Flávia usava uma bata longa. Fazia calor e ela sentia-se incomodada com o suor que se formava em suas costas. Decidiu enfrentar a vergonha que sentia por Rafael estar perto e tirou o vestido, ficando só com seu maiô azul marinho. Ele agiu normalmente, para alívio dela, mas pôde perceber ele espiando uma ou duas vezes, enquanto dobrava a bata e colocava em cima da mesa. Ela sorriu mais para si mesma. O engraçado de tudo é que não se sentiria tão acanhada se o sentimento entre eles fosse só de amizade, mas algo havia mudado e, com isso, cada gesto parecia significar muito.
Resolveu ela mesma puxar conversa, já que agora estava mais relaxada. Rafael a olhava diferente. Não era como Gustavo, que tinha certa malícia. Ele a olhava com admiração, mas, ao mesmo tempo, havia um carinho que demonstrava muito mais que simplesmente atração física. Ela também o havia examinado: tinha um porte esbelto, mas sem parecer musculoso demais. A pele era clara, mas nada comparada à pele alva de Flávia, que passaria por turista estrangeira facilmente.
– Acho que sou a pessoa mais branca da praia inteira – riu de si mesma. – Pior que não posso nem me aventurar em ficar muito no sol. O máximo de cor que consigo é um tom doloroso de vermelho. Queria conseguir me bronzear um pouco sem adquirir uma queimadura feia – confessou.
– Pois eu não mudaria nada em você – ele disse, sem se importar em disfarçar seu interesse por ela. – Também não posso abusar muito do sol... Por falar nisso, preciso de um favor seu – disse como se lembrasse de algo e tirou o protetor solar de uma mochila que estava na mesa. – Não consegui passar nas costas e, apesar de Maurício ser como um irmão, não rola pedir pra ele fazer isso – brincou, ao passo que Flávia ria junto.
– Passa pra cá! – ela pegou o protetor e despejou nas costas dele de uma só vez, fazendo-o se contorcer todo.
– Puxa! Essa sensação de um trem gelado na coluna, não foi por maldade não, né? – fingiu reclamar.
– Foi mal – ela ria sem parar.
Ela passava suas mãos pelas costas dele com cuidado e, aos poucos, parou de rir. Assim que o protetor foi espalhado, entregou a embalagem para ele, que agradeceu. Nesse momento, chegam Marina e Maurício, de mãos dadas e completamente encharcados. Fizeram menção de abraçar os amigos que estavam secos e com o corpo quente. Flávia logo se adiantou e saiu da reta de Marina. Rafael puxou Flávia pela mão e se dirigiram ao mar. Ela parou na beira da água, deixando uma onda molhar os seus pés. Rafael ficou ao seu lado, esperando que ela tomasse coragem de entrar mais no mar.
– Será que a maré tá puxando muito? – ela perguntou um pouco receosa. – Já faz tanto tempo que só entro em piscina.
Ele pegou sua mão e a guiou para o fundo. Ela se deixou levar, confiando que ele a protegeria e não a deixaria cair. Os dois se divertiam quando eventualmente perdiam o equilíbrio com uma onda inesperada. Quando Flávia sentiu algo passar pelo seu pé, pulou, segurando-se nos braços de Rafael. Ele a pegou no colo, como uma criança.
– Acho que um bicho passou no meu pé – ela se explicava meio apavorada, temendo pisar de novo na coisa que mal imaginava o que era. – Pode rir de mim! Você deve estar achando que sou uma fresca!
– Também senti algo passar por meus pés – Rafael concordou, achando graça. – Deve ser alga marinha – seu tom agora estava mais sério e precisou reunir todas as forças para não beijá-la ali mesmo, enquanto estavam longe de tudo e tão próximos um do outro.
Flávia parecia pensar a mesma coisa, pois desceu do colo dele para apenas segurar as suas mãos. Por um momento, Rafael ficou esperançoso de que o beijo acontecesse, mas ela apenas lhe deu um abraço.
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Quando o Amor Acontece: A Procura
RomanceFlávia acha um celular perdido e decide devolvê-lo, mas não imaginava que o dono do telefone fosse despertar tanto o seu interesse. Rafael era encantador e, pelo que ela percebeu, também se interessou por ela. Para completar, o melhor amigo dele se...