Era ele. Tinha sido ele desde o início.
Fazia até sentido. No dia que Thomas me deu aquela flor, contei a Liam que isso nunca tinha acontecido comigo e foi depois disso que elas começaram a aparecer no meu quarto.
Mas por que ele me daria flores?
Eu me recusava a procurar a resposta dessa pergunta, então tentei me convencer de que não passava de um sonho, o que só piorava as coisas.
Se fosse um sonho, por que eu sonharia com algo assim?
Mas não era um sonho. Quando acordei lá estava o caderno e o raminho de flores.
O passeio, a dança, a música. Foi tudo real. Meu Deus! Ele esteve mesmo na minha cama? Tão perto daquele jeito? Que diabos estava acontecendo comigo?
Eu devia parecer tão mal quanto me sentia, pois quando Aliena entrou no quarto, comentou que eu estava tão pálida como se tivesse visto um fantasma. Senti como se estivesse a ponto de pôr toda a comida para fora. Iria vomitar os pãezinhos e o vinho que tomamos ontem.
AI MEU DEUS. Tomamos vinho. Foi um encontro? Será que eu esqueci algo? E se a gente se beijou e eu não me lembro? Que desgraça estava acontecendo comigo?
Corri até o banheiro e coloquei tudo para fora com a cabeça dentro do vaso.
Não era possível. Não era real. Só que eu queria que fosse, mas eu também sabia que era loucura. Eu estava noiva do irmão dele. Do irmão!
— Danitria? Você está bem? Quer que eu chame um médico? — Aliena perguntou, parecendo, preocupada. Isso porque ela nem sabia o motivo de tudo isso. Se soubesse estaria vomitando comigo.
— Vou ficar. Eu acho. Foi algo que comi — menti.
— Vou mandar trocar seu café por algo mais leve. Já, já, estarei de volta — disse saindo do banheiro.
Veja o quão longe nós chegamos.
Eu vi. Longe demais, perto demais. Como iria encará-lo na festa aquela noite? Como eu conseguiria encará-lo de novo na minha vida?
Não demorou muito e a Princesa Sara, acompanhada do cachorro deles, entrou em meu quarto ansiosa para ver meu vestido, mas eu ainda estava sentada no chão do banheiro.
— Você está péssima — ela disse. — Deve ter sido alguma virose porque Liam alegou não estar se sentindo bem quando o chamei para vir comigo ver seu vestido.
Ótimo!
— O vestido está no manequim. Aliena vai me fazer experimentar assim que eu tomar meu café.
— Vem cá. Fica aí no chão não — ela me convidou se ajoelhando do meu lado, pegando minha mão.
— Vou ficar bem.
— Ficará melhor sentada no sofá.
Então, sem que a princesa precisasse pedir novamente, eu me levantei e sentei. Sara deitou-se com a cabeça no colo de Aliena enquanto eu tentava comer e eu me vi pensando em quão estranho era saber que Aliena havia sido sua babá. Ela tinha 23 anos e Sara 12, o que fazia dela 11 anos mais velha. De acordo com o que ela explicou, ela era uma espécie de babá ajudante que brincava com os meninos enquanto eles eram pequenos. Era engraçado ver o carinho com que Sara e Felipe a tratavam. Não era como se ela fosse uma criada.
Eu nem tinha terminado meu café da manhã quando as duas me puxaram para experimentar o vestido. Ele era completamente branco de alças e decote alto, bem rente ao pescoço. Uma fita passava em minha cintura e nas costas fazia um laço que lembrava as asas de um cisne. Era simples e lindo. E o melhor, eu poderia usá-lo com uma sandália baixa.
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Jogos da Ascensão - Livro 1 da Duologia Jogos da Ascensão
RomanceO mundo de Danitria já foi dividido em camadas. Mesmo que essas teoricamente já não existam, ela e sua família ainda vivem como formigas: trabalhadores braçais, que formam a base da sociedade, destinados a servirem os membros das camadas mais altas...