Capítulo Trinta e Quatro

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Chad não havia me beijado.

Sei que é besteira diante de tudo o que está acontecendo, mas não consigo, pelo menos uma vez ao dia, pensar a respeito. Então decidi perguntar a ele, que por sua vez negou e pareceu sincero. Mas não posso me desconcentrar. Preciso esquecer esse beijo, de vez.

Durante o dia, Miles não deu nenhuma notícia, o que me deixa tensa. Qualquer deslize e mudança de planos bota tudo por água abaixo. A sensação que tenho é de que tudo pode desmoronar em questão de segundos.

Estou de plantão no meu escritório, esperando por algum sinal de vida. Jen chega, acho que percebendo que preciso de companhia.

— Precisa descansar, líder. – ela diz, olhando por dentro do escritório.

— Não, preciso acabar com isso.

— Recebi uma ligação da minha mãe. – ela espera que eu diga algo, mas como permaneço calada, ela continua: – O colégio suspendeu as aulas.

— Por quê?

— O Departamento não é mais secreto, como já sabe, e embora as pessoas não façam ideia do que está rolando, sabem que as coisas não estão um mar de rosas. A diretora resolveu suspender em respeito ao Departamento que lhe ajudou tanto nos últimos eventos da escola.

Fico... perplexa, talvez?

— Não. – não sei como reagir. – Isso é muito gentil da parte dela, mas ela tem um cronograma para seguir; se adiar as aulas, vai se enrolar na frente. – Organizo as palavras mentalmente. – E de nada vai adiantar se a escola parar.

— É uma forma de protesto, Heather.

— Não, não. É inútil e desgastante.

— Você e sua mania de resolver tudo sozinha.

— O quê? Essa é a primeira vez que estou resolvendo algo sozinha.

— Não é verdade. Nos trabalhos da escola, você sempre fazia tudo e eu apenas precisava estudar o conteúdo para apresentar ao professor.

Franzo a testa.

— Você está mesmo dizendo isso? Não é desse tipo de coisa a qual me refiro, Jennette. Eu só quero menos pessoas envolvidas nisso.

— Você tem que entender que isso é uma coisa que você não pode impedir, Heather, aceite. – ela põe um gorro na cabeça e sai. Minha cabeça parece que vai explodir. Não de dor, mas de sobrecarga de pensamentos e ideias.

"Penso, logo existo". Neste momento, eu não queria existir. Por que sou devastada facilmente pelos meus próprios pensamentos.

•••

— Esse vírus, ao entrar em contato com a pele do indivíduo, se espalha rapidamente até chegar ao sistema nervoso e paralisar o corpo.

— Em quanto tempo? – pergunto a Megan.

— De dois a três minutos, dependendo do local em que a pessoa for atingida.

— Então deveríamos fazer diferente. – todos me olham na grande mesa de reunião.

— O que a você quer sugerir? – Vick toma partido dessa vez.

— Ao invés de armas, que já teremos muitas para igualar a defesa do exército americano, deveríamos irradiar o vírus em toda a Casa, exceto o escritório principal e o quarto do meu pai. – digo como se fosse fácil.

— Irradiar?

— Sim. Poderia ser injetável, um soro? – Megan tenta acompanhar o raciocínio.

— Melhor, deveria ser um gás. Usaríamos os dutos de ar e qualquer abertura da Casa.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora