Capítulo Trinta e Dois

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O segundo andar está um caos. A turma de recém-formados está se dedicando para que essa festa dê certo hoje à noite. Miles está correndo pelos corredores quando eu saio, toda de branco, o cabelo num rabo de cavalo, pronta para ir ao escritório.

— Cadê seu uniforme, soldado? — pergunto, fingindo ser séria, e depois sorrindo da sua cara assustada ao me ver.

— Heather, bom dia. Eu... Fui liberado hoje pelo Steve, mas se... Você...

— Calma, Miles, estava apenas brincando. Está tudo bem? Parece meio pálido.

— Está tudo ótimo. Eu que estou ansioso.— ele finalmente parece respirar.

— Vai dar tudo certo. — digo ao mesmo tempo que coloco a mão em seu ombro. — Que traje devo usar para ir à festa?

— Ah, a senhorita pode usar o que quiser. É uma formatura mais livre, mas vestido social estaria bom.

É impossível não sorrir da enrolação de Miles. Seu jeito atrapalhado é fofo, e com certeza deve fazer sucesso com as garotas que gostam desse jeito nos garotos. E mesmo que isso devesse me preocupar em relação à sua missão no ataque ao governo, simplesmente acredito que ele vá evoluir sua personalidade sem deixar seu jeito interferir no trabalho que escolheu para a sua vida, porque ao contrário de muitos e até de mim, ele é destemido.

— Perfeito. — falo, com empolgação. —Tenho que ir agora, até à noite.

— Até. — ele se inclina e bate continência. Estar sem uniforme não tira a profissão da pessoa.

De volta ao escritório. Que, por sinal, está uma bagunça. Há papéis soltos na mesa, canetas fora do lugar, e meus aparelhos estão em um perfeito nó. Tento organizar o melhor que posso, me sentando e começando a trabalhar.

Tive de fazer alguns cortes no setor de alimentação e de lazer, devido ao baixo orçamento que estamos tendo desde que esse problema com o governo surgiu. Como não posso de modo algum diminuir os custos na medicina e na munição — já que precisamos ter de sobra para executar o plano —, cortei nos alimentos e no lazer das crianças e eventos de finais de semana, ou seja, a festa dos formandos será o último evento feito temporariamente, e só vai acontecer pois já havia sido investido há meses, antes de todo o caos que estamos passando. Espero que seja a melhor escolha que estou fazendo, porque vai ser difícil não ter mais sorvete às terças e torta às sextas. Que as crianças não me ataquem.

Após pegar no sono por ter passado as últimas duas horas lendo coisas das quais eu nem sabia que conseguia entender, o aparelho que Megan me deu toca. Dou um salto na cadeira.

— Heather.

— Sim? — digo ainda atordoada e desacostumada com o bip do aparelho.

— A equipe de engenharia conseguiu captar uma frequência de rádio num raio aproximado de Washington DC.

Dou outro pulo na cadeira.

— Oh meu Deus! Onde eles estão agora? Peçam que venham ao meu escritório assim que puderem.

Meu coração pulsa o sangue tão rápido que sou capaz de ouvir. A esperança de estar perto de encontrar meu pai me toma subitamente, e eu me permito ficar animada.

O que pareceu ser quinze minutos depois, exatamente o tempo em que saí para pegar um café, Megan e Chad chegam.

— Conseguiram falar com ele? — nem os espero entrar totalmente.

— Não, Heather. Esse processo é meio demorado. — Chad começa a explicar. — Tio Jeremy é bem inteligente, se realmente for ele. — Seu último comentário me faz balançar a perna de nervosismo. — Ele está tentando interferir no canal de rádio mais ouvido pelos jovens daqui. Como ficamos com o equipamento ligado e sempre alguém de plantão para ouvir, conseguimos captar ruídos que foram rastreados vindos de Washington DC.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora