Capítulo Dezoito

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Está frio. São 13:30 e era para estar mais quente. Theo pegou o carro de sua mãe e agora estamos indo ao Departamento.

— E aquela questão de biologia sobre mutações de vírus? Como vou saber? Essa prova estava um horror.

— É só assistir às aulas que você vai saber responder sem dificuldades, Jen. — diz Theo, como se não fosse óbvio.

— Mas eu assisto. Só não presto atenção.

Hoje as provas foram boas, consegui sair da sala com uma boa sensação em relação a elas.

— Poderia ter estudado também, aposto que saberia! — Theo fala com ironia. — Vick parece ser bem inteligente. Poderia ter estudado com ela.

— Ou poderia ter estudado com a gente, mas você nem fala mais comigo. — digo, revelando minha mágoa.

— Eu não estou culpando ninguém aqui pela minha futura nota baixa, porque vai ser baixa quando sair o resultado.

— Não, nós estamos te culpando por ser covarde. Esse é o nosso último ano, Jennette. E você está estragando tudo. — Meus olhos teimam em chorar. — Nunca nos separamos nesses três anos. Está traindo a nós dois. — Theo vira para olhar para Jen.

— Vocês nem se preocupam com o que eu acho! — ela aumenta o tom de voz.

— Já te fizemos essa pergunta, e você só disse que nós não entendíamos. — Diz Theo.

— É claro que não entendemos.

— Não preciso da compreensão de vocês agora. Irão me agradecer depois.

Depois de quase meia hora na estrada, falo:

— Às vezes acho que você está conspirando contra mim.

— O quê?

— É. Parece que está do lado deles, estou precisando de você, Jennette. Está difícil para mim. — Assumo.

— Não precisa de mim, Heather. Precisa de você mesma. — Nossos olhares se prolongam e de repente o carro balança e para.

— O que aconteceu? — Pergunto.

— Vamos fazer uma pausa, estou um pouco cansado.

— Tudo bem.

Ficamos um instante calados, o silêncio da estrada na floresta, entre nós no carro. A brisa forte e gelada é a única coisa que podemos ouvir.

— Sei de outra coisa sobre o Departamento.

— Então fala logo. — Theo diz, indo direto ao ponto.

— 80% do Departamento é subterrâneo. O que fica na superfície não é nada comparado com o que há lá embaixo. Vocês ainda não viram nada.

— Você tá brincando? — Theo fala tão surpreso quanto eu.

— Você já esteve lá?

— Não, mas Chad me contou. E todos lá têm profissão e trabalham em algo. Com 16 anos, quase todos já são formados e começam a trabalhar em um setor de lá.

Theo me olha. E eu já entendo o que ele quer dizer com isso.

— Isso é incrível! — Depois, sua expressão muda. — Mas, sobre o conflito com o governo, você sabe algo?

— Vick disse que não pode dizer nada fora da sua casa.

— Certo. Vamos saber em algumas horas, sem problemas. — Digo, tentando me acalmar.

— Eu posso dirigir enquanto você descansa, Theo.

— De jeito nenhum.

— Isso é machismo. — brinca ela, mas na tentativa de fragilizá-lo.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora