Continuação - 30

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Ele não pretendia falar sobre Alice. Não agora que estava tão perto de Flávia. A verdade é que ele já sabia o que faria assim que chegasse a Belo Horizonte: terminaria o namoro que já não estava dando certo há tempos! No fundo, sempre soube que não era Alice. Ela era uma boa moça, mas eram tão diferentes! E tinha Flávia. Como pôde ignorar seus sentimentos por ela por tanto tempo? O orgulho de admitir que tinha feito a escolha errada, fez com que se fechasse para a pessoa que realmente o faria feliz. Será que se ele não estivesse namorando Alice, Flávia se interessaria por ele? Nunca saberia, pois fora teimoso em insistir em um namoro sem muitas perspectivas.

Flávia voltou a olhar para ele, esperando que respondesse à sua pergunta.

– Bem... Na verdade, antes de viajar resolvemos dar um tempo – ele omitiu que fora ele a pedir isso. Preferia dar a impressão de que Alice também estava de acordo, apesar de não ser essa a situação. – Tenho pensado há algum tempo e simplesmente não dá pra continuar. Não temos os mesmos objetivos. O que me faz voltar à estaca zero! – concluiu com um sorriso triste.

– Ah! Vamos lá! Vai ter uma fila cheia de garotas esperando por você – ela deu uma cotovelada de leve nele, tentando animá-lo.

– Pensei que seria mais fácil quando eu voltasse da missão. Mas um cara desempregado e sem diploma não faz tanto sucesso – disse com franqueza.

– Olha, sei que tem muitas moças que, digamos... esperam demais! Tive amigas que não concebiam aceitar sair com alguém que não pudesse levá-las em um lugar diferente a cada semana – Flávia bufou, demonstrando achar ridícula aquela ideia. – Elas simplesmente não entendem o que realmente importa. Mas pro seu consolo, não são todas assim, só precisa ter paciência. E Rafa, não seja tão duro consigo mesmo! Eu mesma já tive uma quedinha por você – disse sorrindo, levando aquela confissão na brincadeira.

Mas por algum motivo, Rafael não riu. Ouvir aquilo tinha feito seu coração bater um pouco mais forte. Flávia realmente já havia se interessado por ele? Céus! Como fora idiota! Não sabia se exultava de alegria por saber disso ou se batia com a cabeça no primeiro poste que encontrasse, por pura frustração. Se realmente isso fosse verdade, ele não poderia deixar que Gustavo tirasse Flávia de sua vida, porque havia esperança! Ela não podia se casar com Gustavo! Mas como fazer com que ela olhasse para ele sem vê--lo como amigo? Precisava trabalhar nisso e seria imediatamente! Sabia que, por agora, ela não iria cair em seus braços. Não seria tão fácil assim, mas precisava mostrá-la que Gustavo não era sua única opção. Ela precisava saber que ele não queria mais ser só um amigo.

Rafael sorriu, olhando Flávia com interesse, fazendo-a ficar sem graça imediatamente.

– Não vá se gabar! – ela avisou. – Até mesmo porque isso foi antes de eu te superar no forró – ela tentou brincar, se arrependendo um pouco por ter começado essa conversa.

– Eu nunca me gabaria – ele falou, olhando-a daquele jeito carinhoso. – Mas há tempo para eu te mostrar alguns passos de dança. Espero dançar com você muitas vezes ainda!

Era como se eles estivessem dentro de uma bolha, isolados do resto do mundo. Rafael se aproximava de Flávia lentamente. Ela começava a sentir uma leve tontura quando percebeu que ele olhava para os seus lábios. Ela também não conseguia olhar para qualquer outro lugar, a não ser para os lábios dele. Eles se aproximavam tão lentamente que chegava a ser doloroso para os dois. Mas aquele momento, que parecia uma eternidade, durou apenas alguns segundos antes que uma bola de futebol batesse na cabeça de Rafael.

Quando o Amor Acontece: A ProcuraOnde histórias criam vida. Descubra agora