Capítulo Vinte e Um

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— Do que você está falando? — Jeremy me olha confuso. Ele repara na minha roupa branca. — Você fica bem de branco.

Não é hora para isso. Ignoro o comentário, aliás, estou irritada.

— Estava falando com duas garotas que me disseram que você estava doente. Que papo é esse? Está mentindo para todos? E se houver uma invasão? Todos devem estar preparados!

— Calma. Só não quero deixá-los assustados.

— Ah, e vai deixá-los achar que está tudo bem? — estou quase furiosa.

— É o meu povo, filha. Não é tão fácil. — Ele olha para uns papéis bagunçados na mesa, põe as mãos no cabelo e tira os óculos que nunca o havia visto usar.

— Algum problema?

— Você está certa. É provável que aconteça uma invasão do governo americano.

— Precisamos nos preparar.

— Está bem, vou fazer o comunicado hoje à noite. Quero que esteja comigo.

— Certo. — Saio do escritório com a maior cara de satisfação do mundo.

Aproveito o tempo livre e decido ir até o quarto da minha mãe. Desde que viemos para cá, que eu não falo com ela. Mas sou interrompida por Vick, que está de jaleco e suas madeixas avermelhadas estão presas numa trança.

— Como está indo nos testes?

— Todo mundo já está sabendo?

— Todos se conhecem aqui. Então o que você faz todo mundo sabe.

— Hum, acho que bem. Você está responsável pelo tratamento da Lexie, não é?

— Sim, e estou indo agora falar com a senhora Stinfer para dar notícias dela.

Me entusiasmo na esperança de tudo isso ter acabado. Vou caminhando ao seu lado até o quarto.

— Mas eu não entendo. Há umas décadas, pelo que estudei, havia cura e tratamento para muitas doenças.

— Sim. Mas nada que uma guerra possa destruir, Heather. Se realmente ficar aqui, e se o Departamento sobreviver à opressão do governo, você conhecerá a história que não está nos seus livros da escola.

Isso também me entusiasma.

— Falando em escola, você e o Chad vão continuar indo para lá?

— Já fizemos o que tinha que fazer lá, não vejo por que continuar.

— Ah, mas vão começar os jogos! Vocês deviam ir, só não podem participar, porque não vale. São muito inteligentes.

— Claro. — Chegamos no quarto da minha mãe, que está lendo alguns papéis.

— Mãe! — digo indo abraçá-la.

— Ei, o que estava fazendo, hein? — ela devolve o abraço e bagunça meu cabelo. — Onde está Theodore?

— Ele foi para casa. Mas voltará antes de escurecer. — Ela assente.

— Olá, Sra. Stinfer. — Olhamos para ela. — Ou devo dizer tia? — ela sorri, deixando de lado a seriedade. — Conseguimos curar Lexie.

— Tão rápido? — Os olhos da minha mãe brilham.

— Fizemos um tratamento de remédios radioativos com uma cirurgia para remoção de um ovário doente.

— Radiação? — pergunto.

— Sim, mas radiação benigna. Ela está bem, mas vai continuar uns dias na ala para melhores dados, e para assegurar a recuperação. — ela se aproxima e coloca a sua prancheta em cima de uma escrivaninha. — Ela não produz óvulos. Nunca produziu. Mas seu organismo tinha a ilusão de que produzia, e por isso ele tinha ciclos menstruais normais.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora