Capítulo 34 - O reencontro

665 52 8
                                    


Poucos dias se passaram e eu não queria acreditar que o corpo encontrado era de Lucca, o laudo da arcada dentária não saia e o desespero tomava conta da gente. Estava tudo pronto para viajarmos, mais eu não queria ir sem Lucca, esteja ele morto ou não, se o corpo encontrado for mesmo o dele, pelo menos ele morreu salvando a vida da nossa filha e eu serei eternamente grata por essa atitude dele, mas me culparei o resto dos meus dias por tê-lo deixado ir.

A verdade é que só agora eu vi que eu me perco sem ele, disseram que se encontraram apenas um corpo e o outro sumiu, eles acreditam que seja Lucca e que o maldito do sequestrador de Sophia tenha saído ileso dessa já que ele era o único que sabia da existencia de uma bomba. Mais eu não quero acreditar, eu não quero aceitar que esse seja o fim, não quero que tudo se acabe assim dessa forma. Porque de todos os livros da vida o meu não pode ter um final feliz? Aquele em que tudo vai mal, mais acaba bem.

- Mamãe vamos pra casa sem o Papai? - Perguntou Sophia mais uma vez enquanto me via arrumar as malas.

- De coração? - Indaguei sentando e dando um longo suspiro. - Eu não queria de forma alguma partir sem ter a certeza, mas temos que ir, o laudo chegará para nós em breve.

- Isso não é justo, vamos deixa-lo aqui sozinho? - Debateu indignada. - Ele não está morto mamãe, eu sei disso, papai é muito esperto pra morrer assim.

- Filha infelizmente essa é a realidade que estamos vivendo, termine de arrumar as suas coisas. - Disse e um nó se formava em minha garganta.

- E aquela história de que o Tio Raphael viria para dar continuidade nisso pela senhora? - Sophia não pôde segurar as lágrimas, essas caiam incansavelmente.

- Ele ficou de vir depois de amanhã. - Respondi respirando fundo e a abraçando. - Não torne as coisas mais dificeis, sei o quanto está doendo passar por tudo isso, mas nós vamos superar isso juntas ok? - Sussurrei em seu ouvido.

- Ele não pode ter nos deixado assim... - Ela agora dizia entre os soluços de seu choro.

- Não mesmo... - Sussurrei segurando o choro.

Minhas forças haviam se tornado cinzas junto com aquela casa em chamas no dia do ocorrido, não sabia de onde esta força extra estaria vindo. Sophia e Eu pegamos um taxi para o aeroporto, e a cada vez que nos distanciavamos de tudo aquilo era como se meu coração fosse prensado por toneladas de aço. Como é possível não encontrarem nada entre os escombros? Nenhum sinal de que aquele corpo não seja de Lucca. Ao chegarmos no aeroporto e fazer o cheking eu me encontrava confusa, não sabia se esperava pelo embarque ou voltava para o hotel e continuava as buscas.

- Desculpe senhora, mas as autoridades nos deu a ordem de não deixar a senhora e a menina embarcarem. - Anunciou a moça do Cheking.

- Como assim? Eu recebi a ordem de que podia embarcar a hora que quisesse. - Debati.

- Parece que mudaram de idéia. - A moça me encarava com um olhar desafiador.

- Parece que minha mão também vai mudar de idéia. - Disse aumentando o tom de voz. - DROGA EU JÁ ESTOU CANSADA DISSO TUDO... - Vociferei. - Já estou bem fodida pra mais problemas não acha? - Questionei  olhando pro teto como se pudesse ver o céu.

- A senhora está bem? - Perguntou me encarando.

- Não, eu não estou bem... Posso saber o por que tenho que ficar aqui? - Perguntei nervosa.

- Porque vocês não podem viajar sem mim! - Exclamou uma voz grossa e rouca logo atrás de mim. Era impossível não reconhecer essa voz.

[ Lucca ]

Irônia do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora