho sempre razão. — Faço um pequeno sorriso e cruzo os braços.

— Ai é? — Ele ri-se.

— Se fosse a ti não duvidava.

— Qual é a tua cama?

— Esta. — Aponto para a que está mais longe da porta.

Ele aproxima-se e deita-se nela,  e eu continuo sentada no banco atrás da porta. É tão alto que nem consegue ficar totalmente esticado nela sem ficar com os pés de fora.

— É mais confortável que a minha.

Nesse momento, alguém bate à porta.

— É a Mila — digo-lhe.

Faz-me sinal de silêncio e aproxima-se da porta.

Voltam a bater.

— Se fosse a Mila, ela diria qualquer coisa. — Insiste em voz baixa.

— Achas que é a empregada?

— É provável.

— E agora? — pergunto rapidamente.

Ele vira-se para trás e tenta-se meter debaixo da cama.

— A sério? — sussurro a tentar não rir para que não se oiça nada lá fora, mas é quase inevitável.

— E tu não vens?

— Achas?

— Sim, ela vai estranhar estares aí quando abrir a porta e não teres dito nada este tempo todo. — Realmente, ele tem razão.

Baixo-me e tento-me meter ao lado dele, num espaço tão pequeno que mal daria para uma pessoa, mas, de alguma forma, conseguimos ficar lá os dois.

— Acho que não cabemos aqui — digo.

No momento em que ele se está a encostar o máximo possível para a parede, alguém abre a porta.

Quando olho para os sapatos, percebo que é a Mila. Viro-me para o Sheldon e tento fazer cara séria, porém acabo por rir mentalmente.

Continuamos no maior silêncio possível debaixo da cama, e ela aproxima-se da gaveta para tirar qualquer coisa.

Nesse momento, algo no meu bolso começa a vibrar.

Não vou a tempo de o desligar, e ela consegue ouvi-lo, por isso dá um passo na nossa direção e espreita para baixo da cama.

— Que se está a passar aqui? — pergunta a Mila com um grito de surpresa, enquanto tenta controlar o riso.

O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora