Capítulo 9

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Ele acende a luz, e percebo que chegámos a uma arrecadação onde estão os materiais das aulas de Educação Física.

Continua a dar para ouvir os gritos que vêm do pavilhão.

— Sheldon?

— Gostaste do filme que escolhi? — pergunta-me, enquanto tranca a porta.

O que é que ele está a pensar fazer?

— Foste tu que fizeste com que metessem aquele vídeo que ninguém percebia nada? — pergunto, confusa.

— Tive ajuda de alguns amigos. Chegaste a guardar a chave?

A chave! Esqueci-me completamente.

— Por que perguntas?

— Estava a pensar em irmos lá agora. — Vira-se para mim depois de dizer isto na maior calma possível.

— O quê? Ir à cave? Sem mais nem menos? E as câmaras que falaste no outro dia?

— Não é sem mais nem menos. Já tratámos disso — responde, referindo-se às câmaras.

— Tratámos?

— Sim.

É como se um número interminável de perguntas surgisse na minha cabeça.

Ir lá, agora?

Sou interrompida por uma mensagem da Mila:

"Onde estás? O filme já começou."

Acabei por nem a avisar de que vim embora.

Entretanto o Sheldon começa a subir uma das estantes até chegar a uma janela e abre-a.

"Depois conto-te tudo, prometo."

— Não estás a pensar passar por aí, pois não? — pergunto-lhe, e ele vira-se para mim já lá em cima.

— Não temos outra alternativa — diz e começa a passar as pernas para o outro lado da janela.

Espero bem que a minha t-shirt não fique como a camisa ficou no outro dia.

Trepo a estante com o máximo cuidado, para não cair nenhuma bola de futebol, e antes de eu chegar lá a cima ele salta para o outro lado.

— Queres ajuda? — grita ele já na rua.

É um salto mais alto do que pensei, e se cair mal irei culpar as aulas de Educação Física por não nos prepararem para estas situações.

Ponho uma perna do lado de fora e depois a outra, enquanto me agarro na estante com as duas mãos.

É agora ou nunca.

Atiro-me para o outro lado, e ele tenta-me segurar, porém acabo por cair quase um metro de distância e fica-me a doer as mãos e os joelhos da queda.

Vir para aqui de calções não foi, definitivamente, uma boa ideia.

— Magoaste-te? — pergunta à medida que me ajuda a levantar. — Desculpa, mas não te consegui agarrar.

— Não tem problema. — Ainda bem que o chão é de terra.

Limpo a t-shirt com as mãos e tiro a terra dos joelhos.

— Onde é que estamos a ir? — pergunto enquanto o sigo.

— Encontrei a outra entrada.

— A sério? Como?

— Não importa como. O que importa é que encontrei.

Paro de andar, e ele vira-se para mim.

— Que se passa?

O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora