Capítulo Vinte e Três

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E se passa uma semana com a escola numa enorme bagunça. O mais importante é que não estamos tendo aula. E que estamos explorando e descobrindo desejos. Pelo menos é o que vejo dos outros, porque eu apenas estou brincando, nada parece ser o que eu quero. E essa semana será ainda melhor, porque terão os jogos que eu irei fazer. E hoje é paintball. Ainda acho que não tem lógica alguma esse jogo fazer parte dessa competição, se não é uma profissão. Quer dizer, vai saber, talvez tenha alguém que queira ser jogador de paintball.

— Theo já está colocando seu uniforme e seu colete, quando me vê e faz uma cara do tipo: "é isso?" e eu passo por ele para pegar o meu também.

Saímos para o campo, e ele está repleto de coisas que possam servir para nos ajudar, obstáculos e esconderijos. Estamos todos do A praticamente, contra todos do B praticamente. A rivalidade entre as turmas já existe e com o jogo, só intensifica, embora isso não valha de nada, isso agora é uma questão de princípios. Desde o primeiro ano. Não sei o que faço, mas só quero atirar em qualquer pessoa do time vermelho.

Depois da estratégia feita, arquiteto mentalmente meus primeiros passos. Até que alguém me desconcentra.

— Heather! — Theo sussura atrás de mim. Ele está atrás de uma pilha enorme de um monte de coisas. — Olha quem tá dando mole ali. — Ele aponta com a sua arma, para a lateral do campo. É um garoto do time vermelho do qual nós não gostamos muito. — Eu vou até aquela outra pilha, enquanto você me dá cobertura.

— Tudo isso só pra atirar nele? Vai se arriscar por uma cabeça?

— É uma questão de princípios.

Esse jogo tava mais para prestações de contas do primeiro ano, do que um simples jogo.

Ele olha para os lados: barra limpa. Não perde a oportunidade e sai correndo em direção ao garoto, que não sei por que cargas d'água ele ainda está ali. Theo chega e mira nele, mas nesse momento alguém aparece atrás dele.

— Peguei você. — ele diz e Theo se vira.

Mas ele não me viu.

— Não, eu peguei você. — digo e instantaneamente atiro, e seu ombro fica azul. Corro o máximo que posso.

— Vai Theo! — grito e Theo atira seguidas vezes para vários lugares enquanto eu faço o possível para mantê-lo limpo da tinta. A sensação de atirar é boa, e a de receber é horrível. A tinta queima na sua pele, mesmo sem contato direto. E a dor da pressão me faz querer chorar.

— Nossa. — Theo me vê encostada numa pilha de coisas. — Você tá bem?

— Estou, por quê?

— Não parece muito satisfeita.

— Se não tivesse sido rosa estaria bem melhor. — falo, me referindo a enorme mancha rosa em minha barriga.

— Só você mesmo.

Perdemos o jogo. Não que eu me importe muito, pelo menos me diverti.

Estou adiando as respostas dos pensamentos que rondam a minha cabeça. Nunca estive tão confusa em toda minha vida. Tudo está contra mim. Procuro me desvencilhar dessas coisas, ainda tenho tempo, não preciso ficar pilhada. Tudo está bem.

Megan é a pessoa mais chata desse lugar. Ela parece não gostar muito de mim, e nem se esforça para disfarçar. Ela dificulta tudo. Bufo quando escuto a sua voz atrás da porta.

— Já estou pronta. — digo, destravando a porta.

— Hoje você vai criar um remédio.

— Ótimo jeito de começar o dia. — ela ignora meu sarcasmo e sai andando com a droga de seus sapatos machucando meus ouvidos.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora