Capítulo 169

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Anahí prestava atenção na programação do Discovery Home & Health, sempre gostou de assistir as séries sobre bebês, maternidade, filhos, etc. Desde muito antes de iniciar seu curso de medicina ou ter filhos. Mas hoje em especial, assistia porque não conseguia pegar no sono. Mesmo tentando mudar o foco, imaginar o açaí que deixou de tomar mais cedo estava levando ela à loucura. Já tinha assaltado a geladeira duas vezes, e mesmo comendo só gordices a vontade não desaparecia. Por isso decidiu que acordaria Alfonso.

Anahí: Amor - sussurrou - Poncho, acorda vai.

Alfonso se remexeu na cama, e abriu os olhos dando de cara com Anahí quase em cima dele.

Alfonso: Já é de manhã? - perguntou voltando a fechar os olhos.

Anahí: Não - disse receosa, ele iria ficar transtornado por ela o acordar só para dizer que estava com vontades de grávida, se lembrava de quantas vezes sentiu vontades na gravidez de Giovanna, e ele nunca fazia nada para ajudar, dizendo que era pura frescura.

Alfonso: Está passando mal? - abriu os olhos e sentou na cama preocupado, sentou tão depressa que Anahí até se assustou com o movimento repentino.

Anahí: Não amor - colocou a mão sobre o braço dele para que se acalmasse - Está tudo bem - inspirou - Eu só não consigo dormir, porque estou desejando aquele açaí.

Alfonso: Nossa amor que susto - passou as mãos pelo rosto - Não dá pra aguentar até amanhã? - olhou Anahí - O máximo que posso conseguir as duas da manhã é um pote de açaí de supermercado.

Anahí: Eu preciso de um açaí agora - disse o olhando seriamente, a hipótese de ter que esperar até amanhã a deixou irritadíssima - E você vai ter que se virar porque por sua culpa não fomos naquele maldito Açaí. E precisa ser legitimo e não congelado Alfonso.

Alfonso: Certo - disse levantando da cama, ela estava furiosa - Eu vou procurar um lugar que venda açaí legitimo a essa hora - vestiu a primeira camisa que encontrou - É a coisa mais frequente do mundo alguém querer tomar isso pela madrugada.

Anahí: E não volte para casa sem o açaí - ameaçou o marido que já estava desesperado com o mau humor da mulher, ela se encostava nos enormes travesseiros - ALFONSO! - gritou fazendo o marido voltar até a porta - Você vai de cueca?!

(...)

Alfonso rodou toda a região onde moravam, e todos os lugares possíveis que sabia da existência do bendito açaí estavam fechados. Até que parou em um restaurante qualquer e questionou se sabiam onde ele encontraria um açaí legitimo à essa hora. Foi informado que talvez adentrando a periferia poderia encontrar alguma coisa, já que alguns comerciantes ficavam com carrinhos de alimento em frente a pequenos bares ou boates esperando os jovens sair amarrados de fome. E Foi isso que ele fez, dirigiu quase nove quilômetros até que caiu em uma rua bem movimentada. Haviam pessoas paradas em portas de boates fumando, luzes de todas as cores piscando anunciando os nomes dos lugares, garotas de programa acenando para carros que passavam em baixa velocidade, inclusive Alfonso, que até pensou em parar só para perguntar se a simpática loira sabia lhe dizer onde encontraria açaí por ali.

Até que leu em uma das enfileiradas barraquinhas montada na calçada, uma placa com o dizer "Temos o melhor açaí da região", ele não pensou duas vezes ao brecar o carro e correr até lá desesperado. O lugar até que era bem razoável, a senhora que preparava o açaí parecia ser bem higiênica, usava touca, luvinha e até tinha um avental adorável. Enquanto esperava foi abordado por diversas pessoas, algumas mulheres lhe oferecendo programa, e até homens. Uma senhora lhe pedindo uma ajuda para que pudesse voltar para sua cidade natal, e até cachorro veio lhe recepcionar. Além de comprar o açaí, teve que pagar quase dez vezes o valor do alimento, para que a mulher lhe desse com um isopor, já que viraria água até que chegasse em casa. Na volta estava bem mais tranqüilo, tudo tinha dado certo e poderia voltar pra sua cama e dormir tranqüilo, sem medo da mulher lhe matar porque chegou de mãos abanando.

Alfonso: Amor - disse da sala enquanto trancava a porta - Adivinha? Eu consegui encontrar.

Passou pela cozinha para que retirasse o açaí do isopor, e ficou chocado quando viu no relógio de parede que já iam dar quatro da manhã, viveu uma aventura e tanto em duas horas. Pegou uma colher de sobremesa e agradeceu pelo açaí estar intacto. Também ele havia deixado a caixinha em seu colo, para que não corresse o risco de virar a vasilha de dentro, além de andar em baixa velocidade.

Alfonso: Aqui está seu açaí pequena - entrou sorrindo no quarto, e se deparou com Anahí virada de lado pro meio da cama e dormindo com a TV ligada no mesmo canal.

Ele andou até a cama, e deixou o copo no móvel do lado, notando duas ou três taças de sobremesa por ali, mas não deu muita atenção. Passou o dorso no rosto da esposa para acordá-la.

Alfonso: Ei vida, trouxe o seu açaí - viu a morena abrir os olhos e virar o rosto para olhá-lo - Pegou no sono minha linda? - sorriu - Aqui ó - se inclinou pegando o copo de açaí para que a esposa visse.

Anahí: Alfonso tira isso da minha frente - disse colocando a mão na boca - Não posso ver nada que me lembre sorvete que juro que vou por até meu útero pra fora.

Alfonso: Mas, Annie - disse chocado - Você me fez atravessar a cidade por isso!

Anahí: Eu sei, mas você demorou e eu acabei me entupindo de sorvete - se ergueu um pouco na cama - Desculpa amor, mas não vou conseguir tomar.

Alfonso se levantou da cama contrariado, não podia acreditar que depois de tudo o que passou ela não queria mais aquela maldição. Tirou a bermuda e a camisa deixando as peças caídas pelo chão do quarto, deu a volta na cama e deitou em seu lugar.

Anahí: Amor - disse dengosa vendo que o marido havia ficado irritado com aquilo - A Giullia está tentando dizer uma coisa, vem cá - segurou em na mão dele o puxando.

Alfonso: Annie, tudo bem, eu só quero dormir - disse chateado.

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