Capítulo 21

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Antes de ter sequer tempo de lhe perguntar o que se está a passar, volto a ouvir o som da porta a abrir-se. Instantaneamente, eu e o Sheldon voltamo-nos para trás.

Joanne Matthew, a diretora da escola, entra sem dizer uma única palavra e senta-se na cadeira da secretária à nossa frente.

— Presumo que saibam porque aqui estão.

Eu e o Sheldon olhamos um para o outro, e consigo ver o medo nos olhos dele como ele deve estar a ver nos meus.

Nenhum de nós responde, o que faz com que ela nos lance um olhar extremamente ameaçador.

— O vosso comportamento colocou-vos aos dois e à escola inteira em risco, por isso só tenho a dizer-vos que medidas serão tomadas.

— Pode explicar-nos, pelo menos, ao que se está a referir? — pergunta-lhe o Sheldon, acabando assim por transparecer toda a frustração que está a sentir por nem nos terem dito o motivo de tudo isto.

— O motivo é muito simples, meu caro. Acessaram zonas restritas da escola às quais não podiam ter acesso, saíram do estabelecimento sem qualquer permissão e, pior do que tudo o resto, quiseram saber demais.

— Saber de mais? — questiona, e acabo mais uma vez por não ser capaz de dizer nada relativamente a este assunto. — Como assim?

— Não se façam de ignorantes. Qualquer comportamento irregular ou que desrespeite as regras de funcionamento do internato resultará em expulsão imediata. — Atira-nos com um olhar bastante sério. — Fiz-me de entendida?

Nenhum dos dois responde. Ela pega no telefone e marca um número.

— A reunião está terminada — diz para a pessoa do outro lado do telefone. Quase de seguida, dois seguranças entra na sala e pegam-nos pelos braços.

Um dos homens leva o Sheldon para o quarto dele, e o outro leva-me até ao meu.

— O que aconteceu? — pergunta-me a Mila, excessivamente preocupada, assim que o segurança me deixa no quarto e sai sem dizer nada.

— A outra mulher levou-me até à diretora.

— E por que fez isso?

— Não sei. Se calhar sempre souberam de tudo até agora — respondo já sentada na cama e quase a chorar.

— Não pode ser.

— Já não podemos fazer nada...

— Não me digas que vão desistir! — protesta, olhando para mim com um ar sério.

— Que outra alternativa temos?

— Com tudo o que aconteceu até agora, não podem voltar atrás. É tarde de mais para isso.

— A diretora ameaçou-nos que nos ia expulsar se fizéssemos alguma coisa.

— Se ela fizer isso, façam imediatamente queixa à polícia, contem a vossa história a um jornal, escrevam um livro... desistir é que não!

— Não sei o que fazer. A aluna que deixámos no hospital nem se lembrou de nós...

— Chegaram a falar com ela?

— Só entrámos no quarto em que ela estava, mas não nos respondeu a nada.

— Que estranho...

— Foi exatamente o que pensámos. No entanto provavelmente só se esqueceu do que aconteceu, tal como me aconteceu a mim.

— Nem imaginas a histeria que foi quando tocou o alarme.

— A sério?

— Sim, começou toda a gente a falar ao mesmo tempo e a perguntar-se o que se estaria a passar. Alguns até foram para a entrada a pensar que era o alarme número um.

O Mistério do InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora