Uma enorme dor de cabeço envolveu-me por completo.
À medida que os meus olhos abrem novamente, a escuridão torna-se menor mas mais confusa, pois não faço ideia de onde estou.
Luz é a primeira coisa que vejo. Depois, formas começam a aparecer por entre manchas de cor. Estou numa sala que me soa familiar. A cor das paredes, o tecido do sofá onde estou deitada. Onde é que já senti isto antes?
Começo a ficar com picadas na cabeça, como se uma sensação de dormência estivesse a passar. De seguida todos os meus sentidos voltam. E, finalmente, percebo onde estou.
— Rúben? — sussurro de forma a que ele me consiga ouvir, depois de notar que está do outro lado da sala.
— Que sítio é este? — pergunta-me, já sentado no sofá onde está e a fazer movimentos circulares com as mãos na testa, o que me dá a entender que está com dores de cabeça.
— É a sala da diretora — respondo ao sentar-me também no sofá onde estou e que é em frente ao dele. — Que horas são?
— O teatro vai começar daqui a uns cinco minutos — informa-me. — Achas que podemos sair daqui?
Por algum motivo, não está mais ninguém na sala para além de nós. A diretora estará neste momento no teatro? Não faz sentido...
Levanto-me e faço uma tentativa inútil de abrir a porta para sairmos.
— Está trancada.
— E agora? — pergunta-me, preocupado. — Vamos chegar atrasados ao teatro!
— Não sei o que fazer, Rúben. Honestamente, acho que a única coisa que podemos fazer é esperar.
— Eles vão dar pela nossa falta!
— O que é que te aconteceu? — pergunto-lhe ao relembrar-me do que se passou antes de acordarmos aqui.
— Daniela, eles apanharam-me!... Quando dei por mim as luzes já estavam apagadas e alguém me estava a agarrar e a espetar-me uma seringa. — Olha para as estantes com um ar desconfortável. — Nem cheguei a perceber quem era.
Nenhum de nós tem o celular, porque nos recomendaram deixá-lo nos quartos para evitar que os perdêssemos durante os preparativos para o dia de hoje. Portanto, não temos sítio para ir, nem maneira de avisar alguém ou forma de escapar.
Levanto-me do sofá onde estou e dou uma vista de olhos pela decoração. É o gabinete da diretora, por isso está tudo muito arrumado e organizado. Vejo os troféus que guarda num armário e que foram ganhos pelos alunos ao longo de todos os anos, os diplomas de mérito que a escola ganhou e as fotografias emolduradas numa das estantes.
— Vamos morrer.
— O que é que estás a falar? — critico-o e viro-me de novo para ele.
— Viste o mesmo que eu lá em baixo, não viste? Nada disto é normal. Eles não nos vão deixar sair deste sítio nunca.
— Não podes dizer isso. É impossível saberes o que nos vão fazer.
— Aquilo lá em baixo; é tudo culpa deles. Achas mesmo que vão deixar-nos sair assim, sem mais nem menos?
— E os nossos pais? É claro que se desaparecermos vão procurar por nós.
— As pessoas da cave também tinham pais... — responde, e acabo por me calar por não conseguir encontrar resposta. Ele tem razão.
Sento-me de novo, mas desta vez no mesmo sofá em que ele está.
— Não quero morrer — murmuro ao sentir as lágrimas nos olhos.
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O Mistério do Internato
Mystery / ThrillerDaniela vê-se aos 16 anos obrigada a emigrar para Inglaterra e a estudar num internato. Porém, no meio de novas amizades, novas paixões e revelações, percebe que há algo de diferente naquele lugar. E tudo passará a ser posto em causa a partir do mom...