Capítulo Trinta e Oito

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Ouço o despertador ao longe. Não consigo detectar o porquê do seu alarme e quando me lembro, dou um pulo da cama.

— Vamos, Jen, acorde!

Saio abrindo o guarda-roupa procurando algo diferente. Meio difícil. Mas hoje é o grande dia.

No refeitório encontro todos e um clima suave, com um pouco de ansiedade, sente-se no ar.

— Filha, daqui a uma hora, partiremos. — diz meu pai, e nem percebera sua presença.

— Está bem.

Todos estariam no salão principal, em frente a uma grande tela, ouvindo Richard dizer música para nossos ouvidos.

Meu celular apita. Mensagem de Theo.

— O que houve? — pergunto, fechando a porta do seu quarto, que estranhamente ainda não havia visto. Mas é notável o toque neutro e rústico típico dele.

— Recebi uma notícia de Logan.

Ele faz uma pausa. Diga logo.

— Que notícia?

— Vamos perder o ano.

— O quê?

— Faz quase dois meses que estamos sem ir à escola.

— Você e Jen, porque eu já estou sem ir há uns três meses.

— Então, podemos não conseguir concluir o cronograma antes da formatura.

— Isso é ruim. — digo, colocando as mãos na cintura.

— É.

Me aproximo dele e toco seu ombro.

— Já está acabando, ok? Tudo isso está chegando ao fim, e é um fim bom. Vamos conseguir, está bem? Isso termina hoje, e então nos focamos na escola. Confia em mim, nós vamos dar um jeito.

— Eu nunca disse que não confiava em você.

Ele sempre consegue me tirar sorrisos.

— Você sempre acreditou em mim, não é? Sobre tudo isso, e cá estou.

— Acho que tenho um dedo bom para as coisas.

Sorrio com sonoridade agora.

— Deve ser.

O silêncio me faz ficar sem jeito. Decido sair.

— Preciso resolver umas coisas antes de partir.

— Claro. — ele põe as mãos nos bolsos da calça.

Me viro e saio do seu quarto.

Estou um misto de emoções. Quero ver as pessoas vibrarem ao receberem a notícia. Quero que o presidente se torne uma pessoa melhor. Me sinto culpada sabendo que ele sofre de problemas de infância, e deixá-lo no cargo, mas não há muito o que se fazer para tirá-lo de lá. As pessoas o amam, e isso é um segredo que torna o país mais amigável, o que não era muito do nosso feitio umas décadas atrás.

Andando sem rumo pelos corredores, esbarro com Megan.

— Oi, Heather! É bom encontrá-la antes do grande momento. — ela dá uma risada sem graça.

Ela está mais solta, diferente do seu jeito sério, e da sua postura firme e fechada, onde era impossível detectar a pessoa que havia por dentro.

— Posso trocar uma palavra com você?

— Claro. — digo.

Andamos até seu quarto. Super organizado e limpo, a claridade do ambiente me faz apertar os olhos.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora