Capítulo 15

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Depois de tomar café Poncho seguiu para o hospital. Notou ao passar pelo corredor que Anahí trabalhava, que sua sala estava aberta, mas não havia sinal de que estivesse ali, nem a bolsa que sempre deixava próxima da mesa. Sentiu um baque ao se chocar com alguém no corredor.

Camila: Oi amor! - passou a mão pelo rosto de Poncho - Te liguei tanto ontem e você nem me retornou. Como está se sentindo?

Alfonso: É, não estava com cabeça - respirou fundo - Péssimo.

Camila: Imagino... Mas agora tudo vai ser melhor. Não precisamos mais sair as escondidas e nem nada disso - sorria de orelha a orelha.

Alfonso: Camila preciso ir, cheguei atrasado - tirou as mãos da mulher que o tocavam - Mais tarde, mais tarde falo com você - dobrou o corredor e seguiu para sua sala.

Nas folgas entre um paciente e outro Poncho procurava pela internet algum apartamento para venda próximo do hospital. Não iria voltar para a casa dos pais, por vários motivos. Teria que aguentar Maite todos os dias. Teria que se enquadrar novamente ao limites rígidos do pai, ou seja, adeus chegar tarde das noitadas. E também porque preferia morar sozinho, levar quem quiser para sua casa, chegar a hora que quiser, e tudo o mais. E se Anahí o aceitasse de volta, teria um local perto do hospital para descansar. Recebeu a visita de Ucker durante a tarde, mais sermões, duros e verdadeiros.

O dia voou. Anahí já estava bem melhor que o dia anterior, pensou em quanto estava se torturando nos últimos dias, talvez fosse melhor mesmo que a separação acontecesse. Antes sozinha do que mal acompanhada. Agora que estava trabalhando, não teria que ficar em casa o dia todo sofrendo pelas atitudes de Poncho. Por isso decidiu que voltaria ao trabalho no dia seguinte. Tinha levado um golpe feio da vida. Mas iria superar, e de cabeça erguida. Dormiu com a filha, agarradinha. E na manhã seguinte acordou mais cedo que de costume, antes era Poncho quem a apressava para que não perdesse a hora. Agora sem ele teria que se virar nos 3O para dar conta de tudo.

Anahí: Que filha mais linda - virou-se de lado na cama, com o rosto apoiado em uma das mãos, e passou o nariz pelo rostinho da filha que fingia dormir - mais cheirosa - deu um beijinho em um dos olhos - mais amada - deu no outro - mais fofa - deu um na pontinha do nariz - mais perfeita - deu outro na testa - Mais... - sentiu os bracinhos da filha rodear seu pescoço e sorriu - AH! Pensei que ela estivesse dormindo - sorriu.

Giovanna: Eu te enganei bem direito né? - abriu um largo sorriso achando que a mãe não tivesse notado que já havia acordado.

Anahí: Nossa! Direitinho mesmo, assim não vale não - inclinou-se passando nariz com nariz - Vamos pro banho porquinha, hoje você tem ballet.

Giovanna: Ah manhê - coçou os olhos - Não posso tomar banho quando chegar?

Anahí: Eca, que fedorzinho - disse segurando a risada ao cheirar a barriga da filha - Quer que a Isa e a Manu sintam esse cheirinho ruim? - deu risada quando a menina se levantou depressa correndo para o chuveiro.

Annie ajeitou as coisas da filha e seguiu rumo à escolinha. Como uma das amiguinhas chegou junto com elas na entrada Giovanna nem pensou duas vezes ao soltar a mão da mãe e correr junto com a amiga para dentro do colégio. Anahí pediu para a moça que ficava na portaria recebendo as crianças chamar a professora de Giovanna, e quando esta apareceu, a morena explicou por cima o que estava acontecendo, não falou sobre a traição, obvio. Apenas comentou sobre a separação, e que talvez a filha tivesse alguma atitude fora do habitual e que qualquer coisa era só ligar que ela pediria para alguém buscar a pequena. A professora foi extremamente compreensiva, disse que já teve alunos que passaram por isso, e de fato as atitudes mudavam, alguns ficavam agressivos e outros se isolavam de todos. Mas que tentaria entreter a aluna ao máximo possível para que ficasse bem durante o dia. Mais tranquila Anahí seguiu para o hospital.

Amanda: Annie! - sorriu ao ver a médica - Que bom que já voltou, pensei que teria que ligar para suas pacientes de hoje.

Anahí: Ah não, irei atender todas! - sorriu e entrou em sua sala - Tenho quantos minutos até a próxima chegar Amanda? - ligou seu computador e tirou algumas coisas de dentro da bolsa.

Amanda: Bem, deixa eu dar uma olhada - ficou em silêncio por alguns segundos e voltou a falar - aproximadamente uma meia hora - atendeu ao telefone que tocou - Consultório Dra. Anahí, bom dia... - aguardou uns instantes - Ah sim Magda, compreendo. Um instante... - levantou e parou em frente a porta do consultório - Annie, a Dra. Paloma está de folga hoje, e apesar de Magda estar ligando em seu celular, não consegue contato. A Paciente está com oito meses e entrou em trabalho de parto, será que...

Anahí: Claro! - levantou já procurando por seu jaleco - Diga para subirem ela pra maternidade, estou indo pra lá.

Amanda: Certo - voltou até o telefone para dar a orientação.

Anahí conferiu seu celular antes de ir realizar o parto. Nada. Nenhuma ligação perdida. Guardou ele na primeira gaveta de sua mesa, saiu da sala e andou para enorme elevador que havia ao final do corredor. Quando a porta abriu, teve uma péssima visão.

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