Capítulo Trinta

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Megan está me ajudando muito nesse processo de adaptação que eu preciso. Ela me deu um cartão de acesso, que é melhor do que o que eu tinha, e o escritório do meu pai passou a ser meu. Ganhei também um dispositivo que fica no ouvido e que, ligado a um aparelho que parece um relógio, posso me comunicar com quem quiser a qualquer momento, e até mesmo dar avisos pelos auto-falantes do meu próprio quarto, que aliás, Megan insistiu para que tivesse um maior e melhor, mas eu recusei, isso não importava agora. Mas não deixei que tomasse muito tempo, o funeral é daqui a uma hora.

— Todos possuem uma roupa preta não é? Para essa ocasião?

— Sim. Não se preocupe, estarão todos de preto.

— Está bem. Está liberada, pode ir se arrumar.

— Com licença. — ela diz e se retira.

— Heather! A água acabou! — Jen grita do banheiro.

— O que? — deixo o dispositivo na cama e vou até o banheiro. — Não acabou Jen, você atingiu o tempo limite.

— Como?

— Aqui. — aponto para um aparelho que cronometra o tempo do banho. — Aqui, nós também não nos damos o luxo de tomar um banho com mais do que o necessário.

— Mas tem espuma no meu cabelo!

— Eu vou reiniciar para você, mas da próxima vez, terá que economizar.

— Desculpe.

— Não tem problema. — reinicio o programa e ela termina o banho.

Depois que eu termino o meu, colocamos um vestido preto. O meu tem uma gola em formato V e a saia tem preguinhas, que dão volume, e se armam até abaixo do joelho. O de Jen é justo e tomara que caia, mas com uma renda que cobre toda a parte de cima. Jen prende uma mecha no topo da cabeça deixando o resto solto, enquanto eu apenas o divido no meio e deixo cair sobre os ombros.

— Heather! — Alguém me chama do outro lado da porta. Miles.

— Oi Miles. — abro a porta. — Nós já estamos indo.

— Não vim aqui chamá-las, ainda não começou. Eu queria falar com você.

— Claro. — o convido para entrar. — Se importa se Jen ficar?

— Oh não, sem problema. — ele para e se põe numa postura de soldado. — Gostaria de pedir-lhe que não cancele a festa.

— Festa?

— Sim, a festa dos recém-formados. Lembra que te convidei há umas semanas atrás? — eu assinto. — Então, devido à invasão, pensei que você iria cancelar, mas a turma quer muito. A turma de soldado, de engenheiros e químicos. Só será uma noite. E já está quase tudo pronto.

— Miles eu não sei.

— Sei que parece que não tem o menor cabimento dar uma festa numa situação totalmente inconveniente, mas creio que seu pai deixaria sem hesitar. — ele diz de uma vez. Mas parece se arrepender. — Não quis fazer comparações e não quero que...

— Tudo bem. Essa não é a questão. Os adultos já me olham esquisito, como se eu não tivesse preparo algum para estar onde estou, imagine com uma festa autorizada por mim? Eles vão me achar uma tonta. E preciso que eles realmente confiem em mim.

— Mas eles vão confiar. Não vai dar nada de errado.

— Pra quando está marcado?

— Daqui a três dias.

— Três dias! — relutante, fecho as mãos como se fosse socar algo. Penso um pouco. Eles merecem. Não posso tirar isso deles. — Está bem! Organize tudo, estarei na festa, e é bom que nada dê errado.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora