Capítulo 30

5.3K 481 185
                                    

Pela manhã, todas as malas estavam prontas e sendo carregadas até o carro, que nos levaria à pista de voo na base militar vizinha às propriedades de Dagma. Voar seria mais adequado e ajudaria o grupo que iria ser transferido para a casa do rei, para que não pegassem trânsito.

Mateus se recusou a sair de perto de mim e Thomas começou a analisar formas de transferi-lo para nossa futura casa. Por mais que tentassem me distrair, eu não estava muito para conversa. Tudo que eu queria era ir embora dali o quanto antes.

Eu já não conseguia mais chorar. Sentia-me como se estivesse anestesiada depois de uma noite como aquela, e foi como se meu corpo não conseguisse produzir mais lágrimas. Um pouco depois do café da manhã, Victória apareceu no quarto de Thomas para me ver e eu a abracei com força, pedindo desculpas por ter ficado longe e por Thomas.

— Tanto faz. Eu nunca teria chance com ele mesmo, se é que você me entende — respondeu com um pequeno e desajeitado sorriso em seu rosto.

Eu não fui capaz de retribuir. Eu contaria tudo para ela se eu não estivesse tão cansada.

— Você vai voltar para Aires? — perguntei.

— Vou sim. Já liguei para meus pais. Eles pareciam bem felizes por saberem que eu estava voltando. Eu não ganhei o prêmio final, mas estou indo pra casa. Isso já me deixa feliz.

— Vamos nos mudar para uma capitania próxima — expliquei — Queria poder te ver algumas vezes, se possível. Sei que Thomas também gostaria.

Um sorriso radiante apareceu em seu rosto e com sua confirmação eu me senti mais aliviada. Talvez as coisas pudessem voltar a ser um pouco como foram no início.

Liam não apareceu de novo. Sem súplicas, sem escândalos. Em parte, eu estava aliviada, mas a ideia de que ele já tivesse desistido de mim, fez meu coração doer.

A Rainha Cassandra estava com o diabo no couro e, sem Willard por perto, descontava sua frustração em qualquer um que cruzasse seu caminho. Eu estava contando os minutos para me livrar daquela vaca que, além de ser tudo de ruim, havia roubado o lugar de Aliena. Depois que as peças se juntaram tudo fazia sentido e minha vontade era de socar a cara dela.

— E então, garota pavão, ansiosa para ser minha hóspede? — ela perguntou com um sorriso presunçoso.

— Não vou lhe dar esse prazer — respondi com um falso sorriso em meu rosto —, mas quem sabe a gente se encontra no meu casamento.

— Não vai conosco? — perguntou parecendo não acreditar.

— Não, infelizmente. Vou para casa com meu futuro marido.

— Ah! — Ela riu. — Está fugindo de Willard.

— O quê? Está com inveja porque um deles gosta de mim, enquanto você teve que convencer Aliena a fugir para ter uma chance de manipular o rei a casar com você?

As palavras surtiram exatamente o efeito que eu desejava. A raiva se espalhou pelo rosto dela e eu achei que ela ia me bater.

— Se eu fosse você, prestava mais atenção como fala comigo — disse entre dentes. — Eu ainda sou sua rainha.

— Como se isso mudasse algo ao seu respeito.

Ela já estava com a boca aberta para responder à altura, mas um sorriso se formou em seu rosto assim que ela viu Liam aparecer no hall de entrada, onde estávamos todos prontos para nossas viagens. Meu corpo gelou quando os olhos dele pararam em mim, mas ele escolheu ir até os irmãos mais novos.

Todos nós entramos em carros e fomos até a pista de voo. Beatriz correu até mim, assim como Victória e prometemos nos encontrar assim que tudo aquilo acabasse e eu disse que as queria em meu casamento.

Três aeronaves estavam prontas.

— Então — começou Beatriz —, fiquei sabendo o que aconteceu.

— Qual parte? A que o Conselheiro Nero quase me estuprou, Thomas ou você está falando do espetáculo de ontem à noite?

— Nero fez o quê? — perguntou quase aos gritos. — Mas por quê?

— Eu ouvi uma conversa ao telefone, onde ele reclamava do rei, ele me viu e disse que eu estava o espionando. Acusou-me de roubar umas anotações, algo assim e depois me atacou — expliquei esfregando meus braços, que se arrepiavam com a lembrança.

— Diários e anotações? — ela me perguntou.

— Acho que sim. Não lembro direito.

— O que você ouviu exatamente da conversa.

Forcei a mente na tentativa de me lembrar de algo e, de repente, um estalo. Voo. Ele tinha falado algo sobre o voo. Nosso voo. Um mau pressentimento tomou conta de mim no momento em que Victória acenou para nós da entrada da aeronave.

— Thomas! — eu gritei para chamar a atenção dele, que veio em minha direção.

Só que antes mesmo de ele chegar ao meu lado, uma explosão nos jogou no chão. Meus ouvidos ficaram zumbindo e tudo o que consegui ver foi fogo. O pequeno avião estava em chamas e só então senti alguém me puxar. Thomas estava sendo carregado por dois guardas e Liam estava tentando me tirar do chão.

Num piscar de olhos eu estava em um carro, no colo de Liam, com Evelyn e Beatriz sentadas conosco. O motorista acelerou e quando eu olhei pela janela, vi Adam com uma arma apontada para

Jogos da Ascensão - Livro 1 da Duologia Jogos da AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora