Continuação - 24

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O lugar oferecia uma sala de espera e lá ficaram até que os rapazes chegaram.

– Soares! – gritou um dos filhos do casal.

– Eeei! – Rafael abraçou e levantou o menino.

Todos se cumprimentaram e o casal trocou olhares quando viu que Maurício estava de mãos dadas com uma moça alta e bonita.

– Essa aqui é novidade! – brincou Ricardo.

– Essa aqui é importada! – respondeu Maurício. – Irmão, essa é minha mineira favorita, dona Marina "Futura Gomes" – Marina sorriu e cumprimentou todos apenas com um aceno tímido. – E essa é a melhor amiga dela, dona Flávia futura... – Maurício olhou para Rafael e sorriu. – Bem, é minha amiga, amiga do Soares, amiga de todo mundo!

Flávia já estava com as bochechas coradas quando também acenou a todos, rindo por causa do jeito espontâneo do amigo. Rafael só meneava a cabeça enquanto abraçava Vânia.

– Liga não, irmã... ele é assim mesmo. Dizem que a maresia faz isso com as pessoas – entrou na brincadeira.

Num estado de mau humor evidente, Michelle forçava sorrisos. Abraçou Rafael e apenas disse um "olá" para as moças. Fuzilou Marina com o olhar e recebeu indiferença. O clima tenso era notório, mas ninguém fez questão de dar atenção àquilo e já se encaminharam à mesa. Um garçom muito prestativo já os aguardava.

Após fazerem os pedidos e conversarem sobre a viagem, Michelle pergunta:

– Maurício – os pais dela se entreolharam. – Meu pai e minha mãe querem ir pra Ilhéus, mas eu disse a eles que quero ficar em Salvador. Posso... Posso ficar na sua casa? – Rafael se engasga com a própria saliva, Flávia ri de nervoso e Marina arregala os olhos enquanto força um sorriso "natural". Maurício, não contrariando a hospitalidade baiana, diz prontamente:

– Claro que pode!

– Melhor não, filha – Vânia fala ciente da inconveniência que causaria.

– Mas mãe... Eu não quero ir a outro lugar! Aliás, se eu pudesse... – olha para Maurício. – Se eu pudesse, morava até aqui! – Vânia sorri sem graça enquanto Marina sente seu estômago contorcer.

– Filha – o pai interrompe –, se quer ficar, tudo bem! Eu não vou me opor, pois sei que você iria passar todo o tempo emburrada lá em Ilhéus. Mas não vou permitir que você incomode a família do Gomes... até porque, Soares já está hospedado lá.

– Não tem incômodo algum! – Maurício reforçava. Marina respirava fundo, buscando serenidade.

Rafael foi ao socorro da amiga:

– Bem... As meninas estão hospedadas numa pousada muito boa – teve a atenção de Michelle que, até então, parecia não ouvir ninguém. – Não é? – olhou para Flávia buscando apoio e percebeu que ela havia entendido do que se tratava.

– Ela pode ficar conosco! – Flávia adiantou- -se, meio que completando a fala de Rafael.

– Isso! – Marina finalmente havia aberto a boca.

– E o preço é acessível – Flávia continuou. – Vocês podem ficar tranquilos porque o lugar é bem organizado e seguro!

Ricardo ficou calado, apenas concordou com um fraco sorriso, assentindo com a cabeça. Dava para perceber seu desapontamento com a filha. Vânia, de igual modo, apenas sorriu e agradeceu à Flávia pela indicação. Michelle, indiferente aos pais, parecia mais animada. O assunto foi drasticamente mudado para o clima daquela tarde e o almoço foi servido.

Conseguindo o que queria, Michelle parecia mais leve e até conversava mais disposta. Vendo que não tinha a atenção de Maurício, resolveu buscar a atenção de Rafael.

– Então, Rafa – já se mostrou íntima. – Como é que estão as coisas lá por BH? – Marina e Flávia trocaram olhares. Maurício deu um sorriso discreto, achando graça da situação.

– Tudo na mesma, sabe? – ele levantou os ombros.

– E é legal lá? Ouvi dizer que é bem bonita! Nunca fui.

– Certo... Então... É, é legal, sim – o rapaz parecia desconfiado. – Tem muitos lugares bonitos. É uma cidade bacana!

– Qualquer dia desses, eu vou lá te visitar!

Maurício se esforçou para controlar o riso e Rafael o olhou com reprovação.

Quando o Amor Acontece: A ProcuraOnde histórias criam vida. Descubra agora