Continuação - 21

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BELO HORIZONTE

Depois do final de semana com Gustavo, Flávia só queria pensar na sua viagem para Salvador. Precisava de um tempo longe do namorado e de toda a questão do "noivado" à vista. Não sabia o que fazer e nem o que pensar.

Gustavo era lindo, atencioso, tinha uma família espetacular e, ainda por cima, estava disposto a se comprometer com ela. Mas ela bem sabia que ele não havia aceitado um casamento religioso e nem mencionara nada a respeito. Talvez, com o tempo, isso acontecesse. Mas contar com o "se" era arriscado, ela sabia disso.

O casamento no templo sempre fora uma certeza para ela, desde criança. Agora, pensava se não havia um propósito em ter conhecido Gustavo. Quem sabe, depois de casados, ele resolva se juntar a ela em suas crenças? Poderiam ainda se casar no templo, não é? Demoraria, mas seria possível. Começava a sentir uma leve dor de cabeça ao ficar pensando demais sobre esse assunto.

Decidiu ligar para Marina, a fim de acertarem a ida ao aeroporto de Confins.

– Oi, amiga! Tá com a mala pronta? – Flávia começou.

– Praticamente desde o começo da semana – Marina confessou. – Só falta colocar escova de dente e a maquiagem que vou usar ainda antes da viagem. E você?

– Tá tranquilo. Arrumei agora de tarde. Quer que eu vá pra sua casa hoje mesmo? Já combinei com um taxista, amigo da família, pra levar a gente ao aeroporto – avisou. – Vamos madrugar!

– Eu sei! – Marina falou empolgada. – Acho que não vou conseguir dormir...

– Provavelmente, não – Flávia concordou.

– E como vai o noivinho? Ele tá de boa com a viagem? Sabe que você vai para Salvador? E ainda que Rafa vai estar lá? – provocou.

– Sim, ele tá de boa. E, sim, ele sabe que estarei na Bahia, mas não sabe que Rafa vai estar lá... Não vejo porque ele devia se preocupar com isso. Rafael é meu amigo e Gustavo já desencanou. Você devia parar de fantasiar, Marina! E nada de se referir a Gustavo como "noivinho" perto dos meus pais ou de qualquer outra pessoa! Só contei pra você e não é como se eu tivesse aceitado o pedido.

– Hm... Problemas no paraíso? – Marina provocou. – Não que eu deseje isso! Só acho que você e Rafael são perfeitos um para o outro! E os dois estão com um atraso de vida de namorado e namorada... – disse diretamente. – Só acho!

Flávia riu. Marina não tinha jeito mesmo. Não adiantava insistir no assunto, então, resolveu ir por um caminho mais seguro.

Aqui, vou acabar de arrumar minha bolsa e peço pra minha mãe me deixar aí. Você não tem noção de quantos anos não piso em uma praia! – exclamou.

– Não esquece o bloqueador solar "fator 90", viu? Não quero voltar pra BH com um camarão! – Marina fez graça.

Podexá, neguinha! Sei o que é queimadura de sol e as minhas quase beiram terceiro grau... Até mais!

Despediram-se e Flávia foi terminar seus preparativos. Sua mãe a levou para a casa da amiga, como combinado. Conversaram pelo caminho e sua mãe deu as mesmas recomendações. Mas diferente do último final de semana, Sônia parecia exultante.

– Vocês vão voltar com o Rafael, né? – perguntou, assim, do nada.

– Sim, mãe.

– É um ótimo rapaz! Ele fez missão onde mesmo? – mostrou-se interessada.

– São Paulo, acho – Flávia respondeu, sabendo muito bem onde a conversa estava indo.

– Ele ainda está namorando aquela moça?

– Alice? Sim, ainda está com ela – respondeu mais uma vez. – Mãe – disse com a voz suave –, sei que Gustavo não é o genro ideal, mas eu gosto dele! Conheci a família dele e eles são tão bons! Você vai adorá-los também. Gustavo está conhecendo a igreja e ele tem se esforçado...

Sônia não duvidava que a família de Gustavo fosse ótima e nem dos sentimentos do rapaz por sua filha. Mas seu coração de mãe doía ao pensar que talvez ela escolhesse abrir mão do casamento no templo. Sabia que se o namorado dela não compartilhasse de suas crenças, esse sonho não se concretizaria.

– Claro, filha! – apenas assentiu. – Eles devem ser ótimos mesmo! – concordou sem aprofundar muito no assunto. – Aproveite bastante a praia, mas não exagere no sol – continuou, mudando totalmente de assunto.

Flávia percebeu a angústia da mãe e doía vê-la preocupada com ela. Não chegou a contá-la sobre a insinuação de Gustavo sobre um futuro noivado. Antes de contar sobre isso, tinha que decidir consigo mesma se esse era o caminho que iria escolher. Ela sabia que uma vez tomada a decisão, não teria volta.

Quando o Amor Acontece: A ProcuraOnde histórias criam vida. Descubra agora