Continuação - 26

147 17 2
                                    


Os rapazes observavam as duas rindo, enquanto tentavam levantar. Michelle havia perdido a paciência e já estava mais à frente. Num súbito de animação, os rapazes também correram para participar da brincadeira. Flávia, que acabara de se levantar ainda um tanto desajeitada, foi empurrada por Rafael, que foi empurrado por Maurício, que foi empurrado por Marina. Logo estavam os quatro amontoados, rindo e cheios de areia. Michelle havia parado adiante e, sem intenção de continuar indiferente, também começou a rir da cena.

Rafael levantou-se rapidamente e correu até ela, passando- -lhe a perna para que também caísse. Ele continuou correndo até o pé da duna, esperando que os amigos o acompanhassem. Logo todos estavam correndo e se derrubando, na escalada mais sem jeito que a lagoa podia presenciar. 

Depois de brincarem bastante, foi a vez do celular de Flávia tocar. Como o número era desconhecido, atendeu ali perto dos seus amigos mesmo.

– Oi?

– Ei, linda! Como foi de viagem? – a voz de Gustavo, apesar de soar descontraída, tinha certa tensão.

– Gustavo? – ela disse confusa. – Trocou de número?

Seus amigos ainda riam perto dela. Rafael, apesar de saber com quem Flávia estava falando, fingiu que não escutava nada.

– Esqueci meu celular em casa – respondeu secamente. – Vim visitar meus pais. Estou no celular do Gabriel.

– Hm... tá! E como vai tudo por aí? – falou em tom descontraído, ignorando o mau humor do namorado.

– Estão bem – disse simplesmente. – Aqui, vou direto ao assunto porque isso está me incomodando: você viajou com quem pra Salvador?

– Com Marina, oras! Você sabe que saímos hoje de manhã – ela sabia que, de alguma forma, ele descobrira que Rafael também estava em Salvador, mas não ia dar importância a esse fato. Precisava ser firme.

Gustavo respirou fundo. Controlar seu ciúme estava sendo difícil. Ele mesmo havia se oferecido para ir com ela na viagem. Flávia recusou, dizendo que era um momento de estar com a amiga e ajudá-la com o namorado. Mas em nenhum momento havia mencionado Rafael.

– Tá certo – Gustavo disse por fim. – Só estou com saudade – mentiu, vencido pela vontade de não brigar com a namorada e piorar sua situação. – Vê se me liga de vez em quando... – pediu com a voz mais calma. – Sabia que Clarinha não para de perguntar pela tia Flávia? – mudou de assunto.

– Ela é muito linda! – Flávia sorriu. – Manda um beijo pra ela e pra todo mundo aí! Gustavo, tenho que desligar... Vou ajudar Maurício na pizzaria – resumiu. – depois te conto os detalhes.

– Ok. Beijos, linda! A gente se fala – despediu-se não muito tranquilo, mas resignado.

Flávia percebeu que seus amigos tinham escutado toda a conversa, mas não via problema algum. Se Gustavo engrossasse o caldo, ela precisaria de privacidade, mas manter-se firme foi eficaz.

– Ei, Flavinha – chamou Rafael com cuidado. – Tá tudo bem?

– Sim – disse sinceramente. – Quer dizer, claro! – falou, incerta de que as coisas realmente iam bem. Na verdade, tudo estava uma confusão no coração e na mente dela.

– Qualquer coisa, você sabe que pode contar comigo, né? – ele se ofereceu. – Peraí... Tem um pouquinho de areia no seu cabelo ainda – aproximou-se e, com cuidado, separou algumas mechas do cabelo dela, se demorando um pouco mais que o normal.

Quando o Amor Acontece: A ProcuraOnde histórias criam vida. Descubra agora