Capítulo 25 (trecho bônus)

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[ obs: esse capítulo contêm um trecho bônus que não existia a primeira versão do livro]

Em minha defesa, devo deixar claro que quando se coloca um número grande de mulheres dentro de uma sala por muito tempo, as coisas não podem terminar bem. Se Melba não tivesse insinuado que eu era uma vadia e que Thomas só estava comigo porque eu o seduzi e fiz com que ele dormisse comigo, a Princesa Sara não teria se metido na discussão para me defender, a rainha não teria gritado com Sara, Sara não teria respondido, Melba não teria insinuado que eu estava provavelmente dormindo, não só com Thomas, mas talvez com Willard e com o rei, e eu não teria voado na cara dela, Sara não teria tentado se meter no meio das garotas que queriam separar nossa briga, a rainha não teria puxado ela pelo cabelo, Aliena não teria derrubado Cassandra sentando em cima dela e acertando sua cara, e Felipe não teria que aparecer para chamar os guardas para separar todas. Sem falar no detalhe que as câmeras do programa estavam filmando tudo.

No fim das contas, havia três conjuntos de roupas destruídos, dez mulheres com arranhões, hematomas ou chumaços de cabelo arrancados. A única que escapou foi Sara, que fugiu no meio da confusão para procurar ajuda. Quando vi que tinha sobrado até para a Evelyn, tenho que confessar que desejei que o arranhão no braço dela tivesse sido meu.

O rei ficou sem reação diante de toda aquela confusão. Todas as tretas e intrigas tinham passado dos limites. A rainha foi a primeira e única a falar. Chamou todas de incivilizadas e deixou claro que queria todas fora da casa dela imediatamente.

— Essa casa não é sua.

Ouvi Liam corrigi-la.

— E você — ela gritou em sua direção —, seu insolente, aprenda a calar sua boca!

— Olha aqui — ele engrossou o tom —, espero que não tenha esquecido seu lugar, majestade. Lembre-se que você só é rainha hoje porque manipulou meu irmão para casar com você, que nunca passou de uma desqualificada, insolente e hipócrita que passa os seus dias se empenhando ao máximo na tarefa de fazer os outros se sentirem inferiores, para que você possa se sentir tão grande como acha que deveria ser. Enquanto isso, eu sou um Bragança Persiles, filho de Antônio III, neto de Pedro, O Grande, cujas mulheres sabiam se colocar em seu lugar. Eu tenho sangue real, Cassandra, e cumpro com minhas obrigações para com meu cargo, enquanto você não se mostrou capaz de cumprir com sua única função aqui, que seria gerar um filho. Então preste atenção quando se dirigir assim para comigo, pois só um de nós é insubstituível.

O salão ficou em total silêncio. Sara estava com o queixo caído e todo o resto estava com os olhos esbugalhados. O rosto de Cassandra estava tão vermelho quanto o vestido de Evelyn. Seus olhos pareciam que iam estourar por conta da raiva e, mesmo que eu quisesse rir, eu estava impressionada demais com toda aquela cena.

Ela olhou para o rei em busca de apoio, mas ele não disse nada. Então, cruzou os braços e fez a única reclamação que pelo visto podia fazer num momento como aquele.

— A criada me agrediu e estragou meu vestido. Exijo que ela seja demitida e punida de acordo.

— Não irei demitir Aliena — Liam explicou fazendo questão de dizer seu nome —, mas tomarei providências no que diz respeito a uma punição por agredir um membro da família real.

— Aliena? — Cassandra perguntou quase caindo no chão quando por fim a encarou.

A cor de seu rosto sumiu como se ela tivesse visto um fantasma. Todos no palácio sabiam que a rainha nunca olhava nos olhos de quem considerava inferior a ela, o que correspondia a 99% das pessoas que viviam ali. Eu não devia me surpreender com o fato de ela não ter percebido que a ex-namorada do seu marido trabalhava em Dagma. O desespero em seus olhos ao se virar para o rei foi tamanho que quase me fez ter pena dela.

Jogos da Ascensão - Livro 1 da Duologia Jogos da AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora