Jogos da Ascensão - Livro 1 da Duologia Jogos da Ascensão

Capítulo 19

Já era tarde da noite quando ouvi um barulho vindo da varanda. A cama não parecia muito disposta a ficar sozinha e eu mesma queria poder passar o máximo de tempo possível enrolada naquelas cobertas macias. Infelizmente, o barulho na varanda não parecia concordar conosco. Ele persistiu até que eu desistisse, fosse até a porta de vidro e me deparasse com Liam ali de pé, com roupas simples e uma mochila nas costas.

Ele tinha um daqueles seus sorrisos travessos no rosto e apontou para a maçaneta, pedindo que eu abrisse a porta.

— Achei que já estaria pronta.

— Pronta para o quê? Aliás, que horas são? Como chegou aqui?

— São quase duas da manhã e você vai tomar um banho, se trocar e me acompanhar — respondeu me empurrando para o banheiro.

Eu até tentei protestar, mas não adiantou muito. Peguei a primeira roupa limpa que encontrei pelo quarto e entrei no banheiro para me trocar. Eu estava trabalhando para prender meu cabelo quando eu o vi deitado sobre minha cama usando os braços como apoio para a cabeça. Ele havia se proclamado senhor do quarto e a forma como estava jogado sobre a cama me fez rir.

— Por que seus travesseiros são mais macios que os meus? — ele reclamou feito uma criança.

— Essa é uma pergunta que não tenho como te responder. Agora sai daí e vamos logo.

— Não... Me deixe curtir isso aqui. Esse perfume no travesseiro é seu?

— Vamos... — choraminguei ao pé da cama.

Ele fez que levantaria e me estendeu a mão como um pedido de ajuda, apenas para me puxar junto dele.

— Isso quer dizer que você vai comigo?

— Eu tenho escolha? — perguntei enquanto tentava me virar na cama, já que ele tinha me empurrado de cara no colchão.

— Ei — ele chamou me ajudando a virar para poder me olhar no rosto —, não quero que faça nada contra sua vontade.

Tirando o fato de me casar com seu irmão? Foram as palavras que surgiram em minha mente, sem que eu tivesse coragem para dizê-las.

— Para onde quer me levar?

— Você disse que eu devia fazer algo pra mim e por mim, lembra? Então resolvi comemorar meu aniversário da minha maneira. Hoje vai ter uma chuva de meteoros que, de acordo com uma revista de astronomia, poderá ser vista daqui.

— Vai chover o quê?

Ele se ajeitou na cama, apoiando-se em um dos braços e se debruçando sobre mim.

— Meteoros. São rochas, pedras enormes que ficam flutuando no espaço, como se voassem. Sabe o que é a atmosfera?

Respondi que sim.

— Então, uma das funções dela é proteger nosso planeta contra essas rochas que "flutuam" em altas velocidades por aí. A atmosfera queima essas rochas quando elas vêm em nossa direção, que podem ser do tamanho de um carro ou até bem maior, mas quando elas vão queimando na atmosfera reduzem até serem nada mais que uma pedra no chão, como... essa aqui — ele explicou puxando um cordão de dentro de sua camisa, deixando o pingente bem à mostra. — Era do meu pai. Ele me deu quando me explicou que as estrelas cadentes são na verdade meteoro e não estrelas voadoras.

Fiquei comovida por poder segurar aquela pedrinha. Ela tinha vindo de tão longe, assim como eu. No entanto, a forma como Liam falava dessa sua parte, ligada ao falecido pai, também me deixou encantada com a pedra que eu tinha deixado repousar na palma da minha mão.