— Vamos para onde? — Lexie pergunta.
— É um hospital, você vai ficar lá por...
— Mãe, conta logo. — digo, impaciente com toda essa situação.
— No caminho, eu explico.
Nem acredito no que está acontecendo. Estou indo morar no Departamento. Há poucos dias, nem sequer queria voltar para lá, e agora, aqui estou eu, indo morar com o meu pai. Gostaria de imaginar aonde isso vai dar, mas parece impossível. Minha mãe dá a partida e seguimos rumo à cidade fantasma.
— Então, Lexie. É o seguinte. Sabe o papai?
— Heather! — minha mãe me repreende.
— Ah, mãe, não vou tratá-la como uma criança. — ela volta a olhar para frente. Continuo: — Ele está vivo. E tem um grande lugar onde possuem recursos avançados. Vamos para lá, para você se tratar.
Ela parece confusa, digerindo tudo o que acabou de ouvir. Acho que minha historinha não foi boa.
— Por que só agora ele apareceu?
— Porque ele precisa de nós. Você vai entender. Eu sei que você deve estar com muita raiva dele agora...
— Não sinto raiva dele.
— Hein?
— Ele é meu pai, não é? Deve haver uma explicação para tudo. E eu sei que ele tem.
Fico pasma. Como ela consegue? Não sente ódio. É mais sábia do que eu. E eu nem sei lidar com meus sentimentos. Minha irmã de 15 anos é mais madura que eu. Aceite e orgulhe-se, Heather.
— Sim, ele tem. — afundo no banco do carro, decepcionada comigo mesma.
Algo vibra no meu bolso. Dou um pulo no carro, despertando assustada, enquanto o carro balança.
— Alô?
— Oi, Heat. Vai vir para estudarmos?
— Oi, Theo. Então, não vai dar. Estou indo para a cidade fantasma.
— O quê? Você tá bem? Sua voz está estranha.
— É assim que fica quando eu acordo. — digo, sorrindo.
— Eu te acordei? Desculpa.
— Tudo bem. Estou indo para o Departamento, Theo. Estou indo morar lá.
— Já?
— Decisão de Dona Kate. Vou fazer as provas amanhã com o meu conhecimento prévio mesmo, que sabemos que não é muito.
Ele ri do outro lado.
— Sem problemas. Fica bem, até amanhã.
— Até, Theodore. Pare de estudar tanto.
Um guarda nos trouxe para uma sala para esperarmos Jeremy. E ele aparece imediatamente, mas dessa vez, sem o terno branco, apenas uma camisa abotoada e uma calça branca, claro. A expressão dos dois é algo que nunca vi e nunca pensei que veria. É mais forte do que nos filmes. Os olhos dele se enchem de lágrimas e abrem um sorriso que ainda não conhecia. Já minha mãe, fica paralisada, com o olhar fixo se perguntando se é real. Lexie, perdida, apenas fica parada observando.
— Mike... — ele nem espera ela dizer mais nada e a abraça, e me surpreendendo mais ainda, se é que é possível, a beija.
Meus pais estão se beijando. Ok, o dia não está nem um pouco normal. Limpo a garganta para que eles percebam a nossa presença e parem.
— Lexie! — Ele diz indo ao seu encontro.
— Está cada vez mais parecida com você. — minha mãe diz emocionada. E eu estou enjoada, por ter que presenciar esta cena.
— Eu vou cuidar de você, prometo.
Ela se afasta do abraço e o encara.
— Por que ficou longe por tanto tempo?
— Não podia ficar com você, minha querida. Por mais que eu quisesse. Mas prometo lhe explicar tudo outra hora.
Ela assente com a cabeça, parecendo... Satisfeita com aquilo. Argh, vai entender.
— Vai com calma, já são duas promessas, hein. — digo, me achando no direito de ser desaforada.
— Já essa aqui, puxou ao avô.
Franzo a testa com o comentário dele. Mas ele ignora.
— Preciso conversar com a mãe de vocês, então vou levá-las aos aposentos.
Ele pega um aparelho minúsculo do bolso.
— Megan, venha até a sala de recepção. — ele pausa para ouvir. — Preciso que seja rápida, daqui a pouco dará a hora do toque de recolher.
Olho no relógio. São nove da noite. Megan, a garota que me deu água na primeira vez que vim, chega e nos leva da sala.
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A Herdeira
AdventureTudo parece estar normal na vida de Heather Stinfer, e o que apenas a preocupa, é o futuro acadêmico. O seu pai, de quem ela nem se dava ao trabalho de lembrar, volta à tona, mas com uma notícia que mudará sua vida, através de duas pessoas misterios...