Jogos da Ascensão - Livro 1 da Duologia Jogos da Ascensão

Capítulo 26

— Você não tem um palácio só seu? Não que ter um palácio seja algo tão normal assim, mas seu irmão tem um e ele é mais novo que você, se é que me entende.

Eu estava enfim no andar proibido do palácio, onde ficavam os quartos dos membros da família real. Se eu achava meu quarto gigante, agora eu poderia muito bem dizer que ele era um ovo. Os quartos deste andar não eram só dormitórios, eles tinham um escritório, uma sala de estar com mesa para fazer refeições, o dormitório e um banheiro três vezes o tamanho do meu. Era quase uma casa para cada um dentro de um palácio.

Thomas havia me convidado para uma espécie de encontro, mas, como o palácio inteiro ainda estava em um clima tenso desde o treino de luta livre entre todas nós, ele optou por me mostrar o quarto dele.

— Não é exatamente um palácio, mas eu tenho uma mansão no sul de Etama. Ela não tem tantas salas e quartos, mas tem um vinhedo. Não gosto muito de coisas grandes e pomposas. Liam que gosta dessas coisas e tem ligações com esse lugar. Todos fomos criados aqui, mas Ric prefere as cidades grandes e eu, apesar de gostar de campo, prefiro edificações menores.

— Moraremos em uma vinícola?

— A vinícola é numa parte separada da propriedade. Você não vai ter que dividir espaço com barris de vinho, eu prometo.

Sorri e voltei a folhear o álbum de fotos que eu tinha em minhas mãos. Havia fotos de todos eles criança. Sara com seu primeiro coelho, Felipe, quando ainda estava aprendendo a andar. O rei com apenas seis anos segurando Thomas no colo. Tinha até uma foto de Liam sem dente. Momentos em família registrados por pais corujas foi como Thomas havia descrito.

— É sua mãe? — perguntei apontando para uma das fotos no álbum.

Foi tirada em um ambiente aberto, com grama e árvores no fundo. A mulher era jovem, usava um vestido longo de um tom rosa salmão agradável, quase da cor do bebê em seu colo. Era uma foto linda. Seus rostos estavam unidos pela testa e o bebê parecia completamente apaixonado por sua mãe.

— É ela sim, com Liam. Ela e essa aqui do nosso pai foram tiradas na minha atual propriedade. Nossa casa... — explicou enquanto mostrava a outra foto, em que Liam ria, deitado próximo à cabeça do pai, que o olhava todo bobo.

— Ele era tão fofinho...

— Essas dele maior foram tiradas em passeios em família. Ele com 15 anos de óculos e essa foi esse ano, em um passeio de iate que fizemos antes dos jogos. O sorriso dele está muito parecido com o dela... Por isso coloquei aqui — explicou apontando para uma foto em que Liam estava sem camisa, com uma toalha no ombro.

Tentei não ficar olhando muito tempo para a foto que fazia com que eu quisesse está com ele em vez de Thomas. Para minha sorte, Gaspar enfiou o focinho em meu colo, pedindo por carinho. Ele era um tipo de bebê grande e desengonçado.

— Gaspar Persiles? — perguntei para Thomas enquanto apontava para o pingente na coleira dele.

— Irmão gêmeo de Call.

Não achei que fosse possível se entalar com o ar, até aquele momento. Eu tentava rir, mas o som saía mais como uma tosse, o que fez com que Thomas gargalhasse. Sua gargalhada não era tão elegante quanto o resto do conjunto. Ele era tão alto, sua postura era tão perfeita. Ele tinha aquele mesmo ar superior que rondava Liam.

— Vocês são tão maldosos...

— Você sabe como são os irmãos.

— O meu não é assim. Ele cuidava de mim, mas meus primos só faltam se matar.

— Não sabia que você tinha um irmão.

Pensei se deveria contar pra ele sobre Mateus estar no palácio, mas não saberia explicar o fato de Liam ter o remanejado de sua designação original para trabalhar ali. Ele fez aquilo para me agradar, para me ver feliz e agora eu já sabia o motivo.