Capítulo 25

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Uma enorme dor de cabeço envolveu-me por completo.

À medida que os meus olhos abrem novamente, a escuridão torna-se menor mas mais confusa, pois não faço ideia de onde estou.

Luz é a primeira coisa que vejo. Depois, formas começam a aparecer por entre manchas de cor. Estou numa sala que me soa familiar. A cor das paredes, o tecido do sofá onde estou deitada. Onde é que já senti isto antes?

Começo a ficar com picadas na cabeça, como se uma sensação de dormência estivesse a passar. De seguida todos os meus sentidos voltam. E, finalmente, percebo onde estou.

— Rúben? — sussurro de forma a que ele me consiga ouvir, depois de notar que está do outro lado da sala.

— Que sítio é este? — pergunta-me, já sentado no sofá onde está e a fazer movimentos circulares com as mãos na testa, o que me dá a entender que está com dores de cabeça.

— É a sala da diretora — respondo ao sentar-me também no sofá onde estou e que é em frente ao dele. — Que horas são?

— O teatro vai começar daqui a uns cinco minutos — informa-me. — Achas que podemos sair daqui?

Por algum motivo, não está mais ninguém na sala para além de nós. A diretora estará neste momento no teatro? Não faz sentido...

Levanto-me e faço uma tentativa inútil de abrir a porta para sairmos.

— Está trancada.

— E agora? — pergunta-me, preocupado. — Vamos chegar atrasados ao teatro!

— Não sei o que fazer, Rúben. Honestamente, acho que a única coisa que podemos fazer é esperar.

— Eles vão dar pela nossa falta!

— O que é que te aconteceu? — pergunto-lhe ao relembrar-me do que se passou antes de acordarmos aqui.

— Daniela, eles apanharam-me!... Quando dei por mim as luzes já estavam apagadas e alguém me estava a agarrar e a espetar-me uma seringa. — Olha para as estantes com um ar desconfortável. — Nem cheguei a perceber quem era.

Nenhum de nós tem o celular, porque nos recomendaram deixá-lo nos quartos para evitar que os perdêssemos durante os preparativos para o dia de hoje. Portanto, não temos sítio para ir, nem maneira de avisar alguém ou forma de escapar.

Levanto-me do sofá onde estou e dou uma vista de olhos pela decoração. É o gabinete da diretora, por isso está tudo muito arrumado e organizado. Vejo os troféus que guarda num armário e que foram ganhos pelos alunos ao longo de todos os anos, os diplomas de mérito que a escola ganhou e as fotografias emolduradas numa das estantes.

— Vamos morrer.

— O que é que estás a falar? — critico-o e viro-me de novo para ele.

— Viste o mesmo que eu lá em baixo, não viste? Nada disto é normal. Eles não nos vão deixar sair deste sítio nunca.

— Não podes dizer isso. É impossível saberes o que nos vão fazer.

— Aquilo lá em baixo; é tudo culpa deles. Achas mesmo que vão deixar-nos sair assim, sem mais nem menos?

— E os nossos pais? É claro que se desaparecermos vão procurar por nós.

— As pessoas da cave também tinham pais... — responde, e acabo por me calar por não conseguir encontrar resposta. Ele tem razão.

Sento-me de novo, mas desta vez no mesmo sofá em que ele está.

— Não quero morrer — murmuro ao sentir as lágrimas nos olhos.

O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora