Capítulo 12

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— Não vou descer por aí!

— Senhorita Bilac, não torne meu gesto algo difícil. Não é uma coisa que faço com frequência, então eu poderia aconselhá-la a aproveitar — ele ficou reclamando sem ao menos se dar o trabalho de virar em minha direção, ocupado demais arrumando nosso "transporte" para fora do palácio.

— O que não faz com muita frequência? Ser legal com as pessoas ou descer pela parede do palácio amarrado numa corda?

Cruzei meus braços sobre o peito, com a intenção de parecer durona e inflexível sobre desistir do passeio, mas, mesmo depois de olhar para mim, ele apenas riu e voltou ao trabalho.

— Ambos? — e foi só o que disse.

Eu não podia acreditar naquilo. Não sabia se ele estava zombando de mim ou falando sério. Já me parecia estranha a sua oferta de me levar para passear, mas aquilo... "Uma saída não muito comum.", ele disse, mas nem em meus sonhos mais estranhos eu poderia imaginar que teríamos que sair pendurados em cordas.

Quando perguntei como faríamos aquilo, andar de cavalo, no caso, já que eu estava com a perna imobilizada, tudo o que eu tinha recebido foram ordens de trocar de roupas, acompanhadas de um olhar aborrecido da parte dele, que dizia por si só que eu devia calar a boca. Apesar de ter ficado profundamente ofendida com aquilo, resolvi ficar quieta. Já tinha ouvido o discurso de "não discuta com seu príncipe" inúmeras vezes desde o dia em que havia chegado a Dagma. Discutir com ele é um claro sinal de idiotice, como ele mesmo já havia apontado, e querendo ou não ele estava fazendo algo legal pra mim. Não? Mesmo que não entendesse onde queria chegar com aquilo, não queria perder a oportunidade.

Depois de já ter verificado uns ganchos presos nas cordas, ele me apontou uma espécie de short de faixas grossas e ajudou Aliena a vesti-lo em mim, sobre as calças que eu já estava usando. Eu tinha a intenção de perguntar se precisava vestir aquilo para subir em um cavalo, quando o senti dando um puxão em meu short, deixando nossos rostos com apenas alguns centímetros de distância. Minha única reação foi empurrá-lo para longe.

— O que está fazendo?

— Relaxa.

— Me solta!

— Para, garota! Não estou tentando molestá-la! Mas se não quiser cair na descida, eu tenho que te amarrar a mim.

Seu tom era no mínimo irritado, porém, não o suficiente para desistir daquela loucura. Ele apenas mostrou o gancho preso em seu short e aparentemente eu deveria me prender a ele daquela forma, mas em meio a tudo aquilo, uma única coisa saiu da minha mente para a boca.

— Molestar?

— Molestar, tocar você de maneira indevida sem sua autorização, estuprar, me aproveitar de você acariciando esse seu corpinho, que, aliás, fica incrível de biquíni.

Dei pelo menos dois passos a mais para longe dele, enquanto ele colocava aquele sorriso cínico no rosto, que eu não podia ver bem pela falta de luz, mas sabia que estava ali. Meu choque não permitia fazer nada além de abrir a boca e querer que ele caísse dali para bem longe.

— Entretanto, como eu disse, não sou esse tipo de homem, não precisa se preocupar comigo. Jamais tocaria numa mulher sem seu consentimento. Então, se me permite, vou prendê-la a mim, para que possamos descer em segurança.

Respirei fundo e me virei para voltar para o quarto, antes de me aborrecer mais com aquilo tudo. Eu só queria voltar para a cama e esquecer meu pesadelo e o príncipe em minha frente, que parecia ter tomado como missão pessoal, transformar minha vida em um tipo de inferno onde ele era o Diabo. Aliena tentou conter o riso, mas eu a vi colocando a mão sobre a boca, antes de Willard me puxar de volta para a sacada e engatar meu short no dele, estávamos perto demais, ao ponto de ser possível sentir sua respiração em seu rosto.

Jogos da Ascensão - Livro 1 da Duologia Jogos da AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora