Capítulo 10

54 8 5
                                    

     Meu possível pai continua parado em minha frente sorrindo, não havia mais lagrimas ou medo. Simplesmente me desliguei da realidade, não conseguia acreditar que um louco era meu pai, "Como minha mãe pode se relacionar com um cara desses?"
     Lembro de quando eu era criança ela nunca me deixava um minuto sozinho, ela escondia todas as facas, tesouras e agulhas, o porquê eu não sabia. Quando fiquei adolescente, toda vez ela ficava sentada na minha frente na hora do almoço antes de ir para a escola, assim que eu terminava de comer ela pegava meu garfo e faca rapidamente, lavava e escondia novamente, nunca perguntei o motivo mas agora sei que está relacionado a esse cara.
     Volto ao meu pequeno inferno , meu pai continuava me observando e sorrindo, então ele diz:
    
     - Bom acho que vou esperar você se recuperar desse choque, não se preocupe nós vamos ter muito tempo para conversar filhinho.
    
     Ele caminha até atrás da cadeira e começa a me levar pelo corredor cheio de celas. Eu estava paralisado, sem conseguir raciocinar, então ouço uma voz vindo de alguma das celas, dizendo:
     

     - Acabe logo com isso Charles! Eu não aguento mais essa vida!

    
     - Cala a boca ou corto sua língua desgraçado! - Diz meu pai.

     "Charles, então esse é o nome dele!", já ouvi minha mãe falando sobre um Charles pelo telefone quando eu era criança, sua mão tremia enquanto falava, mas nunca soube quem era a pessoa do outro lado da linha.
     Então começo a ouvir gritos e barulhos de metais batendo. Quando olho para uma das celas escuras, um homem pula na grade, mas não sei se era um homem pois não parecia, tinha o rosto todo costurado e não havia nariz, dou uma recuada para trás, por causa do susto que levei ao ver aquela cena, que com certeza não irá sair da minha cabeça tão fácil.
     "Tudo isso só pode ser um pesadelo, será que foi meu pai que fez isso?, porque se for, acho que estou ferrado!"
     Passamos por uma porta dupla saindo daquele corredor infernal. Bateu uma corrente de ar fresco no meu rosto, então olho para o lado e vejo um portal que em cima dele estava escrito "saída", lá fora estava escuro e chovendo. Charles para  a cadeira de rodas e diz com uma voz irônica:
    
     - Não é isso que você queria, ir embora? Pode ir eu espero! Não? Tudo bem vamos continuar então!

     Ele me guia até o elevador aperta o botão do 3° andar e a porta fecha.

     - Vamos nos divertir muito - Diz ele - Vamos recuperar o tempo de pai e filho perdido!

*****

     Ele continua me guiando por vários corredores, até que chegamos a uma sala completamente escura. Meus batimentos aceleram de novo, estava fedendo a carne podre, então Charle diz:

     - Calma aí, vou acender a luz para você não ficar assustado.

     Então quando ele acende a luz, solto um grito abafado. Era uma sala pequena, com uma mesa ao meu lado direito, cheia de facas e tesouras de vários tamanhos e modelos diferentes, até me assustei com o tamanho de uma das tesouras, ela tinha o tamanho de um facão. Logo atrás da mesa há uma pilha gigante de pedaços de corpos e uma poça de sangue que cobria a sala inteira, na minha frente havia um espelho completamente sujo e embaçado permitindo apenas ver minha silhueta e de Charles atrás de mim, embaixo a uma pia, pequena completamente cheia de sangue. Só de ver aquela cena toda me da vontade de vomitar.

     Então ele caminha até a pia à minha frente e posiciona minha câmera. E diz:

     - O padre pediu para filmar? Então vamos filmar, não esqueça de sorrir para a câmera!


     Charles caminha até a mesa ao meu lado e começa a arrumar suas facas e tesouras, ele olha para mim e sorri.


     - Por que está tão assustado? Nós nem começamos a nos divertir! - Diz ele pegando uma faca e se dirige até mim - Eu sempre quis ser médico, mas acabei trabalhando em um centro de administração antes de vir para cá, mas já estava fazendo a faculdade! - Ele se aproxima de mim - Então no dia que ira me formar eu fui até a empresa que trabalhava e fiz cirurgias em 57 pessoas, me senti o cara mais sortudo do mundo! - Então seu sorriso some do rosto - Até aqueles desgraçados me pegarem e me mandarem para este lugar! Fui amarrado e deixado para morrer na solitária, mas soube que houve um acidente no laboratórios subterrâneos, então alguma coisa me soltou, mas não sei exatamente o que era. Após esse acidente comecei a fazer o que mais gosto! Cuidei de todos e os prendi de volta em suas celas para completarem seus tratamentos.

     - Então foi você que fez isso com esses pobres coitados!

     - Eu cuidei deles! Os eduquei! Os que falavam muito palavrão, eu cortava a língua e costurava a boca. Os que ficavam me bisbilhotando eu costurava os olhos. Os que se masturbavam eu cortava seus genitais. Viu?! Os cuidei como fossem meus filhos!

     - Você é doente! - Digo olhando para aquela tesoura gigante, com medo de ele fazer alguma coisa com ela.

     Ele me olha com uma cara de bravo e diz:

     - Já que você está tão interessado na minha tesoura, toda vez que você me desrespeitar vou cortar um dedo de cada mão.

     - Não, você não pode fazer isso! - Digo chorando.

    - Posso e vou - Diz ele calmamente caminhando até a mesa e pegando aquela tesoura gigante.

     Ele se agacha a minha frente pega meu dedo do meio da mão direita e posiciona a tesoura, minhas mãos estavam tremendo.

     - Por favor! Não faça isso! - Digo se afogando em minhas lagrimas.

    - Desculpe filho, mas você tem que aprender a me respeitar, isso é para seu próprio bem.

     Então ele começa a cortar meu dedo.

     - AHHHHHHH!

     Estava quase desmaiando de tanta dor, então não sinto mais meu dedo do meio.

    - Por favor para! Eu já aprendi a lição!

     - Calma meu filho já esta acabando! - Diz ele sorrindo.

     Ele pega meu dedo mindinho da mão esquerda e posiciona a tesoura, logo começa a cortar. Grito ainda mais, pedindo para ele parar mas ele não parava. Olho para minhas mãos, elas estão tremendo e cheias de sangue.

    - Espero que tenha aprendido a lição! 

     Ele coloca a tesoura sobre a mesa. Então ouço um grito.

    - Espera um pouco aqui, papai já volta. - E sai correndo pela porta.

    "Meu Deus isso não pode estar acontecendo!", mas não consigo pensar em mais nada, estava cansado e sentindo muita dor. Então eu desmaio.






Behind MeOnde histórias criam vida. Descubra agora