— Do que você está falando? — Jeremy me olha confuso. Ele repara na minha roupa branca. — Você fica bem de branco.
Não é hora para isso. Ignoro o comentário, aliás, estou irritada.
— Estava falando com duas garotas que me disseram que você estava doente. Que papo é esse? Está mentindo para todos? E se houver uma invasão? Todos devem estar preparados!
— Calma. Só não quero deixá-los assustados.
— Ah, e vai deixá-los achar que está tudo bem? — estou quase furiosa.
— É o meu povo, filha. Não é tão fácil. — Ele olha para uns papéis bagunçados na mesa, põe as mãos no cabelo e tira os óculos que nunca o havia visto usar.
— Algum problema?
— Você está certa. É provável que aconteça uma invasão do governo americano.
— Precisamos nos preparar.
— Está bem, vou fazer o comunicado hoje à noite. Quero que esteja comigo.
— Certo. — Saio do escritório com a maior cara de satisfação do mundo.
Aproveito o tempo livre e decido ir até o quarto da minha mãe. Desde que viemos para cá, que eu não falo com ela. Mas sou interrompida por Vick, que está de jaleco e suas madeixas avermelhadas estão presas numa trança.
— Como está indo nos testes?
— Todo mundo já está sabendo?
— Todos se conhecem aqui. Então o que você faz todo mundo sabe.
— Hum, acho que bem. Você está responsável pelo tratamento da Lexie, não é?
— Sim, e estou indo agora falar com a senhora Stinfer para dar notícias dela.
Me entusiasmo na esperança de tudo isso ter acabado. Vou caminhando ao seu lado até o quarto.
— Mas eu não entendo. Há umas décadas, pelo que estudei, havia cura e tratamento para muitas doenças.
— Sim. Mas nada que uma guerra possa destruir, Heather. Se realmente ficar aqui, e se o Departamento sobreviver à opressão do governo, você conhecerá a história que não está nos seus livros da escola.
Isso também me entusiasma.
— Falando em escola, você e o Chad vão continuar indo para lá?
— Já fizemos o que tinha que fazer lá, não vejo por que continuar.
— Ah, mas vão começar os jogos! Vocês deviam ir, só não podem participar, porque não vale. São muito inteligentes.
— Claro. — Chegamos no quarto da minha mãe, que está lendo alguns papéis.
— Mãe! — digo indo abraçá-la.
— Ei, o que estava fazendo, hein? — ela devolve o abraço e bagunça meu cabelo. — Onde está Theodore?
— Ele foi para casa. Mas voltará antes de escurecer. — Ela assente.
— Olá, Sra. Stinfer. — Olhamos para ela. — Ou devo dizer tia? — ela sorri, deixando de lado a seriedade. — Conseguimos curar Lexie.
— Tão rápido? — Os olhos da minha mãe brilham.
— Fizemos um tratamento de remédios radioativos com uma cirurgia para remoção de um ovário doente.
— Radiação? — pergunto.
— Sim, mas radiação benigna. Ela está bem, mas vai continuar uns dias na ala para melhores dados, e para assegurar a recuperação. — ela se aproxima e coloca a sua prancheta em cima de uma escrivaninha. — Ela não produz óvulos. Nunca produziu. Mas seu organismo tinha a ilusão de que produzia, e por isso ele tinha ciclos menstruais normais.
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A Herdeira
AdventureTudo parece estar normal na vida de Heather Stinfer, e o que apenas a preocupa, é o futuro acadêmico. O seu pai, de quem ela nem se dava ao trabalho de lembrar, volta à tona, mas com uma notícia que mudará sua vida, através de duas pessoas misterios...