Capítulo Dezesseis

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"Peço a todos os alunos que se dirijam a seus afazeres hoje. O dia está sendo usado totalmente para organização do baile. Estudantes do último ano, é necessário que passem primeiro no auditório para um comunicado importante. Obrigada."

A voz da Sr. Moore desaparece nos alto-falantes dos corredores e salas da escola. Puxo Theo o máximo que consigo para irmos ao auditório. As pessoas estão agitadas entrando em suas salas para se organizarem. O fim do ano está chegando, mais para nós do último ano é mais importante, por ser a nossa despedida, e as outras turmas parecem se importar demais com uma festa que vão ter novamente ano que vem.

Chegamos no auditório, e lá estava a diretora com um vestido justo, mas bem-comportado que se ajustava ao seu largo quadril.

— Olá, alunos, sentem-se. — ela limpa a garganta. — Semana que vem, terão a bateria de provas da escola, e daqui a um mês, começarão as provas externas para ingressarem na universidade. Iremos prepará-los ao máximo, com aulas extras e as oficinas de aptidão. Depois das provas, elas começarão, então se preparem.

Ela faz uma pausa esperando que algum aluno se manifeste, mas sem nenhuma dúvida, ela encerra o silêncio.

— Okay, então é só isso. Voltem às suas respectivas salas.

Nos levantamos e saímos em silêncio, por um breve momento, claro.

— Não entendo porque os alunos das outros anos vão participar do baile. — Theo fala com cautela, para que ninguém escute isso.

— Relaxa Theo, é só o baile, não vão estar na formatura. É bom, porque assim, terá mais gente.Ele assente.

— O que vamos estudar hoje?

— Hmm, podíamos começar com Biologia.

— Com certeza. — ele faz uma pausa. — Não querendo ficar tocando no assunto o tempo todo, mas você vai mesmo para o Departamento?

— Vou, mas acho que depois das provas. Talvez lá tenha a cura para a doença da Lexie. Preciso tentar.

— Eu sinto que você devia ficar lá.

— Por quê?

— Porque parece ser o seu lugar. E como eu sempre tenho razão, você devia me ouvir.

Fico rindo por não saber o que dizer. Por não saber o que fazer.



Passamos as tardes depois da escola estudando as matérias e a bateria de conteúdos das provas e vestibulares. Posso dizer que não é muito bom estudar tanta coisa sem uma meta sequer. Sem uma profissão na mente. A sensação que tenho é de que estou correndo sem rumo, e não tenho ninguém.

Sexta-feira. É até difícil de acreditar quando esse dia tão almejado chega. E no primeiro mural da escola estão os jogos e oficinas para a aptidão. E já percebo que meu treino vai dar indefinido, eu não sou nada.

— Não acredito. — a expressão de Theo é quase hilária, se eu não estivesse do mesmo jeito praticamente.

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Arco e flecha? Sério? Vamos caçar veados no Canadá? Acho que espingardas seriam melhores para isso.

Acho que havia mais oficinas, mas Theo me puxa tão rápido em direção ao campus que não vejo o resto da lista.

— Theo, o que foi?

— Você viu a lista? As provas parecem ser...

— Chatas? — digo, e com toda a sinceridade.

— Não, quer dizer, algumas, mas não é esse o ponto. Elas parecem precisar de dinheiro e de recursos que a escola não possui para executar.Paro e penso por um instante. Ele estava certo. Química, medicina, computadores, coisas que não tínhamos em abundância para umas oficinas de escola.

— Theo... — encaro seus olhos. — O que você acha que está por trás disso?

— Disso eu ainda não faço ideia. A diretora não falou nada sobre isso.

— Vamos deixar isso para lá. Se querem gastar com isso, que seja. Talvez seja o governo que está bancando.

— Duvido muito.

— Eu também, mas vamos agir como se fosse possível. — Ele ri disso. — Vamos nos inscrever em algumas.

Caminhamos em direção à biblioteca para nos inscrever nos testes. E quem está responsável pela inscrição? Não, não é ela. Sim, é ela. Bufei sem qualquer discrição quando a vi.

— Olá, Heather.

— Oi, Melissa. — minha decepção é nítida.

— Vai se inscrever em qual? Acho meio difícil ter um em que você seja boa.

— Concordo. É para isso que os jogos servem. Para eu saber se sou boa em algo. — ela pega uma caneta que tem um — seja lá o que for aquilo — rosa em cima.

— Não acho muito possível.

— Ah, tudo bem. Sua opinião não tem relevância mesmo. — ela dá o sorriso mais sarcástico da vida. Ignoro. — É obrigatório a inscrição em todas as modalidades?

— Não mais. Deixou de ser uma competição, apenas serão os alunos fazendo algo que querem fazer na faculdade. Que no seu caso também não é grande coisa.

— Então... — Theo fala tentando acalmar o clima aqui. — Pode se inscrever em todos os jogos?

— Sim. — ela responde se atirando como sempre. — Você quer participar de todos?

— Não. — ele diz com a cara mais cínica da história dos cínicos, enquanto dou a risada mais escandalosa possível. Melissa bufa como um buldogue resfriado.

Acabamos que escolhemos praticamente os mesmos, exceto pintura, jogos populares e cálculos, que não colocaríamos nem se um panda lutasse kung fu na nossa frente.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora