Capítulo 27

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Orgulho. Esse é um dos itens da listinha gigantesca de defeitos do Sr. Willard Persiles. Ele não me procurou, não pediu desculpas, não fez nada além de ficar colado com a Evelyn, como se estivessem amarrados um com o outro. A sensação que eu tinha era de que ele estava me fazendo sentir ciúmes. Então entrei em seu jogo.

Todos os dias eu fazia algo com Thomas. O Conselho Real tinha deixado o palácio e, sem reuniões, nós tínhamos todo o tempo do mundo juntos. Pelo menos até o fim de semana acabar e todos terem que ir para o palácio oficial.

Thomas se mostrava cada dia mais gentil e atencioso e não tentou me beijar daquela forma novamente. Um dia, durante o café da manhã, pude ver Liam nos observando. Não parecia enfurecido nem nada do tipo. Seu olhar era triste, o que fez meu coração doer, como se tivessem o chutado.

A coisa mais difícil foi me manter firme no meu estado de chateada quando o que eu mais queria era estar junto a ele, que era justamente o que eu tinha que evitar, tanto que eu poderia fazer uma pequena lista sobre os motivos para isso.

Você não parece bem — Diego falou ao telefone. — Achei que estivesse feliz aí.

— E por que, na face da Terra, eu não estaria? — respondi tentando passar indiferença.

Me diga você — pediu e eu quase podia ver sua cabeça entortando, como quando conversamos pessoalmente —, você nunca precisou esconder nada de mim antes, mas agora está fazendo exatamente isso, eu não sei dizer o porquê.

— Eu não estou escondendo nada — menti.

Mateus pode ser seu irmão, mas não existe uma única pessoa no mundo que te conheça melhor que eu. Eu sei quando você está mentindo. Você é péssima nisso e não estou gostando nem um pouco de ver que você está deixando isso virar rotina.

— Diego...

Seu maxilar está tenso, não está? Ele fica tenso quando você mente! — ele me interrompeu fazendo com que eu levasse as mãos ao meu maxilar, um pouco assustada. — O que você está escondendo?

Sua voz era mais preocupada que acusatória, e eu fiquei encarando o canto do quarto. Claro que não devia fazer isso. Liam tinha deixado claro que aquela informação era altamente sigilosa. Na verdade, tudo que vem me acontecendo faz parte de uma teia de mentiras e segredos que estão me deixando louca, mas Thomas contou para Victória, que contou para Beatriz. Eu só precisava contar para uma pessoa. Não seria exagero dizer que eu perderia a minha sanidade se não tivesse a ajuda de Diego. Ele não era só meu amigo, falar com ele me ajudava a raciocinar, o que eu não fazia direito a um bom tempo.

— Não estou casando com Thomas por amor ou nada do tipo. Na verdade, eu nem ao menos tive escolha.

Por que não me disse nada naquela noite?

— Não posso contar para ninguém...

Houve um breve silêncio do outro lado da linha.

Ele está maltratando você? Ele te ameaçou ou algo assim? — perguntou em sussurros.

— Não, não. Thomas é um amor. Não tenho do que me queixar sobre ele — respondi, tentei parecer o mais sincera possível, já que aquela é a mais pura verdade.

Então... Se ele não te faz mal, o que está te incomodando? Se ele é um cara legal e está cuidando de você, não vejo motivos pra você está assim. A não ser...

— O quê? — perguntei batendo o pé no chão o que fazia o mármore cantar.

Você está a fim de alguém, não está?

Jogos da Ascensão - Livro 1 da Duologia Jogos da AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora