— Por que você está gritando comigo? - pergunto a Jen assim que ouço sua voz, mas sem mexer um dedo da cama.
— Não estou gritando. Só disse que já está tarde, e você deveria levantar. O dia hoje será cheio.
— Eu não estou muito bem.
— Você está péssima.
Estou mesmo. Minha visão está embaçada, minha garganta está seca, e minha cabeça está prestes a explodir.
A cama do meu quarto não parece a mesma.
— Acho que estou doente.
Jen solta uma risada que me faz fazer uma careta de dor. Ponho o travesseiro em cima da cabeça.
— Você está de ressaca. – direta como uma flecha.
— Não lembro de ter bebido.
— Não bebeu, apenas comeu balas demais.
— Balas? – me sento na cama, e ela me dá uma xícara de café.
— Sim. Aquelas balas que serviram a noite toda, você não parou de comer. Lembra que eu te disse que elas te "animam" deixando até a sensação de embriaguês? Bom, acabei de descobrir o efeito pós embriaguês: a ressaca. – ela ri, mas eu não estou achando nada engraçado.
— Você está me gozando. Balas com drogas?
— Não é uma droga, por que não vicia, tá aí uma vantagem.
— Eu vou proibir esta coisa. Você vai ver. Vou cortar o orçamento disso. – digo, botando a mão na testa, por ter elevado a voz.
— Você foi a melhor ontem. A hora que você cantou foi fantástico!
— Eu cantei? Não faria isso nem se estivesse sozinha.
— Vejamos: – Jen põe a mão no queixo, e olha para o teto, fingindo que está pensando. – Você fez.
Eu não podia estar me sentindo mais envergonhada. Não podia ter feito isso. O que vão pensar de mim agora? Se não havia estragado as coisas antes, estraguei tudo ontem à noite.
— Mas, você fez algo que me irritou muito, e quero todos os detalhes Heather.
— Dá para você ser mais clara?
— Nem se faça de desentendida, não finja que não lembra.
Eu estou atordoada.
— Jen, facilita. – digo pausadamente cada sílaba, impaciente.
— Eu estava longe, do outro lado do salão praticamente. E só soube que era você por que reconheci seus pés descalços. – ela para, de modo a me deixar nervosa propositalmente. – E você ou ele não sei, quer dizer... Enfim, vocês se beijaram.
Meu queixo cai.
— Quem eu beijei?
— Eu não sei! Achei que você soubesse sua beijoqueira!
— Tá bem! Só pare de gritar, estou com muita dor cabeça. – tomo mais um gole de café. – Tem certeza de que era eu? E ninguém viu?
— Não. Eu apenas o vi de costas, e a escuridão com as luzes fortes coloridas não ajudou muito, sem contar que eu já tinha comido muitas balas também.
— E por quê você não está como eu?
— Por que você é fraca para essas coisas.
É verdade. Sempre sou a que vomita na montanha russa, a que sempre acorda doente depois de uma festa, a que fica com mais medo dos filmes de terror, a que não consegue bater recorde de comida, a que fica com gripe só por pegar vento à noite. Sou uma fraca legítima.
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A Herdeira
AdventureTudo parece estar normal na vida de Heather Stinfer, e o que apenas a preocupa, é o futuro acadêmico. O seu pai, de quem ela nem se dava ao trabalho de lembrar, volta à tona, mas com uma notícia que mudará sua vida, através de duas pessoas misterios...