Capítulo Trinta e Três

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— Por que você está gritando comigo? - pergunto a Jen assim que ouço sua voz, mas sem mexer um dedo da cama.

— Não estou gritando. Só disse que já está tarde, e você deveria levantar. O dia hoje será cheio.

— Eu não estou muito bem.

— Você está péssima.

Estou mesmo. Minha visão está embaçada, minha garganta está seca, e minha cabeça está prestes a explodir.

A cama do meu quarto não parece a mesma.

— Acho que estou doente.

Jen solta uma risada que me faz fazer uma careta de dor. Ponho o travesseiro em cima da cabeça.

— Você está de ressaca. – direta como uma flecha.

— Não lembro de ter bebido.

— Não bebeu, apenas comeu balas demais.

— Balas? – me sento na cama, e ela me dá uma xícara de café.

— Sim. Aquelas balas que serviram a noite toda, você não parou de comer. Lembra que eu te disse que elas te "animam" deixando até a sensação de embriaguês? Bom, acabei de descobrir o efeito pós embriaguês: a ressaca. – ela ri, mas eu não estou achando nada engraçado.

— Você está me gozando. Balas com drogas?

— Não é uma droga, por que não vicia, tá aí uma vantagem.

— Eu vou proibir esta coisa. Você vai ver. Vou cortar o orçamento disso. – digo, botando a mão na testa, por ter elevado a voz.

— Você foi a melhor ontem. A hora que você cantou foi fantástico!

— Eu cantei? Não faria isso nem se estivesse sozinha.

— Vejamos: – Jen põe a mão no queixo, e olha para o teto, fingindo que está pensando. – Você fez.

Eu não podia estar me sentindo mais envergonhada. Não podia ter feito isso. O que vão pensar de mim agora? Se não havia estragado as coisas antes, estraguei tudo ontem à noite.

— Mas, você fez algo que me irritou muito, e quero todos os detalhes Heather.

— Dá para você ser mais clara?

— Nem se faça de desentendida, não finja que não lembra.

Eu estou atordoada.

— Jen, facilita. – digo pausadamente cada sílaba, impaciente.

— Eu estava longe, do outro lado do salão praticamente. E só soube que era você por que reconheci seus pés descalços. – ela para, de modo a me deixar nervosa propositalmente. – E você ou ele não sei, quer dizer... Enfim, vocês se beijaram.

Meu queixo cai.

— Quem eu beijei?

— Eu não sei! Achei que você soubesse sua beijoqueira!

— Tá bem! Só pare de gritar, estou com muita dor cabeça. – tomo mais um gole de café. – Tem certeza de que era eu? E ninguém viu?

— Não. Eu apenas o vi de costas, e a escuridão com as luzes fortes coloridas não ajudou muito, sem contar que eu já tinha comido muitas balas também.

— E por quê você não está como eu?

— Por que você é fraca para essas coisas.

É verdade. Sempre sou a que vomita na montanha russa, a que sempre acorda doente depois de uma festa, a que fica com mais medo dos filmes de terror, a que não consegue bater recorde de comida, a que fica com gripe só por pegar vento à noite. Sou uma fraca legítima.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora