Continuação - 12

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O tempo passava rápido à medida que Flávia se ocupava de suas avaliações finais na faculdade, assim como os relatórios finais do estágio. Havia sido um mês bem apertado e, de acordo com o que Gustavo dissera, só faltava mais uma entrevista a ser feita. Ele fazia grande mistério sobre quem seria o entrevistado e Flávia só imaginava que poderia ser alguém bem importante para a pesquisa, pois Gustavo parecia bastante animado.

Desde o episódio do restaurante - onde Flávia presenciou Alice e Rafael assumindo o namoro - ela evitara telefonar ou se encontrar com Rafael. Sabia que, finalmente, podia desencanar com a possibilidade de acontecer algo entre eles. Nada mais de ficar interpretando olhares, conversas e outros detalhes. Até telefonara para ele no começo da semana, para lembrá-lo da recepção que fariam para Fabrício. Mas não foi uma conversa muito longa, já que o sinal da operadora estava péssimo e logo a ligação caiu.

Gustavo, desde então, se mostrava bem mais à vontade para convidá-la para sair. Flávia já não ficava tão resistente à ideia de ficar sozinha com ele e começava a gostar dos momentos que passavam juntos. Ele era carinhoso, gentil e realmente cuidava dela. Elogiava sempre, mesmo nos dias em que Flávia se sentia, particularmente, ridícula. Ela não precisava ligar para ele, ao contrário do que viveu com alguns rapazes. Ele sempre ligava para ela!

Marina dizia que "quando a esmola é grande, o santo desconfia!". Mas Flávia não conseguia, no momento, dizer um único defeito sobre Gustavo. Claro que as diferenças sobre suas crenças eram um fator que a preocupava. Por várias vezes que almoçavam ou jantavam juntos, ela pedia que ele moderasse no vinho, e ele só dizia que sabia se controlar, que já estava acostumado. Era algo além da religião, uma questão até de segurança! Como prever as reações do organismo à ingestão de álcool? Ele dirigia, mesmo depois de beber e, algumas dessas vezes, Flávia estava dentro do carro. Ela tinha habilitação e ele havia deixado que ela conduzisse.

- Eu me preocupo com você dirigindo sozinho... - tentou argumentar, em uma noite que voltavam de uma entrevista que o anfitrião oferecera champagne.

- Você fica uma gracinha quando se preocupa comigo, sabia? Mas não precisa. Sério! Eu sei o meu limite.

Parecia impossível convencê-lo de que acidentes acontecem até com quem está sóbrio! Então ela não insistiu mais, apenas parou de aceitar suas caronas.

O dia da última entrevista havia chegado e Flávia não fazia ideia de quem seria. Ela e Gustavo já estavam no carro, em direção ao hotel onde realizariam a pesquisa.

- Seria bom chegar ao hotel sabendo de quem se trata... - Flávia tentou. - Vamos lá! Quem pode ser pra você ficar assim tão misterioso? - ela não se aguentava de curiosidade.

- Você vai saber quando chegarmos lá! E por falar nisso, você já avisou à sua família que vai chegar bem tarde hoje? O entrevistado dará um show e fomos convidados a ficar, tá lembrada? - disse com um sorriso misterioso.

- Sim. Já avisei... - respondeu. Também sorria e balançava a cabeça, vencida. - Não vai me contar mesmo, né?

- Não.

- Você sabe ser cruel!

Ele apenas riu, enquanto Flávia se sentia como uma criança, aguardando a chegada do Papai Noel.

Com certeza, era alguém importante. Gustavo não faria tanta cena para nada. Quando chegaram, foram recepcionados por alguém que devia ser o assessor de imprensa. Geralmente eram eles que faziam sala, enquanto o artista se preparava para recebê-los.

Quando o Amor Acontece: A ProcuraOnde histórias criam vida. Descubra agora