Conversaram um pouco sobre Belo Horizonte, Salvador, Araçatuba, Brasil e findaram falando sobre a comida, que estava divina. Até os filhos menores, não adeptos a frutos do mar, gostaram. Despediram-se com abraços e promessas de retorno o quanto antes. Em alguns dias, voltariam para buscar Michelle. Combinaram de passar no hotel para o check-out e pegarem a bagagem da moça. Feito isso, os cinco jovens partiram para encontrar os pais de Maurício, que aguardavam ansiosos para conhecer Marina.
Dona Lila havia encerrado o expediente na loja de artesanatos e correra para casa, a fim de preparar uma sobremesa deliciosa para a namorada do filho, que só falava numa tal Marina desde que chegara de Minas. Seu Marcondes e Breno haviam deixado a pizzaria – onde estavam quebrando o galho para Maurício – e também aguardavam a moça. Não demorou para que chegassem. Marina suava nas mãos, nervosa com o encontro. Maurício estacionou o carro e já avistaram a mãe dele.
– Venha aqui, minha linda! – Dona Lila já os aguardava no portão. – Deixe eu te dar um beijo! – Marina abriu um sorriso enquanto descia do carro. – Olha isso, Marcondes! – falou com o marido que estava um pouco mais atrás. – Mas como é bonita! Bem que Maurício disse! – abraçou a moça com carinho. – Sejam bem-vindos à minha casa, viu? – Disse olhando para todos.
– Ô filha, que bom conhecer você! – falou Seu Marcondes que também se aproximava para abraçá-la. – Essa é a minha namorada Lila – disse brincando, apontando para a esposa. – Eu sou Marcondes, namorado dela. E aquele rapazinho ali na porta é Breno, o caçula da casa.
– Muito prazer, Seu Marcondes!
– O prazer é todo nosso! E essas mocinhas aqui?
– Essa é Flávia, amiga de Marina. E essa é Michelle, filha do casal Farias – respondeu Maurício.
– Sim, sim... Que bom conhecer vocês! – Seu Marcondes cumprimentava as moças com um aperto de mão.
– Venham, filhas, vamos entrar! – Dona Lila pegou a mão de Marina e seguiram na frente.
– E os filhos? – Maurício reclamava.
– Você e Rafael eu já conheço! – disse sem nem sequer olhar para trás. – Meninas, eu fiz delícia de abacaxi – parou e olhou para Marina. – Tu come abacaxi, né? – A moça assentiu com a cabeça, sorrindo.
As mulheres foram na frente e os homens ficaram mais atrás.
Depois de conversarem bastante e provarem da sobremesa, Maurício decidiu levar o grupo à Lagoa do Abaeté. Queria aproveitar a tarde antes de irem à pizzaria. Despediram-se da família e seguiram caminho.
Estacionou o carro próximo a uma barraquinha de água de coco e seguiram a pé até chegar às areias brancas e quentes. A água limpa e tranquila era convidativa. Caminharam um pouco e conversaram descontraídos, resolvendo sentar embaixo dos coqueiros que faziam uma sombra agradável. O dia estava quente e a digestão do almoço fez com que uma sonolência caísse sobre Rafael. Sem muita cerimônia, deitou a cabeça no colo de Flávia que estava encostada num tronco. Marina conversava baixinho com Maurício e Michelle brincava com a areia branca, puxando um assunto qualquer com Flávia. Enquanto conversavam, Flávia observava os traços delicados do rosto de Rafael que já cochilava tranquilo. O cabelo liso, que antes ficava espetado, agora já tinha crescido um pouco e adquirido mais peso. As sobrancelhas contrastavam com a pele branca, mas não tão branca quanto a dela. O nariz fino e a pinta perto da boca. O queixo, a barba que começava a crescer e os cílios compridos. Sem perceber ou planejar, Flávia concentrou todo o olhar nele e, instintivamente, acariciou seus cabelos de um jeito bem carinhoso.
– Né? – Flávia se assustou com a pergunta de Michelle.
– Oi? – seu rosto queimava. Tinha se perdido na total admiração pelo rapaz e esquecera completamente da moça ao lado.
– Dá vontade de mergulhar nessa lagoa tranquila...
– Ah, sim... Claro... Muito calor... – olhou para Marina que sorria de canto a canto, percebendo o desconcerto da amiga.
Continuaram a conversa e, tempos depois, Rafael acorda assustado com o toque de seu celular. Pediu licença e se afastou um pouco para conversar com Alice, pois era quem ligava. Michelle o observava atenta, enquanto ele se aproximava da água e brincava com o pé na areia.
– Nossa... – a moça falou para Flávia. – Ele tá um gato! Mais gato do que era na missão. Fica diferente quando eles não usam mais roupa social, né?
Flávia não podia discordar de Michelle. Realmente achava o amigo muito bonito, mas aquela conversa não estava agradando muito. Sentiu-se incomodada com o interesse súbito da loira por ele.
– Ele tem namorada e ela é linda! Dá de dez em nós duas juntas! – soltou, esperando que a moça se mancasse e parasse de dar em cima de rapazes comprometidos. Já não bastava Maurício?
Michelle – que não era boba – percebeu um tom de ciúme na voz de Flávia. Preferiu não provocar muito, pois Flávia era a única garota do grupo que conversava com ela. Permaneceram caladas por um tempo, observando a paisagem, enquanto Maurício comentava alguma coisa sobre as dunas e como era bonita a vista lá de cima.
Mesmo sem intenção, foi inevitável que o grupo ouvisse um claro "não tem nada a ver!" que Rafael disse ao telefone em tom enfático. Estava agitado, mexendo o pé na areia insistentemente. O grupo tentou não assistir de camarote e Marina continuou o assunto das dunas enquanto Rafael se aproximava. Estava com cara de poucos amigos. Michelle, mais solícita do que solicitada, levantou e o abraçou inesperadamente.
– Ai, Rafa, que cara brava! – o rapaz a encarou com seriedade, não gostando da indiscrição.
– O que vocês acham da gente subir aquela duna e tirar uma foto? – sugeriu Marina.
Enquanto as moças se adiantaram, Maurício puxou o amigo no canto:– Quem morreu?
– Nada... É que Michelle publicou a foto do almoço e Alice viu. Levei o maior pito! Tentei argumentar que não tinha nada a ver, mas ela é teimosa demais! Acho que fica encanada com a Flávia... Falei que eu vinha pra cá, mas não sabia que as meninas também estavam planejando viajar. Coincidência mesmo, mas ela acha que não! Pensa que é coisa arranjada. Enfim, cara... nem vou perder meu sábado!
Seguiram atrás das moças que já estavam adiantadas. Elas seguiam em silêncio, mas apesar da distância, Flávia conseguiu escutar uma ou duas coisas. Então Michelle tinha publicado fotos deles na rede social.
Flávia não duvidava que Alice estivesse com ciúme. Seria de Michelle ou dela? Gustavo já havia implicado bastante com a amizade dela com Rafael. Marina, vendo a expressão séria da amiga, bateu seu quadril no dela, dando uma empurradinha. Ela se desequilibrou e caiu, rindo. Puxou Marina também, se vingando. Michelle revirava os olhos, indiferente à brincadeira das duas. Elas pareciam duas crianças e não se importavam em parecer ridículas e de encherem a roupa de areia.
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Quando o Amor Acontece: A Procura
RomanceFlávia acha um celular perdido e decide devolvê-lo, mas não imaginava que o dono do telefone fosse despertar tanto o seu interesse. Rafael era encantador e, pelo que ela percebeu, também se interessou por ela. Para completar, o melhor amigo dele se...