Capítulo Vinte

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— Sou seu amigo, vou poder ter um cartão de identificação também? — de tudo o que contei a ele sobre meu primeiro dia no Departamento, o cartão de identificação foi só o que chamou a atenção dele. Claro que ele fez de propósito. E fico rindo disso.

Ele é o único que não fica me dizendo o que fazer o tempo todo.

— Eu não sei, mas vou falar com Jeremy.

Dois dias se passaram. As provas acabaram e o alívio de saber que me saí bem em muitas é reconfortante. Não penso em mais nada. Meu interesse agora é fazer a preparação. Fora as competições da escola, as provas de conclusão de ano e a formatura. Esse último mês parece estar lotado.

— Você vai fazer comigo, não é?

— Fazer o quê?

— A preparação. Vou fazer testes para ser alguma coisa no Departamento. Ter uma profissão.

— Pensei que não quisesse ficar lá.

— Não quero. Essa é a condição de Jeremy, se eu quiser sair. — ele ergue uma sobrancelha. — Se eu fizer todas as profissões e não me sair bem em nenhuma, posso escolher se vou querer ficar ou não.

— Mas você é a herdeira. Não deveria ter uma escolha.

— Sempre tem uma escolha.

— Fico contente por isso.

— Hã?

— Parece que ficou empolgada com isso, como há muito tempo não ficava, então, isso é bom.

— Acho que sim.

— Eu vou com você. Quando começa?

— Amanhã. — Ele se engasga com o próprio ar.

— Ok.

— Não fica nervoso, não vai ser nada demais.

— Espero.

Acordo mais cedo que o normal e tenho dificuldade em encontrar algo adequado para me vestir. Irei fazer testes para a área de medicina, já sabendo que meus conhecimentos e habilidades para tal são praticamente nulas. Estou quase com todo meu corpo dentro do guarda-roupa. Deixaram tudo tão arrumado que fica difícil encontrar algo. Alguém bate na porta.

— Pode entrar. — digo ainda mergulhada em minhas próprias roupas. Me dou conta de que pode ser Jeremy ou Theo, e estou apenas com uma calça preta colada, e um sutiã. Pego algo rapidamente pra me cobrir.

— Com licença, senhorita Stinfer.

— Ah, é você Megan.

— Está decepcionada?

— Não, aliviada. — dou um sorriso. — Preciso que me ajude a escolher algo para vestir.

— Aqui está. — ela diz olhando para uma pilha perfeitamente dobrada de roupas em suas mãos.

Só que tem um detalhe...

— Só tem roupas brancas? — resmungo enquanto pego as peças.

— Médicos usam branco. — Aí percebo que ela está de branco e faço a pergunta mais idiota do mundo.

— Você é médica?

— Sim. Mas no momento estou trabalhando em uma vacina. Acho que estamos próximos de uma epidemia.

Não só uma epidemia, penso. Uma guerra armada, uma guerra nuclear, um apocalipse, uma invasão extraterrestre, o fim do mundo...

— Ok, ok. — Pego uma calça branca bem justa, mas que chega até minha panturrilha e uma blusa abotoada. Prendo o cabelo num rabo de cavalo bagunçado. — Bem, já pareço uma médica, falta só a sabedoria. — digo, olhando no espelho. Megan apenas ri do que eu falo.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora