Capítulo Vinte e Cinco

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Tudo parece normal. Tudo parece bem. Exceto eu. Ora, tenho certeza do que estou fazendo e do que quero, ora eu não sei nem quem sou. A única coisa que sei é que tenho que fazer alguma coisa, ter uma história. Acredito que todos nós devemos viver de modo a, no mínimo, ter uma história para contar. Seja boa, seja ruim. E eu quero isso para mim. Quero pessoas envolvidas nessa história, e que eu leve para sempre comigo.

Decido tirar o dia de folga de treinamento e chamo Theo para conversar.

— Por que está tão bonito? — pergunto ao vê-lo andar em minha direção com um casaco preto por cima de uma camiseta branca, calça e tênis mais sofisticados do que normalmente o vejo usar. — Espera, está usando cachecol?

— Não enche. — ele diz me abraçando enquanto me suspende no ar. — O inverno está chegando mais rápido do que o previsto. E qual o problema, você não gostou?

— Eu gostei, está menos idiota do que o normal. — sorrio para ele.

— O que vamos fazer? — ele coloca as mãos nos bolsos do casaco.

— Vamos fazer uma excursão. - ele arqueia as sobrancelhas, esperando que eu explique. — Quero ir no último andar. Ver o que tem.

Ele não reage.

— Desculpa ter feito você sair de casa e usar seu cachecol novo pra isso. Depois a gente toma um café, está bem? — forço um sorriso largo.

— É claro que está.

Saímos e entramos em corredores e elevadores enquanto ele me conta as últimas novidades, que não são muitas, além de que Jhonattan e Melissa estão brigando muito na escola. O que está gerando muito falatório pelas fãs da Mel e de todo mundo, na verdade. Quem não gosta de uma bela discussão de namorados? E nesse caso sabemos que Jhonattan não merece uma garota que não o respeita.

— Chegamos. — Suspiro.

— Qual o interesse em vir até aqui?

— Saber o que tem. — falo como se fosse óbvio.

— Você não tem o que fazer não?

— Cala a boca e me ajuda a abrir essa porta. — ele abre com facilidade. Bufo por não conseguir fazer uma coisa tão simples.

Incrivelmente, para minha surpresa, o corredor que vem após a porta é escuro, as paredes são escuras diferente do resto do departamento que é branco. Ando sem hesitar, mas com calma para processar tudo o que penso. No final do corredor, há um grande portão e uma placa que diz: Zona de Quarentena.

— O que diabos é isso? — Theo pergunta esperando respostas.

— Não me olha assim, não faço ideia do que é. — Procuro a fechadura da porta. Mas não tem nada.

— Precisa do cartão, futura representante. — ele diz com sarcasmo.

— Claro que sim. Tão previsível querido Jeremy...

— Você não presta.

— Não mesmo. — Coloco meu cartão na frente do detector, e ele pede a digital do polegar direito.

— Acho que ele não é tão previsível assim.

Coloco meu polegar e um X vermelho aparece na tela que está na parede. Droga. Só Jeremy tem acesso a essa área.

— Que horas são?

— 9:37 pm.

— Daqui a pouco é o toque de recolher. Vamos pegar a digital dele e voltamos aqui para abrir o portão.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora