Capítulo 3 - Coisas Desagradáveis

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- Não estamos namorando. - Lucca respondeu após nos olharmos por uns instantes e fazer uma careta.

- Mas eu achei que...

- Somos apenas amigos - A interrompi antes que terminasse o que ia dizer.

- Amigos que se pegam? - Onde ela queria chegar? Talvez eu soubesse.

- Não mãe, apenas amigos. - Ele agora estava vermelho de vergonha.

- Está bem! - Concordou por fim. - Eu vi a mala e pensei que estivessem morando juntos.

- Essa mala é dele. - Comentei cruzando os braços.

- Aonde pretendia ir? - Perguntou o encarando.

- É uma longa história...

- Bom, o que vamos pedir para comemorar minha chegada? - Ela desconversou ao perceber que Lucca fugia do assunto.

Com toda certeza ela sabe o que aconteceu entre nós, mas estava se fazendo de desentendida, eu até tentei ir embora, mas ela achou que eu queria ir por conta da presença dela, então resolvi ficar.

A noite estava agradável, Lucca contou o que tem feito, e eu falei a respeito de me mudar para a cidade novamente. A escolha foi comida japonesa, fiquei observando como ele fica tenso na minha presença, é como se a qualquer momento fosse sentir um alívio enorme ao me ver ir embora, mas por outro lado ele demonstrava estar preocupado com o que mais a mãe dele falaria a respeito de nós.

[Lucca]

Minha mãe me fez mudar de planos e a viagem ficou para outro dia, de preferência quando ela fosse embora, mas não demonstrei estar insatisfeito com isso, pois ela acharia que estaria com pressa para que ela fosse embora logo.

Nina foi embora após terminarmos o jantar, e eu não conseguia tirar da cabeça o que aconteceu antes da minha mãe chegar. Pensei em chamá-la para viajar comigo, mas talvez fosse uma péssima idéia, isso só iria fazer com que tudo que levei todos esses anos pra guardar entre sete chaves voltasse a estragar tudo de novo.

Dia seguinte...

Tirei o dia para dar uma volta com a minha mãe pela cidade, ela insistiu para ver como o estúdio estava desde a última vez que o viu, mas consegui convencê-la de irmos outro dia e a levei para dar uma volta no parque.

- Como vocês estão? - Perguntou enquanto me fitava com os olhos.

- Vocês quem? - A olhei sem entender.

- Quem mais? Você e Nina, como estão? Não pense que me esqueci do que houve. - Ela agora me olhava com os olhos cheio de curiosidades.

- Já disse que somos amigos, nada mais, superei o que tinha pra superar e estamos seguindo nossas vidas. - Respondi enquanto olhava para o lago a nossa frente.

- Superou mesmo? - Ela sabia que não, sabia que a presença de Nina havia acabado com toda essa idéia de superar o passado.

- Mãe, podemos não falar disso? - Fiz uma careta a encarando.

- Está bem, quando vai me dar netos? - Comecei a rir ao ouvir o que ela disse, minha mãe parece que não bate muito bem da cabeça.

- Não te contei né? Eu operei para não ter filhos. - Brinquei já sabendo a reação dela.

- Você não fez isso Lucca Bradley! - Ela fez uma cara de brava que até fiquei com medo.

- Claro que não mãe, mas também não terei filhos tão cedo. - Respondi rapidamente.

- Olha quem está ali... - Comentou ao ver Nina do outro lado do parque. - NINAAA! - O grito dela entrou no meu ouvido de um jeito que eu jurei que ia ficar surdo.

Irônia do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora