Capítulo 16

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— Ananda, Ananda, minha flor. Não olhe para seus pés. Quando você dança, não deve olhar para seus pés — Sebastian orientou perdido em meio a tantas garotas numa sala cheia de espelhos. — Beatriz, minha linda. Deixe o guarda conduzir. O homem conduz. E Guarda Miller, poupe os pés de Camila, pelo amor de Deus...

Nunca me diverti tanto assim, pelo menos não nos momentos com Sebastian. Estávamos a menos de duas semanas do baile que seria feito em homenagem ao aniversário de Liam. Pessoas importantes do mundo todo estariam ali e tínhamos que passar uma boa impressão. Ou melhor dizendo, eu tinha que passar uma boa impressão. Adam se tornou meu parceiro de dança desde o primeiro momento e nos divertimos muito com a falta de jeito dos outros e especialmente a dele.

— Não precisa continuar a dançar comigo. Seus pés... Estou mais lhe atrapalhando que ajudando — ele resmungou já cansado de pisar em meus dedos.

— Deixa disso. Se eu conseguir dançar com você, vou ser capaz de dançar com qualquer um.

Sebastian estava fazendo o que podia e o fato de algumas das garotas terem uma leveza impressionante aliviava, em muito, seu trabalho. Eu não era uma delas, claro, mas com Adam como parceiro de dança, nem ligava. Ele era um companheiro fiel. Noite sim, noite não, me acompanhava em meus passeios noturnos de insônia. Era divertido falar de nossas casas, memórias felizes e tristes. Ali, dançando com ele, Adam não era apenas um guarda, era um amigo. Era estranho ter um amigo que não fosse o Diego.

Uma vez ou outra ele me fazia rodopiar com a intenção de me tirar de meus pensamentos e trazer-me de volta à realidade.

— Muito bem, meninas, vocês estão melhorando bastante — Sebastian mentiu, pois todas que haviam começado aquela aula ruim terminaram exatamente como começaram. — Cavalheiros, muito obrigado pelo ajuda — completou com um gesto agradecendo e apontando a saída. — Sem dúvida teremos, até o baile, a junta militar mais dançante de todas — ele brincou deixando todas um pouco mais leves.

Victória ria ao meu lado sobre como Sebastian arregalava os olhos quando cometíamos gafes no momento em que ouvimos um barulho alto vindo de uma sala em nosso caminho. A porta estava aberta e a rainha estava de braços cruzados, próxima à janela, enquanto uma criada juntava os cacos de porcelana que estavam jogados ao chão junto com uma bandeja prateada. A Princesa Sara estava ali e se inclinou para ajudar a criada bem na hora que a Rainha Cassandra a encarou.

— Sara! — gritou em um tom firme que fez com que todas nós ficássemos geladas. — Uma princesa nunca se rebaixa a isso. Não seja ridícula. Levante-se imediatamente!

— Mas...

— SEM MAS, SARA! LEVANTE-SE!

Antes que pudéssemos entender o que estava acontecendo, a janela atrás da rainha veio ao chão em cacos de vidros sobre ela. Gritos tomaram conta do corredor onde estávamos e outras janelas começaram a quebrar, uma após a outra.

Sebastian nos empurrou para longe, e todas começaram a correr sem saberem exatamente para onde ir. Um grupo de guardas apareceu e nos indicou um caminho quando olhei para trás e não encontrei Beatriz. Corri em direção ao salão e a vi junto à rainha tentando levantá-la. Gritei seu nome e ela cambaleou quase caindo no chão com o susto. Fui rápida e juntas tiramos a rainha dali, enquanto o lado de fora já estava cheio de guardas.

— Ela está bem? — perguntei a Beatriz

— Acho... acho que sim. Deve ter batido a cabeça.

Nos corredores se instalava o caos. Gente correndo para todos os lados, gritos. Ouvi tiros e meus gritos se juntaram aos demais, e quando dei por mim, havíamos sido levadas para uma sala sem janelas com monitores na parede, mostrando imagens de várias câmeras do palácio.

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