monocromia

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Quando acordei sentia que meu corpo estava com muita energia, eu não sabia o motivo, mas parecia que os meus pulmões iriam saltar do meu peito e meu coração estava tão acelerado que eu podia sentir meu sangue correndo pelas veias, me levantei rapidamente da cama, fiz minhas higienes matinais e antes que eu chegasse em meu quarto depois do banho Laís já estava deitada na minha cama ouvindo música:

_nossa, tão cedo assim?

Eu perguntei, fazendo com que ela tirasse o fone de ouvido:

_já são 5:45 e eu já estou arrumada, pois sei que você só acorda nesse horário e eu também tenho que cuidar da minha Maninha.
Ela riu

_atha, eu sei...

Peguei minhas roupas e fui me vestir no banheiro e aproveitei para fazer uma maquiagem básica, já que hoje eu provavelmente iria sair com mamãe, tipo aqueles passeios de mãe e filha, vesti por incrível que pareça, sem ajuda de ninguém, uma calça colada justa preta e uma camiseta vermelho cereja de uma cantora de música clássica e uma sapatilha azul escuro, amarrei meu cabelo em um coque, usei um pouco de rímel e um corretor de olheiras com um hidratante labial, fui até o quarto e eu já estava pronta, Laís me ajudou a descer as escadas e juntas tomamos café, na verdade não conversamos muito e o ônibus da escola Moresville já tinha chegado.

como não deu tempo dela se alimentar bem, ela acabou levando uma panqueca com mortadela dentro e saiu, depois de um tempo ouço meu pai e minha mãe descendo as escadas:

_bom dia, filha.

Os dois disseram como se tivessem combinado o momento exato de falar.

_bom dia.

Eu disse para os dois,
Mamãe preparou algumas panquecas com queijo e mortadela dentro para ela e papai, como ele estava atrasado, ele se alimentou rapidamente, me deu um beijo na testa e disse:

_filha, eu tenho que ir, se divirta com a sua mãe!!

_okay pai, tudo bem, até mais.
Ele acenou e saiu.

Mamãe continuou tomando café comigo:

_éhh, mãe, o que nós vamos fazer hoje?
Disse eu meio que sem assunto.

_ahh, princesa, isso é supresa,agora deixa só eu terminar de tomar café que eu subo e pego minha bolsa para nós sairmos, tudo bem?

_tudo bem.

Depois de dois minutos mamãe subiu as escadas e pegou sua bolsa, ela me ajudou com a cadeira de rodas, que por sinal já estava me deixando entediada,pois eu já não sentia dores no tornozelo, mas ela insistia só porque era recomendação do médico.

Entramos no carro dela e o trajeto inteiro ficamos ouvindo uma música de one republic,o nome da música era "this is life in color", que sua tradução significava (essa é a vida em cores), o trajeto inteiro para o lugar que eu ainda desconhecia foi dominado pela seguinte pergunta:
"O que essa música quer dizer?" isso me fez pensar sobre todas as cores e seus respectivos significados, pensei nas cores primárias, nas cores secundárias, que eram formadas através da composição das primarias, lembrei das cores quentes que davam uma impressão de agitação e sua cor principal era o "vermelho" com todo o seu explendor e seu significado sangrento a amoroso,depois pensei nas cores frias que intensificavam no ser humano uma ideia de calma e de tranquilidade e tinha como principal representante o "azul" com toda a sua glamorosa leveza e diversidade.

porém nenhum desses pensamentos me levou a realmente entender o que a melodia e letra dessa música queria dizer, até que lembrei de um assunto muito interessante que tinha aprendido a dois anos atrás, um assunto que se chamava "monocromia", isto é, basicamente falando, uma espécie de tabela que consta que uma cor quando misturada com cores neutras podem dar início a uma dimensão infinita de cores, por exemplo, se eu tiver uma cor azul bem fraco e se acrescentar um pouco de preto, essa cor vai se tornando mais escura, podendo chegar até um azul bem escuro e finalmente quando o preto já consome todo o azul, o que sobra é apenas uma tinta preta, da mesma forma, se eu tiver um azul bem escuro e acrescentar o branco, ele vai perdendo sua cor, podendo chegar até um azul quase imperceptível.
Comecei a pensar sobre todas as leis da monocromia e cheguei a conclusão de que minha vida se baseava a um preto intensificado, que me prendia a escuridão cotidiana e me deixava em um estado de espírito depressivo, mas com base em todas as mudanças que haviam ocorrido comigo eu cheguei a pensar que quem sabe minha vida já tenha se misturado com algumas pigmentações claras e brancas que já me deixavam em um cinza,bem... O bom é que minha vida já não era resumida a uma cor tão sem vida e sóbrio quanto o preto, e eu tenho certeza que em breve conseguirei chegar ao meu glamoroso cinza imperceptível,pois sei que dificilmente irei chegar a uma vida branca e clara(perfeita),o que quase nunca acontece.

Continuamos no carro em silêncio apenas ouvindo aquela música, deitei meu rosto sobre o vidro gelado do carro, ahh como eu amava fazer isso, e fiquei observando como as pessoas pareciam felizes, algumas crianças perto de um fonte em um praça estava brincando com barquinhos, via algumas pessoas sorrindo, algumas alunas tomando chocolate quente e conversando, via alguns casais andando sobre as calçadas das praças lotadas de gelo, mas que não congelavam o cérebro de ninguém e ponto de deixar que eles esqueçam de serem felizes.

O Inverno Me Define(em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora