Moretti: É claro que eu não espero uma resposta imediata, afinal não é tão fácil mudar tão radicalmente de vida - deu um gole em sua água gaseificada - Outra cidade, outro clima, outra rotina, enfim...
Alfonso: Quanto tempo nos dá para decidir?
Moretti: Uma semana, não posso esperar mais que isso - olhou Anahí - Sei que vocês possuem uma vida em São Paulo, uma vida estável, além de outros compromissos. Mas estamos falando do Rio de Janeiro, em menos de uma hora e estamos de volta à São Paulo. Com o trânsito que temos por lá não duvido que seja mais rápido a ida até o Rio do que em alguns lugares de São Paulo.
Alfonso: É, tem toda razão - disse sorrindo.
Anahí acompanhava a conversa dos dois calada. Não era a distância que a incomodava. Alfonso estava à poucos quilômetros de casa quando fez o que fez. O problema era esse maldito desejo de sempre querer estar no topo, deixando pra trás tudo o que fosse preciso.
Anahí: Então o Doutor não vê necessidade em mudar de Estado para quem aceitar essa proposta?
Moretti: No início eu confesso que irei precisar de um amparo maior, por isso facilitaria que no primeiro ano quem aceitar o cargo permaneça no Rio, já depois de todas os ajustes necessários não vejo problema em fazer uma ponte São Paulo/Rio.
Anahí: E se houver uma recusa de ambas partes?
Moretti: Doutor Ian Somerhalder, seria minha terceira opção.
Alfonso se remexeu na cadeira. Não iria abrir mão de uma proposta irrecusável, para dar de mão beijada para Ian.
Moretti: Mas queria muito poder contar com o apoio de um de vocês. Ficarei aguardando uma resposta positiva.
Alfonso: E quanto a outra diretoria de São Paulo?
Moretti: Terá apenas um diretor, assim como a nova unidade. Quero ter um no topo, e outros o auxiliando. Podemos dizer hierarquicamente que vocês irão estar no domínio das duas bases, e outras três pessoas estarão à postos, podemos chamá-las de coordenadores quem sabe. Não quero mais sobrecarregá-los, irão planejar e outros irão por em prática, irão dirigir de fato. Nada de plantões, apenas um telefone sempre disponível para alguma emergência, infelizmente congressos e reuniões não poderão ser representados. Vocês possuem alguma dúvida? - olhou os dois - querem deixar alguma contraproposta?
Alfonso: Sendo aceito por um dos dois, quando terá inicio?
Moretti: Em um mês, por isso preciso de uma resposta em sete dias. Porque preciso encontrar alguém pro cargo caso minhas três opções não quiserem.
Anahí: Se o plano é apenas um diretor por unidade, e se nem eu e nem Alfonso aceitarmos, então...
Moretti: Estou muito convicto que um dos dois irá aceitar Dra. Anahí, por isso ainda não parei para pensar nessa situação - disse sincero - Mas falaremos sobre isso depois - Annie assentiu.
Anahí: Creio que é apenas isso - olhou pro Poncho que assentiu - Então nos falamos posteriormente Dr. Moretti - disse já se levantando sendo seguida pelos dois homens na mesa.
Moretti: Obrigado por se disporem até aqui, como sempre, jamais me decepcionam - deu leves tapas no ombro de Alfonso, que esticou a mão para se despedir.
O casal deixou o hotel sem trocarem uma palavra. Anahí sabia o que se passava pela cabeça de Alfonso, e Alfonso podia imaginar a insegurança que tomava conta de Anahí naquele momento. Teriam muito tempo para conversar a respeito dessa conversa, não precisava ser agora, não ali, com os sentimentos à flor da pele.
(...)
O
vôo tinha previsão de pouso no Aeroporto de Congonhas às 20H00, agora era 19H52, Maite aguardava os dois do lado de fora, havia passado na casa de Ian para apanhar a sobrinha.
Giovanna: Eles estão demorando um monte tia Mai - estava sentada no banco traseiro, entre os dois bancos da frente.
Maite: É que avião sempre atrasa um pouquinho meu amor - apertou o celular para iluminar as horas - Mas ainda estão no horário, já está com saudade?
Giovanna: Sim - observou algumas pessoas passarem pela calçada ao lado - É que meu pai disse que hoje ia me ajudar na lição porque amanhã vamos na casa da vovó Lena, porque o tio Chris vai visitar a gente.
Maite: É mesmo? - se virou para que pudesse olhar melhor a sobrinha - Puxa Gi, que legal hein? O tio Chris mora muito longe, por isso tem mesmo que passar o dia bem coladinha nele, porque se eu morasse tão longe, ia morrer de saudades da minha boneca - apertou o nariz da garotinha a fazendo sorrir.
Giovanna: É que ele vai ter uma filha, que ta lá em uma casa - coçou a cabeça confusa - Mas ela não tem mamãe, só dois papais - gesticulou dois com os dedinhos.
Maite: Então vai perder seu legado de única neta, bem assim? - tentou não aprofundar o assunto sobre dois pais e nenhuma mãe, afinal a imaginação da sobrinha poderia deixá-la de calças curtas.
Giovanna: A minha professora disse que existem vários tipos de família, com papai e mamãe, só a mamãe, só o papai, papai e papai, mamãe e mamãe ou uma família bem grande que não precisa ter papai e mamãe.
Maite: É isso mesmo, ela está bem certa.
Giovanna: Como é que a minha prima vai ser filha do tio Chris, se não nasceu da barriga?
Maite: Porque tem filhos que nascem da barriga e outros que nascem do coração Gi.
Giovanna: É mais bonito nascer do coração né?
Maite: Nascimento é lindo de todas as formas pequena, o importante é o amor que une a mamãe, o papai e os filhos. E não a forma com que o bebê entrou na família.
Giovanna: Tita porque na televisão as mamães ficam gritando quando vão ter o bebê? O médico corta forte a barriga?
Maite: Meu deus. Porque você não faz essas perguntas para sua mãe? Ela estudou 8 anos para saber de tudo isso - Giovanna inclinou o rosto tentando entender o que a tia falava.
Maite limpou o suor que já estava presente em sua testa, e aumentou o ar condicionado antes de começar a explicação que renderia muitas perguntas.
Maite: Existem duas formas de tirar o bebê da barriga da mamãe - olhou a sobrinha - O médico pode abrir a barriga, e tirar o bebê ou o bebê nasce pela, uhm. Pela florzinha da mamãe, e eu imagino que deve doer muito, por isso elas gritam tanto.
Giovanna mantinha a boquinha aberta, a mãe sempre que esclarecia suas dúvidas de como o bebê chegava até o colo da mamãe, com a história de que o médico abria a barriga. Imaginar um bebê saindo pela florzinha, era um pouco assustador.
Giovanna: Você nasceu da barriga da vovó né?
Maite: Sim, eu nasci da barriga porque eu fiz caquinha - deu uma gargalhada - Fazendo besteira desde a barriga - balançou a cabeça descrente de si própria.
Giovanna: E o Bernardo e o Lucas tia Mai?
Maite: Nasceram da barriga, porque eram dois e teve alguns probleminhas na hora de nascer. Eles estavam em uma posição meio errada, um dia eu te explico melhor.
Giovanna: E eu também nasci da barriga né?
Maite: Você nasceu da florzinha da sua mamãe. Ela foi muito corajosa. Eu não seria tão forte.
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Enquanto Houver Razões ❥
RomanceAté onde você deixaria tudo por amor? O que seria seu limite? Quantas noites de choro iria aguentar? Quantas datas importantes passaria sozinha? Quanto tempo suportaria a dor da solidão? Me pergunto se estou agindo errado, se devo acabar com tudo is...